SHOCK (OBYON-Livro1)

Capítulo 5 [ Luzes Escuras ]

Capitulo Cinco.

A floresta parecia muito mais curta na volta, para Kevin. Com o braço sob os ombros dele, Keith se apoiava, ainda fraca. Ao lado, o menino de olhos grandes caminhava com a cabeça baixa. Ao contrário de antes, Alroy estava bem atrás, com olhar fixo no céu, que começara a clarear.

As árvores projetavam a escuridão pelo caminho deles. Passo na luz, passo nas sombras, passo certo, passo errado. Todos pareciam à deriva, em um mar de arrependimento, tristeza, medo e dor.

Kevin olhou para trás. Alroy notou, mas continuou a observar a ponta das árvores.

— Alroy! – Kevin quebrou o silêncio com raiva em sua voz.

Ele não respondera, até diminuiu o passo.

— Como conseguiu seus poderes? – continuou Kevin.

Alroy fez um "Pff" e respondeu:

— Como você conseguiu os seus, idiota?

Kevin voltou seu olhar para frente. Ele estava com raiva. Bem lá no fundo, ele queria chorar, sem nem saber o porquê.

— Quem é aquela mulher? – Kevin não desistiu de perguntar.

— A dona do bar.

— Você faz algo com ela, não é? Reclamou que ela não o chamou dessa vez.

Alroy riu de forma estridente. Abriu os braços, estendendo-os. Olhou ao céu e disse:

— PARECE QUE ALGUÉM QUER FAZER PARTE DA EQUIPE. O QUE EU FIZ PARA MERECER MAIS UM IDIOTA NO MEU CAMINHO? ACHO QUE AGORA EU ATÉ GOSTO DO "FIRE" – ria desconexamente enquanto falava.

Kevin ainda não perdera o medo de Alroy, ele parecia um psicopata maluco.

— EU TE ASSUSTO, KEVIN?

Kevin arrepiou. Alroy continuou:

— Você é mais novo, mas nem por isso precisa ser tão tapado – Voltou a gritar – O QUE VAI DIZER PRO SEU PAPAI? "Fiz merda na cidade e agora sou um herói público, me dá um uniforme"?

Kevin franziu o máximo possível as sobrancelhas.

— Por que você não pode responder uma coisa sequer sem parecer um maníaco? Já pensou em talvez ajudar, até porque você também está envolvido nisso, e como "vilão".

— Prefiro que tenham medo de mim! Sabe a garota? Tesha. Ela não é assustadora? – Alroy riu – e mesmo assim ela já salvou mais pessoas do que você matou formigas.

— Eu nunca matei uma formiga.

— Por isso é tão tapado – Alroy nem deixou Kevin continuar – eu tenho coisas mais importantes para me preocupar do que crianças me desenharem com chifres e rabo.

— E o que seria, exatamente? – Kevin notou que a voz de Alroy mudou, ele parecia ter uma preocupação de verdade, ou só estava o manipulando? Era impossível dizer.

— Opa, não vou poder contar agora, já estamos chegando – Alroy mudou de assunto, apontando para o laboratório, logo ao final da floresta.

As pernas de Kevin já doíam. Ele não tinha certeza se por andar mais que o normal ou por ter usado o poder daquela forma. Estava ofegante.

Alguns passos e eles chegaram em frente à porta.

— E agora? – perguntou Keith, quase deslizando dos braços de Kevin, que parecia querer solta-la.

Um estridente som de plástico se movendo. Um trinco abaixando.

A porta se abriu, rapidamente, por dentro.