CAPÍTULO I - DO ME A FAVOR, AND BREAK MY NOSE

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Era um sábado frio e nublado, o auditório se encontrava lotado e pra onde quer que se olhasse você encontraria adolescentes confusos com a convocação de última hora feita pela diretora. Aquela deveria ser só mais uma manhã de Setembro, mas não era, a fatalidade que quase ocasionou a morte de um dos alunos do colégio havia comovido até mesmo aqueles que não possuíam nenhuma ligação direta com o rapaz. Muitos ali mal haviam digerido os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas.

Divididos em pequenos grupos entre as cadeiras de estofado vermelho do lugar os jovens cochichavam, tentando entender o que havia acontecido. Encolhida entre Kevin e Joshua estava Eleanor, a garota mal havia falado uma palavra desde que chegara no local, distraída demais com os comentários dos alunos ao seu redor, a noite mal dormida contribuindo para a sua apatia. Ouviu um grupo de garotas na fileira de trás se lamentando por algo assim ter ocorrido com um menino tão bonito quanto Anson e que Florence deveria ter sido presa. Instantaneamente ela sentiu raiva, estavam julgando seus amigos sem sequer conhecê-los direito e se não estivesse tão ocupada tentando domar seus pensamentos ela teria se intrometido na conversa.

Não demorou muito para que Martha Porsche, diretora da escola, se posicionasse em frente ao pedestal do microfone que se encontrava no centro do palco. Junto a ela haviam rostos não tão conhecidos pelos jovens, eram oficiais da polícia. Rapidamente a presença do pequeno grupo foi percebida e gradativamente o barulho foi cessado por completo no auditório, dando assim a brecha para que a diretora começasse a discursar.

⎼ Boa tarde. ⎼ saudou sendo em seguida interrompida por uma breve microfonia extremamente aguda. ⎼ Bom, vocês devem estar se perguntando porque os convoquei aqui em seu primeiro dia de férias, mas creio também que a maioria presenciou o acidente ocorrido em nossa escola na noite de ontem. ⎼ A rápida lembrança do incidente fez com que os cochichos retornassem momentaneamente, mas a diretora prosseguiu sem esperança alguma de interrompê-los - Oficial Raginhard, passo a palavra para o senhor. ⎼ completou entregando o microfone para o senhor grisalho a sua direita, retirando-o do pedestal.

O silêncio retornou ao auditório no momento em que o homem foi mencionado. Todos que ali estavam sabiam que não se tratava apenas de um oficial da polícia, mas também do pai do garoto que havia sido baleado na noite passada. A expressão exausta e a barba que começava a pontilhar seu rosto entregavam que naquele momento George era muito mais pai do que policial. Após direcionar o olhar uma última vez para aqueles que reconhecia como amigos de seu filho, ele vestiu seu papel de policial, ajeitando a sua postura e prosseguiu com a fala de Martha.

⎼ Como vocês já devem imaginar está ocorrendo uma investigação sobre o acidente de ontem. Por motivos óbvios eu não irei participar da investigação, porém, enquanto o novo encarregado não chega em nossa cidade é de minha responsabilidade notificá-los de que todos que possuem algum laço com essa instituição serão interrogados durante a próxima semana, começando na segunda-feira, portanto não devem se ausentar desta cidade durante este período. ⎼ O homem disse brevemente apressado em se retirar daquele ambiente.

Os cochichos após o fim da fala do oficial se tornam extremamente altos a ponto de Martha não ser ouvida com clareza quando se aproximou novamente do microfone para questionar se os jovens possuíam alguma dúvida. No meio dos comentários foi possível ouvir um grito vindo das últimas fileiras do auditório. Um garoto de cabelos loiros em comprimento médio erguia uma das mãos e a sacudia buscando a atenção daqueles que estavam sobre o palco.

⎼ Diretora, tenho uma viagem marcada. O que acontece se eu não vir? ⎼ Os adolescentes haviam parado de falar alto e agora encaravam o menino de pé em meio a multidão olhando para Martha com uma expressão de impaciência.

A diretora estava prestes a responder quando um dos policiais, o mais assustador de todos, com uns dois metros de altura e a cara fechada, pediu o microfone a mulher para responder a pergunta.

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