Capítulo Oito, Epílogo.
Faíscas caíam do teto, com pequenas partes do mesmo. Todo o laboratório estava destruído, não importava mais o ângulo que se via.
O silêncio perdurava no ar.
— Alroy... – sussurrou Kevin, tentando se levantar do chão.
Alroy estava parado, em frente ao corpo de Emil agora. Seu luto era visível. Ele se agachou, pôs a mão no peito de seu pai, ajeitou os dedos, tentando imitar Kevin.
- Eu... eu.... Por favor...
Carregou sua energia, tentando fazer o coração de Emil voltar a bater.
Nada acontecia.
Alroy soluçava.
— Por que não funciona? KEVIN, FAZ... FAZ ISSO... ME AJUDA.
Kevin tentou se levantar, cada parte de seu corpo parecia pesar uma tonelada.
— VAMOS, VOLTA. EMI... PAI... – Alroy continuava a tentar – O que... o que eu vou dizer para mãe? Por favor...
— Alroy... acho que é muito tarde... – disse Kevin com lágrimas nos olhos.
Ele tentava se firmar em pé, dando um passo em direção a Alroy.
— NÃO... ainda não... ele... ele não teve tempo... de me pedir desculpas... Kevin...
Alroy fechara os olhos, os forçando ao máximo, tentando engolir o choro.
Sua energia parara.
— Alroy...
Kevin conseguiu colocar a mão no ombro dele, finalmente.
Alroy soltara tudo que havia de ar em seu pulmão. Respirou fundo, com a boca.
Alroy estava paralisado.
Depois de um longo silêncio, Kevin perguntou:
— Por que... por que você... não me contou?
— Eu... eu tinha raiva dele – Alroy finalmente respondeu a uma pergunta.
— Por quê?
— Ele me tirou da minha mãe, da minha escola, dos meus amigos; para vir para cá. Só por causa dos meus poderes, me tirou tudo, sem que eu tivesse escolha.
— Eu sinto muito...
Alroy continuou:
— Maldito... como pôde me fazer chorar por você agora... pai?
Kevin que estava chorando também, falou:
— Você... você jamais deixou ele fazer testes, não é? Foi por isso, não é?
— Era o mínimo que eu podia fazer, depois do que ele fez comigo. Felizmente você estava aqui para suprir meu lugar.
Kevin ouviu sons de sirene. As pessoas que viram ele saindo do bar devem ter contado para a polícia, que estava chegando.
— Temos que ir, Alroy!
Alroy se agachou, pegou algo no braço de Emil.
— Toma, isso é seu!
— O que?
Era uma pulseira.
— Claro que não, ele é.... Era... Seu pai, deve ficar com você!
— Não vou discutir isso, pegue logo ou vou deixar aqui.
Kevin hesitou um pouco.
— Tá bem, vou guardar para você. Vamos encontrar Tesha, temos que ir para outro lugar. Não acabou, Alroy, podemos...
Alroy começou a andar, ignorando Kevin, caminhou até o buraco na parede, que levava para fora do laboratório. Parou ali, olhou para trás. Seu rosto estava muito triste, ainda com lágrimas. Levantou a mão direita, acenando um "Adeus".
— Não! Por favor, Alroy. Não vá! Não... não me deixe aqui sozinho...
— Até uma próxima... – Alroy sussurrou, inclinando a cabeça para o lado.
O corpo de Alroy se envolveu em eletricidade, tornando-se apenas luz. Então saiu voando pelo chão, seguindo o caminho para além das montanhas.
Kevin se viu sozinho, perdido. Tudo que ele fez a vida inteira estava acabado, nada sobrou. Um peso sem tamanho tomava seu corpo.
Ouviu mais uma vez as sirenes, bem perto agora.
Ele foi até a única árvore, encostou a cabeça nela.
— Pai... mãe... me ajudem, me guiem, por favor...
As sirenes se intensificavam.
Voltou para o laboratório, saindo pelo outro lado. A porta estava quebrada no meio. Emil tinha razão, todas as vezes que Kevin passava ali, pela porta, ele era uma pessoa diferente.
"Não acabou... eu vou encontra-los. Vou encontrar quem comprava as informações de Gordon, eu vou acabar com tudo isso. Vou descobrir sobre a lenda, encontrar os outros como nós, vou descobrir nosso objetivo aqui."
Olhando para trás, Kevin se despediu. De sua árvore, de Emil, de seu lar, seus amigos. Olhando agora para frente, Kevin acenou para sua nova vida, seus objetivos, sua jornada para se tornar herói. Agora o mundo era seu novo lar.
Deu um passo além da porta.
Outro passo, outro e outro, até passar de andar para correr. Braços firmes, na altura da cabeça, descendo, subindo, pés na frente, atrás, na frente, cada vez mais rápido. Ninguém podia ouvir a dor gritando do corpo de Kevin, apenas se via alguém sozinho, correndo para a liberdade, para a redenção. Ele não sabia para onde iria, o que iria fazer, ou qualquer coisa racional naquele momento. Apenas estava correndo, para talvez um novo lugar, talvez um novo mundo, uma nova jornada.
Fim.
Continua em SHOCK II.
Logo ao fim da linha, Kevin, caído e desmaiado. Alroy pulava de vagão em vagão, tentando fugir do "Punidor", que estava subindo pelo vão no teto. O trem ficava cada vez mais devagar, mas não seria o suficiente para estacionar antes de chegar até Kevin. Alroy carregou o máximo de seu poder, envolvendo suas mãos por um círculo de raios laranjas e pulando, quase voando. Enquanto ainda no ar, seu poder se intensificava. Já em cima do trem, o "Punidor" amassava a lataria do metro a cada passo, ele firmou os pés, se preparando para pular e alcançar Alroy. Havia apenas uma chance e dois objetivos: Parar o Punidor e salvar Kevin. Seria Alroy capaz?
Descubra em SHOCK II...
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SHOCK (OBYON-Livro1)
AdventureSHOCK conta a jornada do garoto Kevin para se tornar um herói. Ele, porém, encontra problemas maiores dentro do próprio lar, além de uma rivalidade misteriosa. Busca então descobrir o que acontece ao seu redor e entender o que são seus poderes e seu...