(Trinta e Três)

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Leon Cardison.

Quando acordei no quarto de hospital fiquei desorientado, não me lembrava de muita coisa, mas quando as memórias chegaram como um tsunami meu coração disparou dentro do peito. Meus pais entram do quarto com cheiro de álcool e me abraçam. Quando minha mãe passou a mão delicadamente pelas minhas bochechas eu notei que chorava, chorava muito.

­­- Mãe... pai... cadê minhas irmãs?

- Estão bem, querido, estão descansando... como está se sentindo?

- Bem, eu acho... vocês... onde estavam?

- Aquele homem invadiu nossa casa antes das suas irmãs acordarem, eu e sua mãe estávamos na cozinha ele nos ameaçou com uma faca eu tentei conversar com ele e quando percebi que conversa não adiantaria iria partir para cima dele, mas o canalha fez sua mãe de refém e me colocou no sótão junto dela e das meninas que choravam em plenos pulmões, Leah ainda chutou a canela dele... - Meu pai fala sorrindo o que me fez sorrir também -, ficamos lá amarrados e com panos na boca e ouvimos você gritar por nós, mas não podíamos fazer nada. Minutos depois o seu amigo nos achou e disse que você tinha ido para o celeiro antigo no nosso quintal. Ficamos desesperados com a possibilidade de perder você filho.

- Eu também tive medo... muito medo. Onde ele está agora?

- Foi preso, graças a Deus! - Minha solta um suspiro aliviado.

Preso? Ótimo... ótimo...

- Com licença. - Uma senhora entra no meu quarto com o uniforme do hospital, ela segura alguns comprimidos - Ele tem que descansar agora, amanhã poderão falar mais com ele.

- Certo, obrigado.

Recebi um beijo na testa de cada um e depois eles se foram, a mulher me deu os analgésicos para dor e disse que me dariam sono, agradeci e os tomei com a água que ela me serviu. Quando minha cabeça tocou o travesseiro eu respirei fundo me dando conta que acabou, acabou finalmente, uma sensação muito estranha tomou conta de mim, mas estou feliz, feliz porque eu estarei fora de perigo e Murilo poderá finalmente recomeçar sem receios. Meu corpo inteiro relaxou na cama, fechei os olhos que logo começaram a pesar e dormir.

***

Acordei às duas da tarde, outra enfermeira veio me trazer um lanche, fiquei sozinho por meia hora antes que Ulysses, Marcelo e Tay entrassem no quarto sorrindo e me abraçando.

- Meu Deus! Amigo, sua vida anda mais movimentada que boate gay em sexta-feira! - Minha amiga fala me fazendo rir.

- Como você está se sentindo? - Perguntou Marcelo.

- Melhor, com dores, mas melhor.

- Senti sua falta - Ulysses se pronuncia -, o que vai fazer quando sair daqui?

- Comer a comida da minha mãe. Comida de hospital não é boa.

Nós rimos. Ficamos conversando por um tempo, Tay me contou que está namorando um cara que conheceu no trabalho, Marcelo irá trabalhar na empresa do pai como aprendiz e Ulysses... bom, ele não me contou.

As horas passam rápido quando estamos com que gostamos e logo quando o crepúsculo apareceu eles se foram me desejando melhoras. Minhas irmãs vieram me ver com os meus pais que ficaram falando sobre se mudar para outra casa e colocar as meninas em acompanhamento de um psicólogo o que eu concordei. Enrico e Lisa também vieram me ver, pedi noticias de Murilo, mas ele falaram que ele estava me esperando sair do hospital para me ver, eles estão escondendo algo, minha intuição diz. O médico que cuida de mim, disse que eu poderei ter alta em poucas semanas, mas enquanto isso era melhor ficar em observação. As noites que eu passei no hospital foram inquietantes porque eu sentia muito medo, às vezes eu sonhava que minha família estava dentro do celeiro que pegava fogo, outras vezes sonhava que eu mesmo estava sendo coberto pelas chamas e não adiantava o quanto eu corresse elas sempre me pegava, acordava assustado, mas era só pensar uma ou duas vezes dizendo que isso era coisa da minha cabeça que eu voltava a dormir. E uma dessas noites eu tive uns sonhos muito diferente, eu estava em um avião lendo uma revista qualquer até eu paro em um lugar completamente diferente, com pessoas sorridentes e de repente eu me sentia bem comigo mesmo, eu estava sorrindo para tudo porque era algo completamente novo para mim, quando acordei desse sonho eu sabia exatamente o que fazer para mim, achei que tinha escrito meu futuro, mas ele acabou de mudar. Para melhor.

Meus pais vieram me buscar, me levariam para a casa nova onde moram agora, o que mais me surpreendeu foi o fato de estarem morando na cidade agora, perto de uma lanchonete onde minha mãe conseguiu um emprego de cozinheira e meu pai trabalha em casa. Minhas irmãs mudaram de escola também e ganharam um quarto maior o que as deixaram felizes e animadas para decorá-lo. Eles deram a ideia de fazer um churrasco para minha volta e eu aceitei, temos muito pelo que comemorar. O meu quarto é bem espaçoso também, minhas roupas e meus objetos já foram todos organizados e arrumados perfeitamente como só minha mãe sabe fazer, deitei-me na cama, a luz florescente me lembrava o hospital, levantei e fui para fora de casa. Os policiais e devolveram meu celular enquanto eu ainda estava no hospital, eu perguntei qual era a sentença de Lucas e o delegado me respondeu:"- Mais de seis anos de prisão por assassinato, trafego de entorpecentes, sequestro se contar as ameaças e as publicações maldosas a Lisa Backer. Você ajudou a colocar um monstro na cadeia, sou muito grato". Agradeci a ele também. A notícia me deixou feliz e certamente não só a mim. Procurei na internet sobre o ex-namorado de Lucas que era um dono de agência de modelos famosos, morreu em um "acidente domestico" há três meses e meio, os filhos dele ficaram sem herança que foi todo para o nome de Lucas, os filhos não puderam fazer nada já que o contrato estava com a assinatura do pai que deixou nada para eles. Porém, descobriram a falsificação da assinatura e tudo isso se agravou no nome de Lucas o que aumentou sua pena.

"O filho mais velho do famoso dono de agência  de modelos e renomado estilista disse que nunca suspeitara que o namorado do pai fosse capaz de tal coisa"

Era o que dizia no blog.

Guardei o celular e voltei para dentro de casa.

Conectados Por Uma Vida (Romance Gay)-[MPreg]Onde histórias criam vida. Descubra agora