Eram exatas 07h:20 quando os olhos do Sr. Park se abriram, inspirando fundo o cheiro de seu filho, sentindo-o mais fraco do que de costume. Esperou em silenciou sua audição avançada capturar qualquer barulho. Nada. O alfa se levantou e caminhou até o quarto ômega, sua destra empurrou a porta já semiaberta e ele fitou o quarto vazio sendo invadido pelas luzes do Sol que adentravam sua janela. Jimin não costumava abrí-las tão cedo, pois o ômega sentia frio.
Park Bon-Hwa saiu de sua cabana, cumprimentando poucos alfas que passavam por ali. A vila estava praticamente vazia, seria fácil encontrar Jimin por ali. Caminhou até a área de cultivo, era lá onde os ômega costumavam trabalhar. Nada do menor. Foi então que avistou o ômega de cabelos azuis, cantarolando algo quase inaudível e carregando consigo uma cesta com poucos frutos.
— Bom dia, Kim. — viu o outro paralisar a sua frente.
— S-senhor Park? O q-que o s-senhor faz aqui? — Taehyung se encolheu, era sempre assim quando falava com o pai de Jimin, o que para sua sorte, acontecia raramente.
— Estou procurando meu filho. Não consigo achá-lo em lugar nenhum. Você o viu? — observou o Kim arregalar os olhos.
Park não seria louco de ir à floresta sozinho, seria?
O alfa o encarou desconfiado.
Sim, ele seria.
— O-olha, Senhor Park eu juro que não concordei com que ele fizesse aquilo. — o mais velho franziu o cenho. — Eu disse a ele que contaria a você...
O Kim suspirou, percebendo não estar mais gaguejando.
— Diga logo. — bradou calmo.
— Ele foi à floresta.
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Jimin tentou abrir seus olhos, sendo invadido pela luz e assim piscando algumas vezes para tentar se acostumar com a claridade. Sentiu suas mãos entrarem em contato com algo macio. Quando conseguiu acordar por completo, observou o local desconhecido por si. Ele estava em um quarto. Não era muito diferente do seu. Haviam alguns móveis feitos de madeira ali, assim como todas as paredes. Avistou uma janela, que iluminava todo o cômodo. O cheiro de menta novamente invadiu suas narinas, o deixando atordoado. Logo Park arregalou os olhos ao lembrar a quem aquele cheiro pertencia. Ele precisava fugir, e rápido.
Desceu da cama aconchegante em que se encontrava, correndo até a janela, mas entrou em desespero ao ver a altura. Estaria a pelo menos dois metros e meio do chão. Ele juntou todas as suas forças e subiu, ficando sentado. Respirou fundo, fechando os olhos e tomando coragem.
Passos. O cheiro estava ficando mais forte. Park se desequilibrou, seu corpo inclinou-se para frente numa velocidade absurda e ele gritou ao sentir mãos grandes e fortes agarrando sua cintura, o trazendo de volta ao chão. Jimin não teve coragem de olhar o homem que ainda o segurava, agora afrouxando o aperto. E por fim a voz calma e acolhedora.
— Você está bem, ômega?
O corpo de Park se arrepiou por motivos desconhecidos por ele.
— Por favor, não me machuque. — pediu, escondendo o rosto entre as mãos. — Eu sou novo demais pra morrer. E meu pai está me esperando em casa. — dizia tudo rápido, desesperado. — Se eu morrer eu vou deixar ele sozinho e eu... — foi interrompido.
— Eu não sei que tipo de coisas te disseram sobre mim, mas está tudo bem. — sentiu os dedos do maior em contato com seus fios, fazendo um carinho ali. — Eu não vou machucar você.
O de cabelos rosados retirou as mãos do rosto, fitando as orbes escuras, o rosto jovem e boca fina do rapaz ali. Ele não parecia assustador.
A mão livre do alfa tocou a parte lateral de sua cabeça e Jimin gruniu, sentindo o local latejar.
— Dói? — ele assentiu. — Pelo menos o sangramento já parou. — o alfa sorriu acolhedor.
— Sangramento? — Jimin fez uma careta, vendo o outro concordar. — O que aconteceu?
— Você bateu sua cabeça muito forte. Sorte a sua que eu estava lá na hora que aquele alfa tentou te atacar. Seus pais não lhe ensinaram sobre não andar sozinho pela floresta?
Respondeu um baixo "Sim" ao lembrar que sua mãe sempre o alertava sobre, e seu pai... Droga! Seu pai.
— Eu preciso voltar! — Jimin se levantou, assustando o alfa que fez o mesmo. — Papai deve estar furioso. — murmurou.
— Você não pode voltar agora.
Por um momento o Park podia jurar ver aquelas orbes escarlates assumirem aqueles olhos outra vez.
— Por que não? — o ômega pressionou os lábios.
— O Sol está se pondo. —o maior suspirou. — Eu não posso andar com você por ai. É perigoso. Ainda mais em tempo de caça.
— Mas hoje é o primeiro dia... — Jimin encarou o alfa — Por quanto tempo eu dormi?
— Três semanas.
O ômega arregalou os olhos.
— T-três semanas? — o outro concordou.
— Meu pai. Céus! Eu não devia ter saído!
— Você disse a mesma coisa da última vez. — o alfa revirou os olhos, recebendo um olhar confuso. — Você não sobreviveria três semanas sem comer. Eu te alimentei, mesmo você não estando totalmente consciente. — explicou, dando de ombros. — Você murmurou coisas sobre seu pai e um tal de Taehyung, dizendo que eles te dariam muitas broncas e que Taehyung bateria em você.
Jimin estava prestes a questionar quando ouviu o som de seu estômago clamando por comida. Suas bochechas assumiram um tom avermelhado, e suas mãos voltaram a cobrir seu rosto.
Park fitou o prato a sua frente com um tipo de carne que não sabia identificar, junto a um punhado de arroz e alguns tomates. Sentiu seu estômago roncar novamente e não demorou para que comesse.
O alfa observava o de cabelos rosados se saborear com a comida, sentindo seu lobo agora mais calmo.
Por algum motivo ele tinha estado agitado nas últimas semanas, e quando acabou perdendo o controle de seu lobo, só o conseguiu recuperar quando sentiu o cheiro de morangos com chatilly, que observava as flores naquele primeiro dia de primavera. Quando percebeu que o pequeno ômega o fitava assustado, se escondeu dentre as árvores, sem deixar de observá-lo, perguntando-se o porquê de seu lobo o levar até ali.
Não demorou para que aqueles pensamentos cessassem, vendo outro alfa se aproximar, seu cheiro era forte, denunciando seu cio. Por instinto o lúpus correu até o Park, agora inconsciente, e cercou o corpo do ômega como se fosse sua presa, marcando-o como seu território e rosnou para o outro alfa que recuou. Novamente o seu lobo estava presente ali. Quando o outro alfa tentou se aproximar, o lúpus em um ato rápido o jogou contra uma árvore, pegando o pequeno ômega em seus braços e subindo a montanha em direção a sua humilde cabana.
Park sentia o olhar do alfa sobre si, o que o deixava nervoso.
— Quando posso voltar? — o ômega indagou, deixando os talheres sobre a mesa e observando cada detalhe da cozinha, já que encarar aquelas orbes escuras estava fora de seus planos.
— Apenas daqui quatro semanas. É quando o número de caçadores diminui.
Seriam quatro longas semanas.
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Primavera Escarlate ~ jjk × pjm [ABO]
Fanfic[EM REVISÃO] Park Jimin era apenas um ômega curioso. Nunca imaginou que o destino lhe pregaria peças e o traria um alfa lúpus, a espécie mais temida e rara. Ou pior, que este alfa estivesse predestinado a si e que, por um único afeto, suas almas se...