O Garoto Mau Caiu - Livro I [EM REVISÃO]

Capítulo 4

Dia 04: Talvez um novo amigo.

Soltei o braço dele e me distanciei um pouco, ainda incerta sobre o que dizer. Na pressa, não havia planejado isso.

— Você me seguiu? — perguntou, Jason.

— Preciso esclarecer o que Lisa disse pra você. — murmurei, sem conseguir o encarar.

Minha vergonha era nítida.

— Agora não tenho tempo. — ele disse. — Vá embora! — Ordenou, quase que imediatamente, retornando ao lugar de onde veio.

Tentei o alcançar.

— Por favor... — pedi, segurando sua jaqueta. O Blake parou, me encarou e cruzou os braços. — Aquilo que ela disse não é...

Minha conversa foi inesperadamente interrompida pelo estrondo ensurdecedor de motos. Virei-me instintivamente para o lado, meus olhos se depararam com duas motos imponentes, rugindo enquanto rasgavam a pista. Elas levantavam uma nuvem de poeira que obscurecia a visão, mas mesmo através da cortina de terra, era possível perceber a intensa rivalidade entre os pilotos. Cada manobra, cada aceleração, cada curva, tudo indicava uma competição feroz e implacável.

— O que... o que é isso? — Eu balbuciei, completamente atônita.

— O paraíso. — Jason respondeu.

— Competidores, solicito que se posicionem na pista em 5 minutos. — A voz retumbante ecoou, emanando de um imenso telão.

— Droga! — Ele praguejou ao meu lado e saiu às pressas.

Observei Jason agarrar sua moto, encaixar o capacete e alinhar-se com outros onze competidores em uma formação ordenada. Eu estava completamente perdida, sem a menor ideia do que estava se desenrolando diante dos meus olhos, mas estava decidida a não sair dali até que tudo fosse esclarecido.

Antes que eu percebesse, já estava posicionada diante da moto de Jason, atraindo murmúrios curiosos da multidão ao redor. Ignorando-os, me perdi na sensação do vento acariciando meu cabelo e no olhar desconcertado de Jason fixo em mim.

— Ainda preciso falar com você. — Declarei em alto e bom som, garantindo que ele ouvisse.

— Mais tarde! — retrucou. — Saia daqui, estou mandando!

Me afastei da frente da moto, mas não com a intenção de ir embora. Acredito que ele pensou que eu estava me retirando, até que, para sua surpresa e a minha, subi na moto. Até eu mesma me perguntava o que estava fazendo.

— Você é doida? — perguntou, irritado. — Desce, agora!

— Estão todos prontos? — indagou o locutor.

Notei duas jovens empunhando bandeiras de xadrez em preto e branco, e um homem com uma pistola erguida. Um nó se formou em minha garganta quando a realidade se instalou - eu estava prestes a participar de uma corrida.