Conectados Por Uma Vida (Romance Gay)-[MPreg]

(Onze)

Leon Cardison

- Então ele te chamou para almoçar com ele? - Pergunto.

- Chamou, mas eu ainda não aceitei.

- Porque não?

- Eu nem conheço aquele homem. - Ele justifica.

- Mas ele disse que conhece você, não foi?

- Disse, mas do que isso adianta? Ele pode ser um maluco, um estuprador ou um serial killer... nunca se sabe.

- Se ele fosse mesmo tudo isso, porque estaria agora na sala do nosso chefe?

Ele da de ombros, possivelmente está sem argumentos.

- Se você não quer apenas diga que... ai meu deus, você quer!

- Fala baixo cacete!

Foi inevitável não soltar uma gargalhada. O rosto do meu amigo ficou um pouco vermelho de vergonha, uma das funcionárias que estava passando olhou para nós confusa. Coloquei a mão na boca para abafar a risada. Voltamos ao trabalho quando alguns clientes entraram na loja e entre ele um belo homem de óculos escuros com um penteado perfeito nos cabelos castanhos claros e seu corpo musculoso na medida certa. Um homem desejável.

Olhei para meu lado querendo encontrar Ulysses, mas tudo que encontrei foi a prateleira de perfumes, meu colega está atendendo outra pessoa. Esse cara sobrou para mim.

- Como posso ajudá-lo?

- Murilo Backer está? - Ele pergunta rapidamente sem tirar os olhos da escada em espiral.

Não fui avisado de ninguém para visitar Murilo e Lisa não está aqui no momento.

- Eu irei ligar para a sala dele e perguntar se o senhor pode entrar... seu nome é...

O homem já havia subido os degraus da escada, um desespero subiu minha espinha e eu peguei o telefone perto do caixa onde Lisa deveria estar, disquei quatro números para a sala de Murilo e fui atendido no primeiro toque.

- Murilo falando.

- Senhor... sou eu, Leon. Um homem acaba de subir para o primeiro andar e acho que vai e direção a sua sala... não consegui impedi-lo. Na verdade, nem tive tempo para...

- Quem é...

Silêncio.

- Murilo?

Ele desligou.

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Murilo Backer

Quando estou no telefone com Leon a porta da minha sala é aberta abruptamente. Lucas passou por ela como se estivesse desfilando em uma passarela cheia de câmeras e holofotes em sua direção, desliguei o telefone na mesma hora e foquei minha atenção na figura que acaba de aparecer e que na qual esse era meu último desejo. Lisa e Enrico estão estupefatos ao meu lado, assim como eu, mal conseguindo processar essa informação.

- Que recepção mais calorosa que eu ganhei... olá família Backer. Felizes em me ver?

- Você era a última pessoa que queríamos ver. - Fala Lisa praticamente soltando fumaça pelas narinas.

- Que pena querida... Enrico, você está ótimo.

Enrico nada falou.

- Murilo - Ouvir meu nome saindo de sua boca é como passar lixa na minha pele -, que bom te ver de novo.

- Não posso dizer o mesmo.

Ele força uma cara indignada. Olho para Lisa e Enrico como se pedisse para que eles deixassem que eu resolva isso sozinho, como havia falado antes. Eles entenderam o recado e concordando com a cabeça saem da sala batendo a porta e por fim deixando eu e Lucas sozinhos, não fico de frente para ele desde o acontecimento da traição, ele está diferente, mas ainda sei que por debaixo dessa pele bronzeada, com maquiagem e plásticas, há uma cobra venenosa o suficiente para envenenar apenas com uma simples palavra ou gesto. Assim como eu fui enganado aposto que outros também foram, o poder de manipulação dele é perigoso.

- Achei que ficaria feliz em me ver. Passaram-se tantos anos... você está lindo, e bem mais gostoso que antes.

- Fale logo o que você quer.

- O que eu quero... o que eu quero eu já tenho, dinheiro. Muito dinheiro.

- Porque está aqui? Porque voltou? Foi para me infernizar, foi isso?

- Voltei sem nenhum motivo aparente... meu casamento acabou e eu não tenho mais nada lá. Voltei para cá e passei para uma visitinha.

- Pois fez muito mal, não quero ver sua cara nem pintada de ouro!

- Que pena... que tal meu corpo pintado de ouro? Na sua mesa, e para completar... com uma dancinha sexy.

- Saia da minha sala. - Falei pausadamente.

- Tudo bem..., mas já te adianto que essa não é a última vez que você vai me ver, eu tenho assuntos pendentes com algumas pessoas e você é uma delas Murilo. Até logo! - Ele solta um beijo no ar.

Quando a porta se fecha atrás dele pego a primeira coisa que vejo-no caso um vaso indiano comprado em uma viagem- e arremesso na parede a minha frente, tenho vontade de gritar em plenos pulmões, mas não vou dar esse gostinho a ele, Lucas não vai conseguir nada comigo. Tento me acalmar andando de um lado para o outro na minha sala.

Ele quer te provocar... se acalme... vai dar tudo certo.

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Lucas  Wilder

Desço os degraus em espiral e estou de novo na loja de perfumes. Olho para meu lado esquerdo e vejo a prima metida do Murilo me encarando furiosa... é exatamente isso que eu quero, a fúria deles porque isso é simplesmente divertido. Ao lado dela está Enrico, o irmão postiço de Murilo, um babaca sem noção que acha que é caridoso com todo mundo, mas não serve nem para dirigir um carro de fuga. Os dois são pedras no meu caminho e eu como um bom trator, os tirarei do meu caminho pelo jeito mais divertido, haja sangue ou não. Saio da loja acompanhado pelo olhar do funcionário que me abordou assim que entrei, ele tem cara de esperto, mas espero que ele saiba o que vai acontecer se entrar também no meu caminho. Coloco novamente meus óculos de sol e caminho tranquilamente pela rua, algumas pessoas me reconhecem e pedem uma foto ou autógrafos e eu dou de bom grado afinal tenho que manter a pose se quiser fazer sucesso... uma lição que aprendi há muito tempo. Pelo visto Murilo ainda guarda mágoas de quando me pegou na cama com outro homem, coitadinho, mas aquilo foi uma pura aventura da madrugada. Nada mais. Murilo levou a pequena brincadeira sério demais e me expulsou da sua vida e pelo que soube se isolou do mundo por um tempo. Mas eu também mudei, me casei com um milionário famoso que me colocou para desfilar em Hollywood e acabei fazendo sucesso em várias revistas de muitas marcas diferentes. Acontece que o velhote ricaço também descobriu minhas aventuras sexuais noturnas que eu tinha com outro cara... acontece.

- Me aguardem.

Continuo caminhando pela calçada até chegar no hotel cinco estrelas que estou hospedado, antes de subir para o meu quarto eu peço um champanhe para o meu quarto e quando chego no mesmo vou direto para a suite ligando a banheira e colocando espuma. Minha bebida chega em menos de cinco minutos, agradeço ao garçom e lhe dou uma gorjeta contendo algumas notas de cem a mais. Já na banheira, com o champanhe na minha mão e os músculos relaxados com a espuma eu penso no meu plano, para cada um que me atrapalha atualmente.