CAPÍTULO VI - DO IT FOR ME

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*AVISO DE CONTEÚDO EXPLÍCITO*

5 dias atrás

"Florence nunca estivera tão nervosa, seu estômago revirava e as mãos frias e suadas tremiam enquanto a garota repassava o roteiro pela última vez. Recordava-se dos inúmeros ensaios na esperança de que isso a fizesse entender que sim, estava preparada para o grande dia. Esse seria o seu primeiro papel principal em uma das peças da escola e o medo de errar alguma de suas falas ou cair no palco era imenso.

A sua volta podia ver adolescentes correndo de um lado paro outro em seus figurinos extravagantes repletos de franjas e penas, típicos dos anos vinte, enquanto Vivian Forbes, a professora de teatro, gritava as suas últimas recomendações, nervosa com a apresentação de uma obra de sua autoria. Respirou fundo enquanto tentava tomar para si a confiança que Amelie Lacroix, sua personagem, possuía ao subir nos palcos.

— Sou eu que levo o tiro e você quem fica nervosa Florence? — Anson brincou, fazendo um carinho no ombro da amiga que soprou o ar nervosa, saindo de seu transe quando ele a tocou.

— Essa é a pior parte. — comentou nervosa fazendo-o sorrir.

— Pensa que você vai poder se vingar por todas as vezes que eu te fiz assistir Senhor dos Anéis — disse e a amiga riu agradecida por tê-lo por perto. Anson parecia ter o poder de sempre fazer com as pessoas se acalmassem, mesmo quando ele mesmo estava um caos e ela se sentia grata por ter o garoto por perto."

Você pode me explicar como estavam planejando encenar a cena do tiro? — perguntou o detetive, seus olhos atentos sempre sobre a garota porém dando a ela o tempo necessário para que relatasse a história no seu tempo e a sua maneira. Florence suspirou, sentindo seu peito apertar e os olhos marejarem com a lembrança ainda latente da última conversa que havia tido com seu amigo.

Ela pigarreou nervosa, havia passado a noite em claro tentando escolher as palavras certas para o seu monólogo, não esperava que o detetive a interrompesse enquanto se explicava, aquilo só tornaria a organização de seus pensamentos e lembranças mais complicada.

Como eu disse ao senhor Raginhard, já tínhamos ensaiado essa cena antes. Várias vezes. — acrescentou — Tínhamos duas marcações no chão que asseguravam que a distância seria segura mesmo se algo desse errado. Não era pra arma estar carregada senhor... — Florence disse, sentindo as lágrimas se formarem no canto dos olhos e uma angústia subir pela sua garganta. Mantinha a cabeça baixa, evitando fazer contato visual com o homem à sua frente mas ainda assim podia sentir o olhar do detetive e da psicóloga sobre si.

Florence minha querida, sabemos que isso é difícil pra você, mas precisamos que se esforce. — a voz calma da psicóloga falou, e estranhamente o tom doce da mulher fez com que ela se sentisse um pouco melhor, na medida do possível.

Você se lembra de alguém incomum ou suspeito andando na coxia naquela noite Florence? — o detetive questionou.

É meio difícil de dizer, tinha tanta gente lá — respondeu com um pouco mais de calma buscando apoio ao desviar o olhar para Dora, que assentiu a incentivando a prosseguir — Muitas pessoas estavam com seus namorados e amigos mas eu estava nervosa demais tentando me certificar de que havia decorado as minhas falas para conseguir lembrar o rosto de qualquer um deles. Me desculpe detetive. — relatou voltando o olhar para baixo, de certa forma se sentia decepcionada pela sua incapacidade de se recordar.

Alguma amiga, ou talvez amigo foi ver o Anson? — o ruivo questionou fazendo com que ela franzisse o cenho tentando se lembrar de algo que efetivamente ajudasse no interrogatório, mas a única coisa que a garota conseguia lembrar daquele dia era o barulho ensurdecedor da arma e a expressão confusa no rosto do amigo quando foi atingido, e por isso apenas negou.

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