Conectados Por Uma Vida (Romance Gay)-[MPreg]

(Trinta e Cinco)-ÚLTIMO-(PT.1)

Leon Cardison

CINCO ANOS DEPOIS...

Acordo sentindo o frio matinal da nova cidade, se passaram mais de dois anos e eu ainda não me acostumei com o frio que chega de repente. Tiro meu pijama moletom e sigo para o banheiro me preparando para começar a trabalhar novamente. Me olho no espelho oval do banheiro, minha estrutura física mudou muito nesse tempo que passei aqui, meus braços e pernas ganharam mais músculos definidos, deixei uma barba rala e cortei o cabelo em um corte moderno. Na chamada de vídeo com meus pais ele quase não me reconheceram. Tenho conversado pouco com eles e meus amigos, mas minha rotina está super corrida mesmo: pela manhã eu trabalho como entregador e desempacotando caixas; a tarde vou para a faculdade; pela noite fico na biblioteca pública até dez da noite e assim que chego em casa super cansado eu caio na cama depois de jantar, tomar banho e escovar os dentes. Rara às vezes que fico acordado conversando com meus amigos no celular.

Coloquei um casaco grosso e uma touca de lã e saio do meu pequeno apartamento alugado. O local onde fica não é dos melhores, mas o preço cabe no meu bolso e eu consigo viver bem. Meu trabalho fica a dez minutos a pé, sempre paro em uma cafeteria para comer bolinhos de chuva e um café com leite antes de definitivamente ir trabalhar e hoje estou com uns minutinhos adiantados. A atendente já me conhece, faz o meu pedido e me deixa a vontade na mesa perto da janela onde consigo observar perfeitamente o movimento das ruas com a neblina tímida que cai. O cheiro de café me faz lembrar da loja de perfumes e essa loja me faz lembrar Murilo... conversamos apenas no primeiro ano em que estive aqui depois disso não nos falamos mais, apenas palavras como boa noite e bom dia, fora isso, nada. Mas acompanho as notícias dele pela internet, a perfumaria após o escândalo com Lucas ganhou muito destaque e agora está entre as principais mais acessíveis do país, ele também vem ganhando muitos prêmios por causa disso e a cada foto que vejo sempre temo ver ele abraçado com alguém, mas ele está sempre sozinho agarrando o troféu merecido e falando no microfone que o motivo do seu sucesso nada mais são do que Lisa e Enrico. Fico feliz por ele, de verdade.

- Sua conta, Leon. - Olho para a garçonete e agradeço e pago logo em seguida saio da cafeteria feliz pela refeição.

Avisto a lanchonete de longe, as paredes vermelhas se destacam na névoa baixa, desvio de pessoas usando guarda-chuva e em segundos chego. Cumprimento o meu chefe que é um senhor super simpático e amigável que me deu o emprego sem pensar duas vezes, atualmente nas palavras dele, eu sou o melhor funcionário já contratado. Anoto os oito pedidos em dez minutos, dou o guardanapo para a criança melada de glacê e dou os papeis para a cozinheira-mulher do chefe, também muito simpática. Entro no depósito depois de servir quem eu anotei os pedidos, começo desempacotando as caixas de suprimentos e depois as sacolas com verduras e carne logo botando tudo na cozinha. Tenho dado tanta atenção ao meu trabalho e a faculdade que as vezes esqueço que tenho uma vida social, mas às vezes que eu saio são apenas para comprar açaí ou algo que falta em casa - como um pote de açaí.

Às onze horas saio do trabalho e vou novamente para casa preparar meu almoço para depois ir para a faculdade.

(...)

Quase não consegui ficar acordado durante as aulas, mas deu para ter uma ideia clara do que se tratavam, durante cinco anos eu não fiz amigos aqui apenas colegas para trabalho e nada mais. Olho as horas no meu celular, são oito da noite aproveito e vou direto para a biblioteca, mas a encontro fechada. Suspiro derrotado e vou andando para uma praça que tem ali perto, o céu cinzento não mostra muito bem as estrelas que começavam a surgir, várias pessoas passam pela praça com seus animais de estimação ou seus filhos todos rindo felizes. Antes que a saudade batesse em mim, vejo uma criança de cabelos castanhos e belos e granes olhos azuis correndo atrás de uma bexiga que vem em minha direção, para poupar os pulmões dele eu a peguei e o entreguei.