Abraço de urso. (2)

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  Leandro mostrou toda a clínica, ele era muito bom explicando as coisas, tinha um ótimo humor e era o tipo de pessoa que Mateus gostava de estar perto, após andarem juntos estavam conversando como bons amigos.

- É isso... Só falta mais uma coisa. -Leandro começou a assobiar e bater palma, de repente um pássaro chegou voando rápido e pousou no ombro dele.

- Oi papa! -disse o pássaro, ele tinha um topete grande, era preto com a cara branca.

- Oi filho! -Leandro fez carinho na cabeça dele. - Esse é o Fred, minha calopsita, eu tenho ele a muitos anos, é muito obediente, mas não é bom deixar ele perto de outros animais.

- Você o treinou para fazer isso?

- Sim, ele ouvia muito eu cumprimentar meu pai quando ele ainda era vivo e acabou aprendendo a falar.

- Sinto muito por seu pai.

- Tudo bem... É só isso, vou me preparar para as duas últimas consultas de hoje, você quer olhar o cavalo? Estou com medo dele não resistir, Coliseu já é um pouco velho, vai ser bom ele ter cuidado redobrado.

- Claro, vou pegar algumas coisas e ver ele.

- Boa sorte!

  Leandro bateu na mão de Mateus e saiu, ambos passaram a tarde ocupados, assim que anoiteceu Ju os chamou na recepção.

- Amanhã Leandro vai visitar algumas fazendas, enquanto isso Mateus vai cuidar das consultas, será um dia cheio. -disse enquanto olhava um caderno. - Lana levou sua gata para casa e o Coliseu como está?

- Estável, hoje comeu um pouco mais, mas ainda me preocupo por causa da idade. -Leandro sentou em uma poltrona no canto.

- Certo rapazes, por hoje é só, amanhã quero os dois cedo aqui, boa noite.

- Sim senhora!

  Ju saiu, Mateus foi atrás em direção ao ponto de ônibus, ele estava animado com o novo trabalho, ao sentar no banco de ferro Leandro passou de moto e parou quando o viu.

- Vai de ônibus? -perguntou levantando.

- Sim.

- Não vai! -Leandro abriu o banco da moto e pegou outro capacete. - Vem, te dou uma carona, também moro na cidade.

- Não vai incomodar?

- Claro que não, vamos!

- Fred?! -Mateus riu vendo o pássaro em uma pequena gaiola, usando capacete. - Ele anda de moto?

- Sim, não queria deixar ele sozinho em casa, então fiz essa gaiola para andar com ele.

- Que engraçado. -Mateus subiu na moto e segurou na jaqueta de Leandro.

- Está com medo de mim?

- Não.

- Então pode se segurar na minha cintura.

- Desculpa, nunca andei de moto... -Leandro riu.

- Não acredito, nesse caso vou mais devagar.

  Ao contrário do que ele disse, Leandro acelerou com a moto indo no máximo da velocidade que era permitida na estrada, Mateus imediatamente se agarrou nele e fechou os olhos.

- Ei, isso não é devagar! -reclamou segurando ele cada vez mais forte.

- Desculpe, agora vou ter que ir devagar.

  Eles passaram por uma estrada de terra, quando chovia não dava para passar por lá de moto e nem de carro, alguns minutos depois se aproximaram da cidade, Mateus guiou Leandro por algumas ruas até chegar em uma casa de dois andares sem garagem.

- Eu moro aqui.

- Legal, eu moro no prédio marrom que fica a duas ruas daqui.

- Nossa, não acredito que nunca nos vimos antes. -Mateus entregou o capacete e Leandro o guardou.

- Pode pegar carona sempre comigo e o Fred, amanhã posso passar aqui?

- Vai me poupar de esperar o ônibus, obrigado, depois pago a gasolina.

- Relaxa, tenho que passar por aqui de qualquer jeito e estou feliz que agora vai trabalhar lá. -de repente Leandro abraçou Mateus que ficou vermelho.

- Você parece um grande urso pardo. -afirmou tentando respirar enquanto era sufocado no abraço.

- Sou um ursinho carinhoso. -Leandro o soltou, fez um sinal de coração com as mãos e subiu na moto. - Até amanhã Mateus!

- Boa noite.

  Ele foi embora e Mateus entrou em casa, sorrindo, mas assim que passou da porta seu sorriso sumiu, na casa haviam muitas lembranças de seu ex relacionamento e ele odiava aquilo, não amava mais aquela pessoa, mas se sentia mal por não ter mais ninguém por perto, era solitário entrar, ele comeu e foi deitar, de repente riu lembrando que o outro veterinário quase o sufocou em um abraço duas vezes.

- Ele parece um urso...

  Na manhã seguinte Mateus ficou esperando no portão, logo Leandro chegou, sempre sorridente e simpático.

- Bom dia Mateus, como passou a noite?

- Bom dia, bem e você?

- Ótimo, fiz uma ótima lasanha!

- Então você ficou forte desse jeito comendo lasanha?! -perguntou se sentindo magricelo perto de Leandro.

- Sim e se exercitar durante a semana! -afirmou vitorioso passando a mão na barriga definida.

- Queria ser fortão! -Mateus colocou o capacete e subiu na moto.

- Não é tão legal, as pessoas acham que eu sou violento por causa da minha aparência, ai eu tenho que mostrar que sou um amorzinho.

- Em nenhum momento te achei violento, pelo contrário. -afirmou rindo.

- Obrigado pela parte que me toca, podemos ir?

- Sim!

Meu Ursão! Onde histórias criam vida. Descubra agora