Capítulo IV - Casa?

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Casa. Após percorrer por um certo trecho, Annie chega, enfim, na casa de Slartbartfast. Por sorte dela, Fast ainda não havia notado sua presença. Se escondendo por trás das pequenas árvores do quintal de Fast, Annie conseguiu entrar. Ao olhar para frente, para o lado, para cima, para qualquer lugar que pudesse, via apenas coisas inacreditáveis. Gatos ou cachorros? Para quê, se você pode ter animais nunca vistos nesse planeta?

Laboratório. Estando lá, você diria, facilmente, que estava dentro de um laboratório gigante, não em uma casa. Annie andava com todo cuidado, com medo de tropeçar em algumas daquelas pequenas criaturas curiosas que ela nunca tinha visto. Passo por passo, fazendo o mínimo de barulho possível, explorava aquele mundo quase irreal. Nada daquilo parecia real. Coisas contra as leis da física, tudo de mais louco que você possa imaginar. Nada que já tenha visto.

"Pleft!". Annie derruba uma plantinha meio falante no chão.
– Ei! Sua terráquea! Olha por onde anda!
  Annie ficou paralisada. Na altura que aquela planta gritou, até do outro lado daquela casa-laboratório uma pessoa normal poderia ouvir.
– Quem é? - pergunta Slartbartfast.
– M-me desculpa! Por favor! Eu não vim roubar nada, eu juro, e... e... eu só vim... pra... eu...
– Ah, cara aluna, eu já sei por que veio. Eu tinha certeza que viria!
– Como você já tinha certeza disso...?
– Eu acho que será mais fácil você entender se eu explicar, primeiro, quem eu sou. E é isso que quer saber, não é?
– Bem... sim.
– Meu nome real não é Slartbartfast.
– É qual então?
– Slartibartfast, com i.
– É sério isso?
– Sim! Todos me reconheceriam se eu não mudasse meu nome!
– Ah, mas não reconheceriam MESMO! Pode ter certeza que ninguém nunca ouviu falar em nenhum 'Slartibartfast'.
– Você já leu o Guia do Mochileiro das Galáxias?
– Lógico, é meu livro favorito... Para de mudar de assunto!
– Você não se lembra de Slartibartfast, o personagem?
– Lembro. Por quê? Seus pais se inspiraram no nome dele quando resolveram te registrar?
– Nada disso. Eu sou ele.
– HAHAHA! Suas piadas são muito engraçadas, "Dr. Fast".
– Isso não é uma piada, Annie.
– Professor, eu estava realmente te achando muito estranho, mas não pensei que seria tão estranho a esse ponto, sinceramente! É impossível que você seja ele, aquilo é tudo ficção, a Terra não foi destruída em nenhum momento pra você ficar responsável pela reconstrução da África na Terra II e querer fazer ela como a Noruega, além do que até hoje ninguém nunca atravessou o espaço-tempo.
– Quem disse que estamos falando do passado? O livro fala de fatos futuros! Meu amigo escreveu e eu o trouxe para a Terra no passado, pensando que vocês, terráqueos, teriam uma capacidade cognitiva suficiente para perceber o quão real isso tudo é.
– Eu não acredito. Não há provas.
– E é exatamente isso que quer buscar, certo? Provas!
– Se isso é real, deve haver provas.
– Tome isso.
– O que eu vou fazer com um peixinho?
– Coloque no ouvido, assim como Arthur Dent.
– Espera aí, você quer dizer que esse peixe é tipo aquele que o Ford deu pro Arthur no livro, que o fazia entender todos os idiomas reconhecidos (e irreconhecidos)?
– Exatamente. Vamos nos encontrar com eles, Trillian vai ficar feliz de ter uma fêmea humana pra conversar.
– Espera, não posso confiar em você assim!
– Terráqueos... sempre complicados.
– OK! EU VOU.
– Certeza?
– Sim.
– O peixe vai te causar um pouco de dor de ouvido, mas acredito que você também vá sentir um enjoo, já que é a primeira vez que você vai atravessar a barreira do espaço-tempo. Mas fique tranquila, isso é normal. Vamos para a cabine telefônica.
– Pegou emprestado do Dr. Who?
– Aham, conheci ele em uma das minhas viagens e achei legal como ela é bem mais compacta que minha nave antiga. Fiz uma igual.
– Hm. Interessante.

Espaço-tempo. Annie e Fast vão em direção à cabine telefônica. Era idêntica à nave do Dr. Who, nada de muito diferente. Só a cor da cabine, que era preta. Preto combinava mais com a capa de Slartibartfast do que o azul. Assim, caso ele se encontrasse com Dr. Who, não confundiriam suas nave-cabines. Dentro da nave haviam diversos mecanismos, e Slartibartfast foi direto ao conversor de espaço-tempo.
– Segure-se firme e prepare-se para atravessar uma barreira que jamais imaginou que atravessaria!
– Ok, estou mais preparada que nunca.

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