Capítulo 7 [ Formiga ]

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Capítulo Sete

Depois do fervor no laboratório, depois de todos os policiais e pessoas do governo saírem, Emil entrou novamente, passando pela faixa amarela. O dia estava quieto, já passava de cinco da tarde e o doutor nem havia notado o tempo passar. Encontrou Gordon fuçando o que não foi levado na sala ao lado da cozinha.

— Tudo bem? – perguntou Emil.

— Sim, ainda não cortaram luz, nem nada, mas... – ele hesitou.

— Suas coisas, não é? – deduziu Emil.

— É... – Gordon sentou ao chão, triste, e continuou — Tudo que nós fizemos aqui. Eu estava animado em voltar, rever vocês. Agora não será fácil...

— Sim, nem posso imaginar, Gordon! Mas nós sabíamos que alguma hora iria acontecer.

— Eu só esperava que não enquanto eu estivesse aqui...

Emil achou que era egoísmo da parte de Gordon, que continuou:

— Ele se animou em me ver, não é?

— Muito...

— Você deixou claro pro Kevin que não foi culpa dele?

— Sim, não se preocupe.

Emil apoiou o braço na porta.

— Bem... vou aproveitar o que nos restou de eletricidade e preparar algum gerador para essa noite.

— Tudo bem, tudo bem – Gordon concluiu a conversa.

Emil, depois de ativar um gerador, sentou-se numa das poltronas na sala principal, com as grandes janelas para o jardim. Sacou o controle remoto e ligou a televisão. No segundo que as cores apareceram ele se tocou que iriam passar somente notícias sobre Kevin. Para sorte dele, estava passando desenho animado.

O dia começara a escurecer já. O vento estava forte, dava para ouvir as folhas das árvores se movendo. Kevin saía da floresta, logo no começo da cidade. De longe, já viu algumas pessoas em frente ao bar da Tesha, mas estava interditado. Não poderia ir para lá, todos o reconheceriam.

Kevin subiu uma lata de lixo em um beco, escalou a parede até chegar na escada de incêndio e subiu. Era um prédio baixo, menor que a montanha de rochas ao lado. Fez um caminho através de uma tábua de madeira para passar para a próxima construção, abandonada. Depois dela havia apenas um prédio de três andares antes do bar, mas nenhuma conexão por cima. Ele teria que pular para a outra escada. Kevin jamais fez algo tão perigoso assim, não sabia se seus poderes ajudariam em algo.

Alguns minutos tomando coragem e então se decidiu. Ele pegou distância, firmou os pés e se concentrou para envolver o corpo com a eletricidade, caso o ajudasse em algo – Kevin não sabia. Viu a lua cheia no céu, deixando o começo de noite claríssimo, isso o deu calma e paz. Fechou os olhos e quando os abriu novamente, iniciou a corrida.

Passo, passo, passo, passo e finalmente o impulso máximo com os pés. Enquanto no ar, podia sentir o medo da altura, de cair, de todos rirem dele por ter morrido na primeira tentativa de ser herói. Seu salto foi perfeito, alcançou a escada com facilidade, sem precisar se agarrar em algo ou escalar. Seu pouso fez um barulho muito alto, ele torceu para que nenhum morador achasse que era um ladrão. Subiu as escadas e chegou ao topo do prédio, observando, da ponta, o bar do outro lado da rua.

Pessoas estavam tentando entrar, o segurança impedia na frente da porta, dizendo que o bar estava fechado e não iria abrir tão cedo. A pequena multidão, na verdade, queria saber sobre Kevin e não ouvir música ou beber – a maioria pelo menos, com certeza ao menos um deles só queria isso mesmo. Kevin precisava entrar e falar com Tesha, mas o local estava escuro, não parecia ter alguém lá. Ele não tinha outra opção, iria esperar. Sentou na quina do prédio, encostado em um ar condicionado – ou algo do tipo.

SHOCK (OBYON-Livro1)Onde histórias criam vida. Descubra agora