08 - Largue do meu pé!

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O vento não soprava a favor deles. Mas não pense que a nossa aspirante a rainha ficaria parada só olhando. Uma promessa havia sido feita e ela queria 'muuuuito' poder cumpri-la. Brígida esperou por alguns dias para poder encontrar-se com Afonso novamente, sem que sua mãe desconfiasse.

O rapaz procurou respeitar o pedido da rainha evitando sair de seu quarto nas horas em que as princesas costumavam andar pelo castelo. Mas de nada adianta tanto esforço, quando Brígida decide por algo.

De alguma forma ela sabia as horas em que ele costumava sair. Ela esperou que Afonso saísse do quarto e o seguiu silenciosamente.

O rapaz foi para o estábulo. Ele queria uns fios do rabo do cavalo. Brígida foi sorrateira e esperou o melhor momento para falar com ele.

Sempre brincalhona, de repente ela saiu de trás de uma parede e assustou o jovem.

— Há! — Gritou ele. 

Quando viu que se tratava dela, ele disse. — Afaste-se. Eu não quero ser visto com você. Principalmente por sua mãe!

Ele quis sair dali o mais rápido possível, mas a única saída era a mesma que a princesa impedia a passagem.

— Por que este medo bobo? Não há ninguém por perto... E minha mãe nunca vem aqui.

— Sua mãe pode até ser. Mas as outras pessoas...

— Você acha que eu não tomei cuidado antes de entrar? Eu realmente preciso falar com você.

— Não devemos nem se quer nos ver de longe, quanto mais nos falarmos cara a cara.

Sem dar as costas a ela, ele foi se afastando, ao contrário dela que se aproximava cada vez mais.

Sua mãe não lhe disse que não nos quer juntos? Nem por acidente?

Sim! Mas quem obedece a minha mãe?!

— Eu obedeço!

Colocando o jovem contra a parede: — Te fiz uma promessa, você se lembra? E até onde posso me lembrar você ficou bem empolgado. — Ela se manteve perto, mas não o tocou, as suas mãos ficaram atrás de seu corpo. Mas para sua mãe aquilo já era muita intimidade.

Afonso manteve os seus braços bem abertos juntos a parede, de modo que qualquer um pudesse ver que ele não estava tocando na princesa. 

— Não me importo mais com as suas promessas, alteza. A promessa da rainha Louise me faz mais sentido agora. — O rapaz estava ficando pálido e olhando por detrás dela, para ver se não havia alguém olhando. 

Ela estava se divertindo com o medo dele. Quase que o nariz da jovem tocou o dele, de tão perto que ela chegou do rapaz. 

Mas rapidamente ela se afastou e disse: — Entendo que não esteja mais interessado em aprender por causa de minha mãe. Mas não irei desistir. Sou igual ao meu pai, sempre cumpro com a minha palavra.

— Já lhe disse!!   — Tapou a própria boca quando lembrou-se que seu tom de voz chamaria a atenção de alguém. 

Motivo o suficiente para a princesa dar uma boa risada.

— Se o problema é este alteza, não se preocupe, já que não houve testemunhas, eu nunca direi a ninguém que teve que descumprir uma promessa. Você tem a minha palavra.

— Quem garante que você não volte em sua palavra uma vez que você pede tão facilmente que eu volte atrás na minha?

— Apenas desista do que disse e pronto!

— Pareço ser uma pessoa que desiste fácil?

— Qual o seu problema princesa?! Não há nada que eu diga que a fará desistir desta ideia?

— Nada! — Se afastou ainda mais dele, deixando o respirar. — Tenho que ir, até mais tarde. — Ela acenou com uma das mãos se despedindo do rapaz.

Afonso desconfiado seguiu ela até a saída do estábulo, e ter certeza, de que a moça realmente tivesse ido em bora. E não foi só isto, ele olhou canto por canto do local até entre os cavalos, para ver se não havia ninguém escondido como testemunha do encontro deles e fosse direto relatar para a rainha.

Brígida apenas ria da situação, mas deixou Afonso fazer o seu trabalho e foi fazer o que mais gostava, passear pelo jardim e colher frutinhas. Lá certamente ela passaria a tarde toda.

Afonso pegou o que foi buscar, voltou ao seu quarto o mais rápido que pode todo desconfiado, esperando pelo pior. Pediu ao guarda em pé ao lado de sua porta, que se qualquer uma das princesas quisesse vê-lo, que dissesse a alas que: "ele é quem não queria vê-las". 

E trancando sua porta por dentro, permaneceu lá a tarde toda. Havia água e pão, era tudo o que ele precisava par não ter que sair dali por um bom tempo.

— Vou fazer primeiro o corpo de todas as bonecas, com isso pouparei muito tempo. Há acabo de me lembrar, uma destas tem que ser um boneco.

Afonso lembrou se do rosto da princesa bem próximo ao dele e sorriu. Mas sacudindo o rosto repreendeu se por pensar nela. — Não seja tolo, ela só está querendo provocar a rainha, é claro que ela não está interessada em você seu bobo! E mesmo que estivesse, o que um plebeu quer no meio dos nobres a não ser para servi-los?

Ele concentrou-se no seu serviço, esvaziando a sua mente de todo o resto, incluindo Brígida.

Assim a tarde se foi. Ele estava exausto, por permanecer muito tempo na mesma posição, espreguiçou se para aliviar a suas costas, quando percebeu um alvoroço nos corredores do castelo e resolveu abrir a porta. Nem mesmo o guarda se encontrava mais ali. 

Tentou encontrar um criado e perguntar o que se passava. E um lhes contou que a rainha estava prestes a dar a luz. E que todos torciam para que fosse um menino. Á noticia logo se espalhou por todo o castelo. 

Afonso se lembrou do que Brígida lhes disse antes, que ela não queria ser rainha e que gostaria que sua mãe desse a luz a um menino. Assim todos estariam satisfeitos.

A noite chegou e a rainha deu a luz a um menino. O tão desejado herdeiro para o trono havia chegado. Brígida logo foi avisada de que se tratava de um menino, ela era a mais interessada no assunto, depois do rei. É claro!

Assim que pode a rainha ordenou que um mensageiro fosse enviado ao campo de batalha, onde o rei se encontrava para lhe dar a boa noticia.

O rei já era um homem de meia idade. Naquela época os homens não viviam muito. E isto significava muito para ele ter um filho, para prosseguir a sua linhagem, era tudo o que mais ele queria.

O reino todo ficou em festa e queria conhecer o herdeiro do rei. Suas filhas não escondiam a felicidade se ter um irmãozinho. Mas a rainha não poderia apresentar a criança ao povo sem o rei estar presente. Mesmo assim a população estava feliz só de saber que se tratava realmente de um menino.

As pessoas preferiam serem governadas por homens do que por mulheres. E por mais que o rei via em Brígida, muitas qualidades para de tornar uma perfeita rainha, ele não queria vê-la ser desprezada por seu povo. Ele também estava ciente dos desejos e opinião de sua filha mais velha e que apesar de tudo, estava ao seu lado para o que desse e viesse. 

O Fabricante de Bonecas (Finalizado)Onde histórias criam vida. Descubra agora