Capitulo Um.
As sombras no jardim do laboratório estavam quase metricamente em baixo das árvores, contrário ao sol, bem no meio do céu, como uma íris em um gigante olho azul. Só então Kevin acordara – tarde. O doutor Emil estava bravo, armou o despertador para aquele mesmo momento e jogou na cama do jovem adolescente. Nem um barulho estridente como aquele relógio chique fazia o menino levantar rápido. Mas acordara e coçara a cabeça, seguido de um longo bocejo e aquele olhar de "Por que me acordou de madrugada?". O doutor apenas cerrara os olhos como resposta e pelo corredor afora se foi.
Kevin pairou em frente ao espelho de seu banheiro, pequeno e branco demais pro gosto dele – na verdade todo o laboratório era assim, por isso ele escolhera um quarto com árvores perto da janela. As marcas de sono cobriam seu rosto, claro como neve – não tinham muitas oportunidades de tomar sol no laboratório. Os olhos verdes do garoto já foram bem mais claros, mas escureceram junto ao seu cabelo, agora quase preto e bagunçado. Ele sussurrou com a voz ainda grossa e anormal:
— Preciso cortar o cabelo!
É claro que ele não planejava mesmo fazer isso, nenhum doutor tinha tal técnica – não de acordo com os moldes de adolescentes.
Kevin vivia em um laboratório, todos os seus 15 anos, por segurança e para impedir que virasse público o caso dele. O doutor Emil foi quem o cuidou a vida inteira – mas sempre deixando claro que não era seu pai.
O corredor saindo do quarto do garoto era curvo, no estilo de obras científicas – para o desgosto dele. Haviam muitos e muitos quartos, todos com adolescentes quase da mesma idade. Mas nenhum era igual Kevin, até eram próximos na infância, mas com 11 anos tudo mudou, ele teve de aprender a guardar segredos e as brincadeiras nunca mais foram as mesmas. Inclusive nas aulas, os outros não notaram o aluno que deixara de frequentá-las para ter um ensino particular.
Chegando à sala de pesquisas – e algum termo que só os adultos entendiam – o doutor Emil já estava bem mais calmo, sentado em frente à sua mesa. Ele era alto, já de cabelos brancos, lambidos para trás, com a careca quase aparecendo. Usava um par de óculos quadrado pequeno, e gravata preta contrastando a camisa verde escura. Seu rosto era cheio de marcas da idade, ele envelheceu bem rápido. Ouviu os passos preguiçosos vindo do corredor e disse:
— Será que um dia você vai acordar antes de mim?
— Talvez devêssemos apostar isso – Kevin respondeu com deboche.
— Eu estou velho, mas não sou burro, você passaria a noite em claro para ganhar de mim.
— Ou dormiria por dois dias – olhando para a mesa da cozinha – tem alguma coisa para comer? Minha barriga tá soltando raios.
Emil riu. Sempre admirou como Kevin adotou muitos problemas com humor. "ou talvez nem lembrasse mais", pensou ele.
— Tem algumas tortinhas que o Gordon fez.
Kevin sorriu. Foi ali que ele realmente acordou.
— O GORDON VOLTOU?
— Você estava tendo aula, nem viu, já faz uns dois dias – respondeu Emil.
Gordon era um outro pesquisador, seu nome na verdade era Nathan, o apelido surgiu por seu porte físico e por uma partícula, definida como "partícula fofa", que tinha o nome de "Gordo". Assim dando o apelido ao entusiasta, adorador de culinária. Talvez o preferido de Kevin, sempre criava novas receitas químicas que resultavam em comidas deliciosas.
Kevin pegou um monte de tortinhas, logo já estava com as bochechas cheias e estômago feliz. De olhos brilhando, perguntou:
— Onde ele tá? Eu quero mais!
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SHOCK (OBYON-Livro1)
MaceraSHOCK conta a jornada do garoto Kevin para se tornar um herói. Ele, porém, encontra problemas maiores dentro do próprio lar, além de uma rivalidade misteriosa. Busca então descobrir o que acontece ao seu redor e entender o que são seus poderes e seu...