Um lugar para esquecer. (1)

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   "Não acredito no que aconteceu." Pensava Mateus encarando a paisagem verde pela janela do carro, ele respirou fundo, estava triste pelas coisas que se passaram, os olhos castanho transmitiam esse sentimento, seu cabelo era preto cortado em degradê, usava barba rala e óculos quadrado, Mateus era alto e de corpo magro sem exagero, ele nunca se considerou bonito, mas também não se importava com isso, sua alto estima acabou caindo ainda mais após o término de seu noivado, só lhe restava saúde e um emprego.

  O carro estacionou em frente uma clínica veterinária, Mateus desceu e uma senhora que estava na frente foi até ele, ela tinha o cabelo branco e longo, apesar de já ter muitos anos de vida sua aparência era jovial, usava roupas despojadas e tinha um sorriso bonito e largo.

- Está pronto mocinho? -perguntou sorrindo e com uma voz suave.

- Sim, obrigado Ju. -Mateus sorriu e encarou o lugar.

- Vou lhe apresentar o Leandro, é o outro veterinário, ele deve estar no celeiro cuidando de um cavalo doente que chegou ontem. -disse indo em direção a outra construção ao lado da clínica que era bem maior do que Mateus imaginava para um lugar com poucos funcionários.

- Então somos apenas dois veterinários?

- Sim, tinha a Diana também, mas ela acabou indo embora após o senhor Evandro morrer, não se preocupe, geralmente não temos muitas emergências, se precisarmos a equipe do Kleber vem nos ajudar, de resto são apenas consultas de rotina dos animais das fazendas. -explicou enquanto abria a porta do celeiro.

- Certo, espero me adaptar bem...

- Ju!!! -gritou a voz de um homem, ela era grossa porém transmitia muito desespero. - Graças a Deus chegou, preciso alimentar a gata da senhora Lana...

  Um homem muito alto, cabelo ondulado castanho claro batendo no ombro, barba sem corte, musculoso e de ombros largos saiu sem camisa, usando apenas um calção azul, luvas laranja e segurando um balde grande, enquanto o suor escorria pelo peitoral definido, Mateus ficou surpreso e o encarou paralisado, mais ainda ao olhar no fundo de seus olhos castanho misteriosos e belos.

- Perdão, o Coliseu me empurrou no vômito e tive que tirar a blusa. -ele sorriu tentando parecer simpático.

- Você está bem Leandro? -perguntou Ju.

- Sim, ele está sem forças para machucar alguém, quem é? -Leandro encarou Mateus e deu um sorriso largo.

- É o Mateus, novo veterinário, vai te ajudar na clínica.

- Graças a Deus, eu pensei que ia ficar maluco cuidando de tudo sozinho. -afirmou respirando aliviado. - Sou Leandro, prazer conhecê-lo, eu apertaria sua mão, mas estou sujo.

- O prazer é meu... -"Ele parece um urso..." Mateus se sentiu desconfortável perto de Leandro, ele era um homem grande mas muito simpático, com um sorriso gentil e amigável.

- Vou colocar comida para a gata da Lana, vá se lavar e mostrar para o Mateus o resto, rápido, tem consulta marcada para daqui uma hora. -disse Ju pegando um par de luvas em uma caixa na entrada.

- Sim senhora! -Leandro deixou o balde em um canto. - Vamos Mateus tenho muito o que mostrar.

- Ok.

- Aqui é um ótimo lugar, depois de um tempo vai fazendo amizade com os donos das fazendas e com o bichos também, tem quantos anos?

- Vinte e seis.

- É dois anos mais velho que eu, então já deve ter mais experiência. -Leandro o encarou e piscou para Mateus que ficou sem graça.

- Trabalha aqui a muito tempo?

- Vai fazer dois anos, me formei a pouco tempo, é meu primeiro emprego na área, a senhora Ju e os antigos veterinários daqui me ajudaram muito. -eles entraram em uma cozinha. - Aqui é nossa "casa." -afirmou fazendo sinal de aspas com a mão.

- Casa?

- Às vezes não conseguimos voltar para casa, tem a cozinha, dois quartos e o banheiro aqui para ficarmos quando acontecer, eu gosto é mais espaçoso que meu apartamento! -Leandro riu e foi em direção ao banheiro. - Em cinco minutos eu saiu, talvez dez.

  Mateus olhou em volta, o lugar era confortável e bem organizado, Ju já havia dito que ele precisaria dormir lá algumas vezes, o que não era problema, já que o objetivo de mudar seu local de trabalho era justamente para ficar mais ocupado e tentar esquecer o que aconteceu. Após alguns minutos Leandro saiu vestido.

- Agora podemos nos cumprimentar. -Mateus sorriu e estendeu a mão, Leandro riu e o abraçou forte, tirando o homem do chão e quase o fazendo perder o fôlego. - Você é bem forte. -ele sentia que suas costelas haviam saído do lugar com o abraço de urso.

- Gosto de abraçar, nós vamos passar a maior parte do dia juntos, então é importante nós darmos bem, certo?

- Sim! -respondeu mais animado.

- Vou lhe mostrar o resto da clínica.

Meu Ursão! Onde histórias criam vida. Descubra agora