Os passos em Nemunus

01 - Novos Rumos

Então, não sei quem irá encontrar esse diário, mas preferi registrar assim a minha estadia nesse lugar. Não sei como vim parar aqui, não sei quando você encontrará essas folhas para ler, mas ao menos quero deixar algo para alguém, no futuro, que possa entender e conhecer pelo que passei por aqui.

Meu nome é Liam, vim da cidade de Caruaru, interior do Brasil, do planeta Terra, é importante dizer porque pelo que eu lembro das minhas aulas de Geografia, aqui nada tem haver com esse planeta que um dia foi minha casa. Chamam esse lugar de Nemunus, os dias aqui ganham novos nomes, a segunda, terça e assim por diante, parecem que nunca aqui existiram. O que existe é o Mercador, a Colheita, entre outros. Várias coisas são bem diferentes e a principal é a existência de outras raças humanóides que não a humana somente. Vários tipos de seres bípedes, trípedes e quadrúpedes pude encontrar. Desde elfos e anões, até espécies que não sei sequer como descrevê-las pelas tantas mãos, garras e tentáculos presentes em seus corpos.

O mais esquisito é que já faz um mês que aqui cheguei, e não consigo entender o porquê de ter chegado. Até agora consegui uma estalagem, de um cara bem legal, o Sr. Smith, para que eu não ficasse sem um colchão e um teto. Mas tudo até o momento, ele, eu ou qualquer um estão sem nenhuma explicação para mim.

Eu lembro que estava em direção de uma cidade vizinha para curtir a festa de Carnaval, tudo de boa, meus amigos esperando, mas do nada, como se eu tivesse morto de cansado, meus olhos foram fechando na pista e dormir, acordando aqui, sem sinal do carro, sem meu celular, sem meus pertencer, sem nem mesmo minhas roupas. Roupas estranhas e uma bota até maneira foram as únicas coisas que me pareciam pertencer. Além disso, o local que acordei não parecia nada com uma estrada asfaltada. Tudo era mato e terra, coisas que nunca foram muito minha praia, até gostava de ver, mas viver nisso, está sendo complicado.

Outra coisa complicadíssima, cadê a energia? Aqui ninguém conhecem isso, parece que entrei de cabeça num mundo de fantasia medieval. Pessoas são bem machistas e várias vezes depois que fui comprar algumas coisas para o Sr. Smith, vi estupros acontecendo de boa e guardas não fazendo nada. Até pensei em interferir, mas eles aconteciam em lugares que o povo via, não era escondido e nada era feito.

Ainda estou me adaptando com essas loucuras que me são postas, tenho a ajuda de Lunia e Luan, dois irmãos gêmeos que dividem comigo o espaço da estalagem do Sr. Smith, que por sinal tem um nome bem medieval, "O Touro Pisador". Eles são gente boa, mas parecem trabalhar para o dono como escravos sexuais. Tentei conversar sobre, mas vi resistência e deixei para lá também. Vejo que é melhor eu me manter apartado de todos estes costumes se eu quiser me manter saudável, pelo menos até entender como tudo aqui funciona.

Sim, e não podia deixar de comentar sobre o regime monarca que entrei. É muito estranho. O povo não tem voz, somos todos obrigados a pagar semanalmente um valor para um cara que nunca vi o rosto, mas que tem vários olhos pelos seus cavaleiros/coletores, que honram apenas as moedas que preenchem seus bolsos.

Porém, tomei a iniciativa de começar a escrever esse diário porque algo aconteceu com os gêmeos, eles foram levados e eu estou saindo, juntamente com mais dois aventureiros pagos pelo Sr. Smith para encontrar quem os raptou. Não sou muito bom em aventuras, mas nada mais eu poderia fazer na taverna e essa era uma forma de iniciar um reconhecimento a todos os lugares novos desse planeta.

A única pista que tivemos é que eles foram levados pelos "Unitários", um grupo que tenta reunir todos os povos para conhecer novamente o poder da magia e destruir os titãs, pelo menos essa foi a explicação que tive de um dos guardas que ficou abalado pelo rapto de Lunia, mas tenho que desabafar, que viagem louca esses caras unitários tiveram, eim. Magias e titãs... Mas do jeito que as coisas andam, prefiro não duvidar de nada mais, principalmente porque estou saindo em aventura com em elfo de corpo e olhos negros e com um cara partidão que tem um chifre e um rabo.

Em alguns momentos eles conversam em línguas estranhas, mas já tenho que dar graças a Deus que temos uma língua em comum. Começamos hoje e essa foi nossa primeira parada, nada especial tenho a relatar a não ser essa história que contei, então que seja um relato assim, mais calmo e tranquilo que as histórias que ouvi n"O Touro". Cyob e Krutnar parecem ser guerreiros valorosos... assim espero. Até o próximo relato.

Liam, o não enturmado (sempre quis um adjetivo após o nome, hahahahaha).