capítulo 2

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Havia um pequeno parque a poucos metros da casa de Jim Bone,um lugar sossegado onde crianças brincavam nos finais de tarde e adultos apreciavam o céu estrelado em noites românticas, Jim marcara com David e Liliane um encontro naquele lugar logo ao pôr-do-sol.

Refletindo em um assento de parque balançando os pés cruzados e com um cigarro entre dedos ele ficou estupefacto quando viu-a chegar, parecia estar vendo Sarah Parker ali em carne e osso, um arrepio corroeu a espinha do velho Jim Bone, era como ver um fantasma.

-você é incrivelmente parecida com sua mãe.-disse a encarando ainda em estado de choque.

Liliane sentou-se em silêncio, estava tão ansiosa que não sabia se quer dizer um obrigado. David por sua vez manteu-se em pé ao lado dela, como um poste colado ao chão.

-Liliane Parker esse é Jim Bone.-Apresentou-os, embora naquele momento todo o mundo estivesse dispensando formalidades.

"Vá direito ao assunto!" Liliane gritava dentro dela enquanto seus pés tremiam de nervosismo, mais um minuto de silêncio e talvez ela fosse arrancar com as próprias mãos as palavras de dentro da garganta daquele homem.

-onde você andou?-Jim falava sem conseguir encará-la nos olhos, não conseguia cruzar seu olhar ao de Liliane sem sentir remorso.-eu procurei por você depois de me aperceber que seu pai havia falecido. Imagino o quanto foi duro pra você, eu senti o mesmo com a morte de minha esposa e meu filho poucos meses depois de eu ter me aposentado. Foi uma fase dura.

Liliane continuava em silêncio absoluto agora sem mover um único músculo, estava ali pra ouvir e não pra falar.

Depois de uma passa ele continuou:

-espero que um dia você possa me perdoar por ter ficado de braços cruzados quando o que eu devia realmente fazer era meter os assassinos de sua mãe atrás das grades ainda que isso me custasse a porra de uma carreira inteira. No final de nada valeu, olhem pra mim, vejam como acabou o grande Jim Bone,um velho bêbado e solitário com a consciência tão pesada que mal consegue pregar o olho durante a noite.

-não se preocupe.-Liliane segurou em sua enrugada mão trêmula olhou pra o fundo dos seus olhos cansados e por alguns instantes Jim Bone sentiu-se perdoado ainda que em momento algum a ouvira dizer "eu te perdoo" .-eu so preciso que o senhor me diga o que sabe.

-você irá correr perigo quando souber da verdade menina Parker.- voltou-se para David que o encarava sem pestanejar.-e você também detetive, foi uma péssima ideia vossa acordar um monstro há vinte anos adormecido, correr atrás de um segredo enterrado e trancado à sete chaves.

David se questionava "que merda esse homem está falando?" podia arriscar em dizer que Jim Bone talvez não estivesse muito bem da cabeça, talvez andasse com os neurónios flutuando em álcool.

-o que você quer dizer com isso?-perguntou.

-a morte de Sarah Parker não foi um caso isolado, havia um padrão entre várias mortes ocorridas naquela altura .-ele olhou pra os lados desconfiando que alguém os estivesse vigiando.-havia um homem que era como o anjo da morte da máfia em nova iorque,um homem tão misterioso que nem seu nome era pronunciado, talvez apenas suas vitimas conheciam os contornos do seu rosto. Alguns achavam que não passava de um mito,uma invenção dos mafiosos pra espalhar o terror em seus inimigos ,mas eu tenho provas da existência dele.

-porque raios Sarah Parker, uma simples enfermeira estaria na lista negra de mafiosos?-David o questionou mas obteve o silêncio como resposta, o velho Jim estava simplesmente atento aos olhares de quem por ali circulava, parecia paranoico.

Do outro lado da rua a poucos metros dali, o cano fino e comprido de uma arma espreitava pela janela de um mercedes preto que passava despercebido diante a pouca iluminação no local, na verdade aquele carro de vidros totalmente negros impossibilitando ver um palmo do que havia dentro dele esteve desde as cinco da tarde parado na esquina entre a rua onde ficava a casa de Jim Bone e o pequeno parque. Dentro do carro um homem de aparentemente cinquenta anos com luvas negras na mão e um chapéu cobrindo a cabeça olhava pelo vidro esperando pacientemente por uma oportunidade.

À SETE CHAVESWhere stories live. Discover now