Nova Iorque junhuo/ 1998

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Quando apercebeu-se que seu plano havia fracassado Henry Clint sentiu-se destroçado. Em seu luxuoso escritório deixou-se cair na confortável cadeira giratória depois de ter recebido a ligação do hospital dizendo que Margareth estava definitivamente fora de perigo. era uma questão de tempo até sua esposa voltar pra casa. Mais uma vez ele havia falhado, perguntava-se como era possível Margareth safar-se depois de ter ingerido um cocktail de venenos letais suficiente pra derrubar até o Super-homem.

-que merda Margareth! Você parece ter mais vidas que a porra de um gato.- praguejou batendo forte o punho cerrado sobre a escrivaninha. Desfez o nó da gravata, abriu alguns botões da camisa e beijou demoradamente o gargalho da garrafa de uísque.

Precisava livrar-se da esposa a qualquer custo, apoderar-se de toda a sua fortuna e tornar-se assim num dos homens mais ricos de toda a sociedade nova-iorquina. Nada mal pra quem passou longos anos da sua vida no campo de batalha, no fundo sentia que aquela era a única maneira de o universo ver saldadas suas dívidas pra com ele.

Sem pensar duas vezes voltou a levantar o auscultador do gancho e digitou calmamente um número.

-estou.- Respondeu Jason Harrigan do outro lado da linha.

- Elimine Margareth Clint. Ainda hoje.-ele disse sem hesitar.

-o seu plano não funcionou?-disse Jason em meio de uma insultante gargalhada.

-droga! Se tivesse funcionado eu não estaria ligando pra você agora! Vá até lá e termine o que eu comecei.- Encerrou a chamada quase que de imediato.

Olhou pra o retrato emoldurado de Margareth sobre a escrivaninha e soltou um curto sorriso parecendo uma despedida, estava prestes a perdê-la ou livrar-se dela, nem mesmo ele sabia em que contexto colocar as coisas tendo em conta o que viria a seguir, a única certeza que tinha é que depois daquele telefonema nunca mais iria vê-la com vida.

Abriu a pequena gaveta debaixo da escrivaninha e buscou por um charuto, um daqueles cubanos que passam a impressão que somente Fidel os fuma. Conseguia sentir-se a curtas horas de se tornar incrivelmente rico, podia confiar em Jason Harrigan, em toda sua competência quando se tratava de cumprir com aquilo que ele de melhor sabia fazer, tirar vidas.

Os passos de Jason Harrigan ecoavam pelo corredor do hospital. Eram duas da manhã e pouca gente ainda circulava por ali, os pacientes dormiam profundamente e os enfermeiros tentavam se ajeitar descansando como dava.

Com os óculos de leitura encima do nariz e vestindo uma comprida bata branca ele carregava uma pequena pasta de documentos em sua mão direita. Tinha um pequeno crachá, obviamente falso, colado ao lado esquerdo do peito e abrigava debaixo da camisa uma arma com um silenciador, pra casos de emergência dizia ele, a verdade é que Jason Harrigan carregava uma arma a cintura até pra ir à casa de banho.

Entrou no elevador e exibindo um sorriso cumprimentou gentilmente uma meia dúzia de pessoas que lá estavam.

-o senhor é novo por aqui?- perguntou-lhe curiosa uma enfermeira de longos cabelos avermelhados.

-sou sim. Andei viajando pelo mundo. Convivendo com a morte em lugares que você nem imagina. Agora é altura de me aquietar um bocadinho.

-cruz vermelha?

-algo muito mais perigoso.- ele sorriu.

Caminhou até ao final de um corredor e por fim entrara no quarto onde estava Margareth, dormindo profundamente sobre efeitos de sedativos, totalmente indefesa. Ele Correu os longos cortinados azuis e num instante a luz foi impedida de penetrar o lugar.com uma almofada entre as mãos Jason aproximou-se dela quase que sentindo sua respiração.

-Margareth... você sabe que eu não tenho nada contra você. Na verdade até tenho uma certa admiração, mas há coisas mais importantes.- Sussurrou em seu ouvido.- mande cumprimentos ao filho da mãe do Barrymore.

Ela podia ouvi-lo, como se sua voz nojenta estivesse dentro da cabeça dela.

Ele Pressionou a almofada de algodão contra o rosto dela e ia aos poucos asfixiando-a, Margareth lutava pela vida mas seu corpo frágil era incapaz de fazer frente a tanta brutalidade, sua voz não lhe saia pela garganta por mais que ela se esforçasse, o máximo que podia fazer era balançar os pés de um lado pra outro, ainda assim quanto mais se movia mais se cansava, mais se sufocava, até que por fim já não lhe restavam forças, havia lutado pela vida até seu último folego.

Com um simples toque ele verificou o pulso, Margareth Clint estava definitivamente morta.

Abrigada detrás de uma porta entreaberta a jovem enfermeira Sarah Parker presenciara tudo em silêncio, até que o ruidoso alarme do seu relógio denunciou sua presença.

Ele buscou pela arma debaixo da camisa e aproximou-se em passos silenciosos, quando abriu a porta lá estava Sarah tremendo dos pés a cabeça visivelmente apavorada e com as lágrimas escorrendo pelo rosto.

-fique calma querida. - apontou a arma bem no meio da cabeça dela.- você viu alguma coisa aqui nesse quarto?

Ela abanou a cabeça em negação quase se colocando de joelhos diante daquele homem.

-eu juro que não...por favor não...não me faça mal- implorou.

-é bom que você fique de bico calado. Nem se quer chegue a pensar no que você viu aqui hoje, se você falar com alguém sobre isso...com quem quer que seja, com um taxista, um garçon ou com o padre da tua igreja eu vou te achar, vou achar a pessoa, e vão os dois se juntar a aquela linda senhora.Você ouviu?- disse em tom frio e ameaçador enquanto ela se esquivava com o olhar, preferia nunca vir a precisar lembrar daquele rosto.

Gelada Sarah acenou com a cabeça. Ele por sua vez pegou em um guardanapo de papel e enxugou as lagrimas dela, uma atitude que a deixou ainda mais aterrorizada, por mais gentil que aparentasse ser nenhum gesto vindo daquele homem merecia uma interpretação positiva.

Acontecesse o que acontecesse Sarah Parker havia naquela madrugada assinado sua sentença de morte. Jason Harrigan não era de deixar pontas soltas, e aquela não seria a primeira ocasião, o olhar de Sarah implorando por misericórdia não o convenceria a fazê-lo "sem sobreviventes, sem testemunhas" era o seu lema desde quando militar. Ainda que Sarah Parker arrancasse a própria língua pra não revelar o que seus olhos haviam visto, era so uma questão de tempo até ser surpreendida por uma bala no meio cabeça,o que infelizmente acabou acontecendo poucos dias depois.

À SETE CHAVESWhere stories live. Discover now