• T W E N T Y - S E V E N

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Samantha sentou na cama, olhando para a porta do guarda-fato dela.

O horário de escola havia acabado e ela voltou pra casa, os pais sentados na mesa de jantar, a espera dela. Era tão mau que Samantha não era capaz de saber o que eles diriam.

Foi quase surreal quando eles disseram-na que iam se separar.

Mas a parte surreal foram os olhares que eles se davam e tudo aquilo estava dando dores de cabeça a Samantha. Ela sabia que a mãe traiu de um jeito que dava direito ao pai de estar um tanto quanto zangado com ela mas os dois pareciam mortiferos.

Samantha encostou na cama devagar, fitando o tecto. Ela fazia padrões no tecto tal e qual aos que ela fazia em casa de John depois do sexo. Ela olhava pra cima e fazia figuras quaisquer na mente.

Samantha pensou que talvez as coisas seriam diferentes se ela não tivesse conhecido John.

Se ela não tivesse se apaixonado por John.

Se ela não tivesse aceitado ir para casa dele naquele dia.

Poderia ela se tornar nessa estranha que ela via no espelho? Poderiam os pais dela tornar-se tão distantes não só para ela mas também um com o outro? Poderiam eles se divorciam? Poderia ela conhecer Dylan?

O que seria ela se nunca tivesse ido a casa de John?

Quem seria ela?

E Samantha tinha a resposta certa para isso.

Melhor.

                                  》》》

— Ora, você parece para baixo, — Dylan disse enquanto Samantha retocava a maquiagem no espelho do banheiro.

Uma menina que estava secando as mãos olhou pra Dylan, olhos arregalados. Ele acenou para ela e ela saiu do compartimento como se estivesse com o rabo em chamas.

— Eu estou para baixo. — Samantha disse, percebendo que por mais maquiagem que pusesse, as olheiras estariam a mostra de qualquer jeito.

— Posso saber o porquê? — Ele perguntou.

Samantha devolveu a maquiagem para a necessaire e olhou-se, por detrás das camadas de maquiagem vendo a menina completamente destroçada e deprimida.

— O que você pensa de mim? — Samantha perguntou.

— Isso de novo? — Dylan franziu a testa.

— Não, — Samantha disse, olhando para ele pelo espelho. — À sério. O que você pensa de mim? Quando você me olha... o que você vê?

Dylan suspirou. — Uma menina.

Samantha fechou a bolsa e virou-se, passando por ele. — Bem, se você não quer ajudar-

— Tudo bem, tudo bem! — Dylan pegou os ombros dela, virando-a então eles estavam frente a frente. — Eu, eu vejo uma menina que...

Dylan parou e olhou para os olhos de Samantha, engolindo a seco. — Eu vejo uma menina que eu acho que ela não tem noção do quão incrível ela é.

Samantha piscou. — O quê?

— Quando eu te olho, eu vejo uma menina incrível que se esconde atrás de uma mini-saia e uma camada grossa de maquiagem.

— Pare de brincar comigo. — Samantha sussurrou, desviando o olhar.

— Eu não estou brincando, — Dylan disse, quase se sentindo desesperado. — Não estou mesmo. Quando eu te vejo... eu vejo... eu vejo uma garota perdida e de coração partido.

— Pare-

— E ela tem o coração partido que ela nem percebeu no quê ela se tornou.

— Dylan-

— Eu não acho que ela saiba o quão bonita ela é.

— Isso não é engraçado!

— Eu não acho que ela entenda o quão forte ela realmente é. O quão forte ela sempre foi.

— Pare!

— E eu não acho que alguma vez será capaz de aceitar o quão brilhante ela é.

Os olhos de Samantha encheram-se de lágrimas enquanto ela olhava para Dylan.

— Porquê você diria essas coisas? — Ela perguntou, abanando a cabeça. — O que você ganha dizendo isso?

— Nem todo o mundo tem que ter algo a ganhar, Samantha, — e Dylan disse. — Eu só falei a verdade-

— Jesus, Dylan, chega! — Samantha olhou para cima para evitar piscar assim as lágrimas não caiam. — Desde quando você pensa assim?

— Desde quando te conheci.

— Dylan, — Samantha disse. — Eu não quero ser o teu voto de pena.

— E você não é. — Ele disse. — Eu te levei naquele encontro porque você era... você.

Eu te notei porque você era... você.

A voz de John ecoava na mente e ela cambaleou para trás, olhando em volta. — O que é tão bom em ser eu afinal, hein? Porque é que vocês parecem gostar de mim por eu ser eu. Eu sou naturalmente vadia o suficiente para todos vocês? Sou assim tão boa em ser uma puta? Eu pareço tão fácil que isso agora é classificado como parte da minha personalidade? Hein, Dylan? Você pode responder isso? Pode a porra de uma pessoa me dizer porquê raios é tão bom ser a Samantha Waller? Porque, sabe que mais, não é tão bom quanto todo o mundo pensa!

Samantha passou por Dylan e saiu do banheiro feminino.

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