Remember me

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 Magnus dirigia em alta velocidade, sem se importar com as pelo menos três multas que já deveria ter levado. Ao parar obrigatoriamente no semáforo, ele encara a lua como quem pergunta "por que eu?". 

 Ele sequer sente suas pernas se movimentando. Sequer lembra onde estacionara o carro. Seu cérebro processava apenas uma informação.

 Alec. Acordado. 

 O coração de Magnus batia descompassadamente. Sentia um misto de felicidade e medo. Alec teria sequelas? Se lembraria do que aconteceu? Se lembraria dele?  

 Ele para na frente da porta do quarto tão dolorosamente familiar. Ele respira fundo, preparando-se ara entrar quando ouve uma voz lhe chamando.

 - Magnus? 

 Ele se vira, querendo a todo custo evitar ouvi-la, mas empurrando esse desejo para longe.

 - Robert.

 A relação de Magnus com os pais de Alec era um trabalho em progresso desde que os dois assumiram o namoro publicamente. Magnus, mesmo não querendo, sempre guardara um pouco de rancor por cada uma das vezes que os comentários indevidos do sogro machucavam Alec. Magnus particularmente buscava ignorar, mas a forma como Alec ficava afetado partia seu coração.  

 - Isabelle me chamou. Eu vou entrar. - Magnus diz secamente, voltando-se para a porta.

 - Talvez deva deixar esse momento para a família.

 Magnus encara-o com um sorriso debochado. 

 - É por isso que você está do lado de fora.

 Sem esperar resposta, ele entra no quarto. 

 Izzy estava sentada na poltrona ao lado da cama de Alec, com Maryse e Jace atrás. Alec ainda estava desacordado e Magnus sentiu seu coração murchar um pouco. As duas se viram quando Magnus entra.

 - Você me disse que ele tinha acordado - ele diz à Izzy.

 - Ele estava - Jace diz ao se aproximar - Mas não era Alec. Ele acordou completamente agressivo, puxando todos os equipamentos, se debatendo e gritando coisas sem sentido. 

 - Ele nem me reconheceu - foi a primeira coisa que Magnus ouviu Maryse dizer - Meu filho não me reconheceu.

 Magnus a encarava. Ela não era tão ruim quanto Robert, mas era tão culpada quanto. Anos atrás, Magnus e Robert tiveram um desentendimento. Ele odiava como o pai tratava Alec, como se fosse lixo, como se não fosse digno de seu afeto. Certo dia, depois de um dos comentários maldosos de Robert, Magnus surtou e bateu nele, com o apoio de Jace, enquanto Maryse apenas observava. Sempre fora assim. Maryse era a definição de submissão. Nunca fez nada para defender Alec. Essa tarefa cabia à Magnus, Jace e Izzy. 

 No entanto, naquele momento, no meio de toda a dor e sofrimento, Magnus sentiu pena da mulher. Se compadeceu. Apesar de tudo, Alec ainda era seu filho.

 - Os médicos tiveram que sedá-lo, para que, quando acorde, não esteja tão agressivo. - Izzy diz, ainda encarando o irmão.

 - Por que Robert está aqui? - Magnus sussurra para Jace - Não confio nele. Não quero que fique perto de Alec.

 - Mamãe e ele têm brigado. Suponho que esteja tentando bancar o bom pai. Não se preocupe, não o deixarei sozinho com Alec.

 De repente uma médica não muito alta com de cabelos ruivos entra pela porta. Era Clary, namorada de Jace. Tentando ser o mais profissional possível, ela se aproxima de Jace e toca seu ombro depois de cumprimentar a todos.

 - O que veio nos dizer? - pergunta Magnus.

 - Bem... parte do meu trabalho é ser portadora de notícias não tão boas. A bala estava alojada na coluna dele, causando uma lesão. Não tivemos tempo para examiná-lo bem quando acordou por causa de sua agitação, mas pelos exames, a fratura pode ter causado uma paralisia. 

  - Mas ele vai ficar bem não é? - Maryse diz entre soluços.

 - Quando ele acordar nós poderemos realizar todos os exames com maior eficácia. Por enquanto só nos resta esperar. 

 Todos acenam tristemente enquanto Clary sai da sala acompanhada por Jace com a feição baixa.

 - Mãe, o que acha de esperarmos lá fora? Podemos ir à uma lanchonete. Vamos dar um tempo a Magnus.

 Magnus sorri pequeno. Secretamente estava ciente de que Isabelle sabia da grande necessidade que Magnus tinha de estar próximo de Alec nesse momento. Magnus queria ser a pessoa que estaria ali quando Alec acordasse. Ele se aproxima e deposita um beijo demorado na testa do garoto.

  No monitor cardíaco, Magnus vê os batimentos de Alec aumentarem e fica preocupado. Ele entrelaça suas mãos e surpreende-se ao notar que Alec a apertava. 

 Magnus se aproxima mais da cama e vê Alec apertar os olhos, tentando acordar. Seu coração erra uma batida. 

 - Alexander? - ele chama. - Alec, por favor, vamos lá, acorde. 

 Alec, lentamente abre os olhos, puxando as cordas do coração de Magnus, que lutava contra o impulso de subir em cima do garoto e abraçá-lo para compensar os dias intermináveis que passara sem ele. 

 Seus olhos tinham o mesmo brilho azul de sempre, mas algo estava diferente. Era um olhar vazio. Sua íris estava direcionada para nenhum lugar específico. Mas sua órbita gravita até Magnus e se fixa ali. Agora brilhavam. Ele sabia que seu Alexander estava ali.

Ele encara Alec cheio de expectativa. Mas Alec apenas fazia silêncio. Magnus aciona o botão para chamar as enfermeiras.

- Alexander - ele tenta novamente - Pode me ouvir?

Alec move a boca sem emitir som, de repente Clary, Jace, Izzy e Maryse entram.

- Ele acordou! - Maryse suspira.

Magnus não desvia o olhar daquele azul inebriante. Até escutar o que tanto precisava. A única coisa que podia lhe trazer paz em meio a todo aquele caos.

- Magnus.

    
***

Perdoem o capítulo curto e não desistam de mim.

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The cruelty of hope (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora