(Vinte e Seis)

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Leon Cardison

O ar da sala mal chega aos meus pulmões, sinto o suor descer pela minha testa, mas limpo rapidamente para não deixar tão óbvio meu nervosismo. Estou em uma sala razoavelmente grande com Murilo, Enrico e Lisa. Os três estão conversando uma maneira de encurralar Lucas, porém, até agora nada foi bolado, eu me sinto excluído. Não por estar em um canto sozinho e sim por não dar nenhum palpite a respeito, eu logicamente estou mais nervoso.

- Leon? - Escutei a voz de Murilo, virei-me para encará-lo.

- Sim?

- Está tudo bem não é? Digo, não precisa ficar se não quiser

- Eu não deixaria vocês aqui... então, o que temos?

- Nada de muito importante até agora.

- Não poderíamos apenas entregar as provas para a polícia?

- Infelizmente não. As provas de Lisa foram publicadas por um anônimo, as de Enrico foram destruídas por mim... não nos resta nada. Sem falar que ele é uma figura pública, tem advogados e nenhum deles levaria isso a sério. Seria como... Perder tempo. 

- Eu posso fazer algo. - Falei abruptamente -, a ideia é louca, sem noção e muito arriscada, mas pode dar certo.

- Diga.

A esse momento às três pessoas da sala já estavam prestando atenção em mim, corei momentaneamente e depois respirei fundo.

- Eu poderia entrar no apartamento dele e procurar por provas, ele com certeza esconde alguma coisa.

- Nada disso! - Murilo se exalta.

- Infelizmente essa é nossa única alternativa válida - Disse Lisa -, aquele fodido sabe que eu, Enrico e principalmente você está "mal-intencionado".

- Eu não costumo dizer isso, mas ela tem razão.

- Mas... eu vou com você.

- Não mesmo! - Protesto

- Vamos ter tempo para isso, mas agora vamos programar tudo para nada sair errado.

(...)

Quando o relógio marcou meia-noite paramos. Estávamos aqui, nessa sala abafada desde às nove da noite. Lisa agora está com seus cabelos desgrenhados e Enrico sem o seu terno e com a gravata solta em seu pescoço, Murilo não para de falar que a ideia é muito arriscada e de fato é, mas temos que fazer o possível para que aquele homem não faça de nossas vidas um inferno maior.

Minha barriga reclamou de fome, corei um pouco quando isso fez eles rirem.

- Eu tenho que ir para... nossa.

- O que foi?

- Eu não moro mais aqui e... não posso voltar para a casa dos meus pais a essa hora.

- Sabemos disso - Lisa fala saindo de cima da mesa e largando os papéis -, você vai ficar na casa do Murilo.

- Porque? - A pergunta voou da minha garganta repentinamente, não pude contê-la.

- Porque minha casa está um caos e Enrico terá uma visita... pessoal.

- Você se incomoda?

A voz dele saiu como um sussurro, fez meu corpo travar de medo... no mínimo eu ficaria desconfortável.

- Não - Garanti -, podemos ir?

- Podemos.

Fomos para seu carro com o costumeiro cheiro de carvalho... o cheiro dele em todo o veículo me faz ficar vermelho por inspirar tantas vezes. O plano, ainda rodando na minha cabeça criando situações ruins e boas, ainda não foi concluído porque o homem ao meu lado no volante quer a todo custo ir comigo, mas não percebe que um rato no ninho de cobra é melhor que dois.

Chegamos a sua casa, uma onda de lembranças me acertou precisamente... na primeira vez que vim aqui fizemos sexo, agora estamos mal nos falando, a situação tomou outro rumo, um rumo que eu desejava que acabasse.

- Não vai entrar? Ele já estava na porta, segurando-a para que eu pudesse entrar e quando fiz passei a centímetros do seu corpo, mas isso não impediu que o tecido das nossas roupas não se tocarem.

Olhei para a sala, o mesmo lugar onde ele me imprensou contra a parede e me beijou vorazmente, agora está fria, silenciosa e muito, muito deprimente.

- Você pode dormir no quarto reserva, o terceiro a direita, mas antes deve estar querendo comer algo.

Não que precisasse, mas concordei.

Sigo seus passos até a cozinha, ele coloca algo no fogo e pede para que eu sente na mesa, fiz o que ele mandou e minutos depois que eu sentara senti o cheiro de carne e algo parecido com... queijo derretido?

- Figado e macarrão com queijo... alguma preferência? Ou tem alergia a algo?

- Sem preferência e tenho alergia só a canela... apenas.

Mesmo de costas ele maneou a cabeça afirmativamente, ele coloca a comida na minha frente o que me da água na boca. Esperei ele se sentar comigo a mesa e finalmente comi soltando um suspiro de satisfação, o macarrão junto ao queijo derretia na minha boca e o figado com seu toque levemente torrado dava uma explosão de sabores.

Escutei sua curta risada, sorri também e voltei a comer agora, o observando. Ele disse que eu poderia dormir a hora que quisesse e meu corpo ao ouvir a palavra dormir se espreguiçou todo, eu estou realmente cansado, pois, o dia foi muito exaustivo. Fui para o quarto indicado depois de desejá-lo boa noite, na qual foi me retribuído singelamente. Assim que deitei na cama meus olhos pareceram pesar toneladas, os pensamentos foram ficando embaçados e a preguiça consumia todo meu ser e finalmente eu dormir e meu último pensamento foi nele.

Conectados Por Uma Vida (Romance Gay)-[MPreg]Onde histórias criam vida. Descubra agora