Leandro mostrou toda a clínica, ele era muito bom explicando as coisas, tinha um ótimo humor e era o tipo de pessoa que Mateus gostava de estar perto, após andarem juntos estavam conversando como bons amigos.
- É isso... Só falta mais uma coisa. -Leandro começou a assobiar e bater palma, de repente um pássaro chegou voando rápido e pousou no ombro dele.
- Oi papa! -disse o pássaro, ele tinha um topete grande, era preto com a cara branca.
- Oi filho! -Leandro fez carinho na cabeça dele. - Esse é o Fred, minha calopsita, eu tenho ele a muitos anos, é muito obediente, mas não é bom deixar ele perto de outros animais.
- Você o treinou para fazer isso?
- Sim, ele ouvia muito eu cumprimentar meu pai quando ele ainda era vivo e acabou aprendendo a falar.
- Sinto muito por seu pai.
- Tudo bem... É só isso, vou me preparar para as duas últimas consultas de hoje, você quer olhar o cavalo? Estou com medo dele não resistir, Coliseu já é um pouco velho, vai ser bom ele ter cuidado redobrado.
- Claro, vou pegar algumas coisas e ver ele.
- Boa sorte!
Leandro bateu na mão de Mateus e saiu, ambos passaram a tarde ocupados, assim que anoiteceu Ju os chamou na recepção.
- Amanhã Leandro vai visitar algumas fazendas, enquanto isso Mateus vai cuidar das consultas, será um dia cheio. -disse enquanto olhava um caderno. - Lana levou sua gata para casa e o Coliseu como está?
- Estável, hoje comeu um pouco mais, mas ainda me preocupo por causa da idade. -Leandro sentou em uma poltrona no canto.
- Certo rapazes, por hoje é só, amanhã quero os dois cedo aqui, boa noite.
- Sim senhora!
Ju saiu, Mateus foi atrás em direção ao ponto de ônibus, ele estava animado com o novo trabalho, ao sentar no banco de ferro Leandro passou de moto e parou quando o viu.
- Vai de ônibus? -perguntou levantando.
- Sim.
- Não vai! -Leandro abriu o banco da moto e pegou outro capacete. - Vem, te dou uma carona, também moro na cidade.
- Não vai incomodar?
- Claro que não, vamos!
- Fred?! -Mateus riu vendo o pássaro em uma pequena gaiola, usando capacete. - Ele anda de moto?
- Sim, não queria deixar ele sozinho em casa, então fiz essa gaiola para andar com ele.
- Que engraçado. -Mateus subiu na moto e segurou na jaqueta de Leandro.
- Está com medo de mim?
- Não.
- Então pode se segurar na minha cintura.
- Desculpa, nunca andei de moto... -Leandro riu.
- Não acredito, nesse caso vou mais devagar.
Ao contrário do que ele disse, Leandro acelerou com a moto indo no máximo da velocidade que era permitida na estrada, Mateus imediatamente se agarrou nele e fechou os olhos.
- Ei, isso não é devagar! -reclamou segurando ele cada vez mais forte.
- Desculpe, agora vou ter que ir devagar.
Eles passaram por uma estrada de terra, quando chovia não dava para passar por lá de moto e nem de carro, alguns minutos depois se aproximaram da cidade, Mateus guiou Leandro por algumas ruas até chegar em uma casa de dois andares sem garagem.
- Eu moro aqui.
- Legal, eu moro no prédio marrom que fica a duas ruas daqui.
- Nossa, não acredito que nunca nos vimos antes. -Mateus entregou o capacete e Leandro o guardou.
- Pode pegar carona sempre comigo e o Fred, amanhã posso passar aqui?
- Vai me poupar de esperar o ônibus, obrigado, depois pago a gasolina.
- Relaxa, tenho que passar por aqui de qualquer jeito e estou feliz que agora vai trabalhar lá. -de repente Leandro abraçou Mateus que ficou vermelho.
- Você parece um grande urso pardo. -afirmou tentando respirar enquanto era sufocado no abraço.
- Sou um ursinho carinhoso. -Leandro o soltou, fez um sinal de coração com as mãos e subiu na moto. - Até amanhã Mateus!
- Boa noite.
Ele foi embora e Mateus entrou em casa, sorrindo, mas assim que passou da porta seu sorriso sumiu, na casa haviam muitas lembranças de seu ex relacionamento e ele odiava aquilo, não amava mais aquela pessoa, mas se sentia mal por não ter mais ninguém por perto, era solitário entrar, ele comeu e foi deitar, de repente riu lembrando que o outro veterinário quase o sufocou em um abraço duas vezes.
- Ele parece um urso...
Na manhã seguinte Mateus ficou esperando no portão, logo Leandro chegou, sempre sorridente e simpático.
- Bom dia Mateus, como passou a noite?
- Bom dia, bem e você?
- Ótimo, fiz uma ótima lasanha!
- Então você ficou forte desse jeito comendo lasanha?! -perguntou se sentindo magricelo perto de Leandro.
- Sim e se exercitar durante a semana! -afirmou vitorioso passando a mão na barriga definida.
- Queria ser fortão! -Mateus colocou o capacete e subiu na moto.
- Não é tão legal, as pessoas acham que eu sou violento por causa da minha aparência, ai eu tenho que mostrar que sou um amorzinho.
- Em nenhum momento te achei violento, pelo contrário. -afirmou rindo.
- Obrigado pela parte que me toca, podemos ir?
- Sim!
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Meu Ursão!
DiversosApós o trágico fim de seu noivado, Mateus decide aceitar um trabalho longe da cidade grande em uma clínica veterinária que tratava os animais das fazendas locais, indo para lá Mateus tinha esperança de encontrar um pouco de paz e esquecer seu último...