Capítulo 4

1 0 0
                                    


Numa luxuosa mansão em Long Island rodeada por metros de relva e pequenos arbustos vivia o famoso político Henry Clint, um excêntrico milionário com uma riqueza conseguida de forma duvidosa, como quase todas as outras. Há vinte anos Henry fizera sua fortuna quando perdera a esposa Margareth Clint então vítima de uma paragem cardíaca. Nunca a viuvez fora um negócio tão rentável. Agora Henry Clint vivia comprando empresas, patrocinando projetos de caridade, se exibindo em jantares com um sorriso hipócrita do canto da boca, e velejando por oceanos quase sempre com uma tripulação totalmente femenina,era definitivamente um típico safado de meia idade "de que adianta ter dinheiro se não podemos esfrega-lo na cara das pessoas?" era uma daquelas frases que vivia na ponta de sua língua.

Mas sua vida não foi sempre assim, aos trinta e poucos anos, isso depois de ter servido no exército, ele desembarcara no aeroporto de nova iorque vindo da Califórnia com uma pequena mala onde mal cabia toda a sua ambição, trabalhou em pequenos bares e casas noturnas comendo o pão que o diabo amaçou, diz-se que o sofrimento molda o carácter, mas no caso de Henry Clint simplesmente o dizimou de vez. Poucos anos depois conhecia a cidade como a palma da sua mão era como se ela fizesse parte dele. Passou os anos seguintes envolvido em tudo o que era negócio sujo com qualquer gente do piorio até comprar sua primeira firma de imobiliária, uma bela forma de justificar a origem de seus primeiros milhões. Anos depois transformou-se no protegido de Mister Barrymore um famoso mafioso irlandês que na altura comandava metade da cidade, isso até o próprio Henry num golpe de génio roubá-lo a esposa, a fortuna e entregar sua cabeça numa bandeja ao FBI, Barrymore não resistiu, acabou se suicidando dentro de uma cela de um metro quadrado literalmente na merda.na verdade Henry Clint passou em pouco tempo de pau mandado de um velho mafioso pra político promissor aplicando um golpe atrás de outro, embora isso fizesse parte de um passado oculto, podia se dizer que tinha as mãos sujas de sangue apesar de nunca precisar premir o gatilho, ainda assim sua reputação permanecia intacta, pra o resto do mundo era visto como um exemplo de superação, um rapaz de origem pobre que serviu com honra ao exercito norte americano e por fim atravessou o pais de Califórnia a Nova Iorque conquistando seu lugar no mundo, uma daquelas historias que o povo adora ouvir.

Sentado a beira da enorme piscina observando duas belas mulheres dentro dela dando braçadas de uma lado pra outro, Henry Clint com seu cabelo grisalho e o rosto de cínico arrogante servia-se de incontáveis drinques com um charuto colado entre os dedos da mão esquerda e um enorme fio de ouro sobre o peito peludo.

-senhor, ele acaba de chegar.-Disse-lhe o mordomo alto e magro como um poste vestido a rigor carregando uma enorme bandeja redonda repleta de várias iguarias do mar.

-diga a ele que venha até aqui.-respondeu em seguida erguendo o copo até a boca.

Instantes depois um homem vestido de preto desde os pés a cabeça, com óculos escuros colados ao rosto e um chapéu de abas largas se aproximava, tinha a pele negra e algumas rugas nascendo em seu rosto mostravam que ele já não era tão jovem, quarenta anos, cinquenta talvez. Era o mesmo homem que na noite anterior com um tiro certeiro pusera um fim a vida de Jim Bone. Exibindo um curto sorriso sentou-se na cadeira de frente a Henry e serviu-se de uma garrafa de conhaque ali abandonada.

-então, está feito?-Henry perguntava enquanto se servia das ostras na bandeja.

-não se preocupe. Jim Bone não existe mais.-ele respondeu após um gole demorado.-nesse momento seu corpo deve estar congelando dentro de uma gaveta.

Henry abriu a maleta sobre a mesa e retirou de lá uma quantia em dinheiro, dólares tão novos que dava até pra sentir o cheiro a metros de distância.

-tome. Pra ajudar nas despesas.-deslizou-os sobre a mesa até as mãos do homem que o recebera com um sorriso agora maior.

-obrigado.eu tive que me livrar de um dos carros na noite de ontem, esse dinheirinho pode dar jeito.

À SETE CHAVESWhere stories live. Discover now