이십삼 - living desire

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InHa chorou a noite toda em seu restaurante.

— Vai se foder, JiMin! — Gritou, percebendo que ele não havia ligado nem mesmo uma vez.

Sem ligações. Sem mensagens. Deveria ser meia-noite para mais tarde. O que ela poderia fazer? Tudo já estava fodido, e ela nem sabia o que eles tinham. Ou se tinha o direito de ficar assim. De se sentir assim.

Ela cogitou ir até o apartamento dele. Mas teve medo. E se alguém estivesse ocupando o tempo dele. Seja com o que for... Ela só decidiu ir. E assim fez.

Foi até o apartamento de táxi. Seu rosto inchado, seus olhos vermelhos. Ela chegou rápido. Talvez o taxista estivesse preocupado.

Inha passou rapidamente pela recepção do prédio e se apressou para subir. Apertou o andar do JiMin. Esperou muito tempo até o elevador chegar, abraçava seu corpo, seus braços. Quando as portas se abriram, ele apareceu para ela.

Estava vestido com calças jeans surradas e tinha seu rosto parcialmente escondido com o capuz do moletom verde e os fios de seus cabelos.

Ele a encarava e ela, o mesmo. Ambos em completo silêncio. InHa percebendo o perfume que emanava do JiMin e as sobrancelhas dele juntas, os fios que apareciam no capuz, molhados.

JiMin percebendo os olhos vermelhos e inchados da InHa. InHa caminhou para dentro do elevador, ficando ao lado dele.

Ambos encarando as portas do elevador foscas que se fechavam. Sem saber o que dizer. A música de elevador os rondando. O andar do JiMin chegava ainda mais perto. O coração de ambos batia ainda mais rápido a cada andar passado.

As portas se abriram no andar dele. Os dois saíram juntos, ainda em silêncio. JiMin abriu a porta e estava tudo escuro. InHa nem pensava na ideia que tinha antes, que alguém estivera ali.

JiMin continuou andando em direção à varanda. Ela o seguiu. Antes de chegar ali, a cada passo, uma tristeza tomava conta dela. As frases que havia dito ao pais. As palavras que os pais sempre diziam a ela. A liberdade gritando em seu peito. Era ótimo sentir o ar entrar em seus pulmões.

JiMin ouviu seu primeiro soluço e virou-se. Seu rosto já estava encharcado.

— Ya, ya, jagiya! — Ele caminhou até ela rapidamente. — O que houve?

A abraçou, a escondendo em seus braços. Ele a abraçou fortemente, ela fez o mesmo.

— Se chorar toda vez que me ver, eu vou achar que se apaixonou por mim. — JiMin brincou, como sempre fazia.
— Eu estou completamente apaixonada por você, Park JiMin. Como não consegue ver? — Será que ela ouviu o coração de Jimin parar?

Mas Jimin sabia. Ela sabia. Ambos sabiam, mas eles não queriam ser apenas mais um, um do outro. Eles queriam ser mais.

JiMin continuou abraçando a garota, ainda mais fortemente. O que quer que tenha acontecido, ele queria fazer algo e sabia que não poderia.

— Parou de chorar? — Perguntou, sua voz doce.

InHa o encarou, ainda com lágrimas nos olhos. Negou com a cabeça.

— Venha! — A chamou.

Segurou sua mão e a guiou até a varanda. As velas já estavam derretidas pela metade. A comida provavelmente estava fria. Tudo levara muito tempo para o JiMin preparar e ele esperou por cerca de duas horas a InHa, ansioso, com um sorriso no rosto. Perdia o sorriso a cada meia hora que se passava.

InHa parou de chorar assim que viu tudo. Parou pois estava em choque. Sua boca entreaberta.

— Eu sei que você queria comer fora, mas... — Ele começou.
— Está perfeito. — Ela disse, indo até lá.

InHa estava encantada com tudo aquilo.

— Está perfeito! — Ela sorriu, com olhos brilhantes. — Você quem fez tudo isso sozinho? — Ela perguntou, ele assentiu, rindo.

JiMin sentou-se na cadeira ao lado dela.

— Coma, sim? Então, em seguida, você me conta o que aconteceu?— Ele disse, ela apenas assentiu.

A comida não estava completamente fria. JiMin viu ela comer tudo. Ele ficara, sim, apenas olhando ela comer tudo e dizer o quão bom estava, com um sorriso imenso, por longos minutos.

Terminou. Inha suspirava pelo tanto que havia comido. JiMin riu enquanto tirava os pratos da mesa e levava até a cozinha. Ao voltar para a varanda, InHa encarava as estrelas lá fora. Jimin sentou-se ao lado dela.

— Por que parece estar sempre avoada?
— Como? — Perguntou, fazendo o JiMin rir.
— Parece estar sempre pensando longe demais. Com a cabeça em outro lugar.

Na verdade, InHa estava o tempo todo tentando entender a mente de Park Jimin.

— Você já se perguntou o motivo de uma pessoa fazer algo por você? Sem você merecer. — Ela continuava encarando as estrelas. — Como se essa pessoa colocasse todas as estrelas no seu céu? E tudo fizesse sentindo novamente?

Ele continuava em silêncio. Ela sabia que ela era isso para ele?

— É difícil acreditar quando você viveu anos com uma pessoa que pensou ser alguém que não fosse. Essa pessoa que não fez nada além de te quebrar para caralho e os cacos estavam visíveis o tempo todo, e você via. Dava para ve-los quebrados através de meus olhos quando eu me encarava no espelho. Dava para ver meu corpo reagindo...

JiMin ouvia aquilo sem saber o que dizer.

— Eu pensei que isso era amor. Que amor se baseava em matanças, até mesmo quando isso significava nossa própria morte. — Ela encarou o JiMin, finalmente. — Mas... eu conheci pessoas que relembram a vida. E eu quero tanto viver.

N/A: amor é sinônimo de paz, não caos.

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