Homem de Ferro: Laços

Capítulo 8

Tony passou quase a noite toda acordado pensando nessa sua nova ideia. Tinha dormido apenas umas quarto horas. Se sentia virado, como se tivesse participado de uma maratona. Mal esperava para ver a Pepper e começar as investigações.

- Nossa que cara de acabado é essa? - Pepper perguntava ao ir abraçá-lo.

- Acho que dormi pouco.

- Você acha? Que horas você foi dormir ontem? As 6 da manhã? Tony eu fui dormir meia noite.

- Tá eu sei mas a culpa não foi minha. Foi da TV.

- Ah sim claro. E o que te fez ficar acordado esse tempo todo? Não me diga que foi assistir uma série.

- Não, se eu tivesse ido ver uma ainda estaria na frente da TV. Foi por causa de uns comerciais.

- Que comerciais? Tony querido você detesta comercial.

- Era um comercial infantil... - Tony respirou fundo ao continuar - Sobre brinquedos e tal...

Pepper tentou disfarçar o olhar triste. Sabia que Tony também tinha sido atingido, ela o envolvera no seu sonho de ter um filho, e também na sua decepção ao descobrir que não teria um tão cedo.

- Olha sei que você também está chateado com isso mas... - Pepper dizia aquilo para Tony como se dizia para si mesmo - precisamos superar.

- Eu sei eu sei mas eu não consegui não imaginar sabe. - Tony gesticulava indignado, consigo mesmo.

Pepper o entendia perfeitamente. Sabia o que ele sentia. Mas o quanto ficasse preso a ideia jamais superaria, conhecia Tony, sabia também que quando empacava com alguma coisa não a largava facilmente. Ela o acalmou. Estava tão arrasada quanto Tony mas não podia deixar aparecer, iria suportar, nem que fosse só por ele. No momento um dos lados precisariam levantar o outro, e Pepper tinha certeza que aquilo feriu uma parte do ego de Tony, "Como assim o Homem de Ferro não pode ter uma criança?" ela se imaginava como se fosse ele. Teria que superar aquilo por ambos.

- Mas pensando agora, - Tony dizia como se não tivesse segundas intenções - seria incrível termos um menino...

- Ah, na verdade eu preferiria uma menina...

"Opa nisso nós concordamos" pensava Tony enquanto elaborava outras perguntas.

- Verdade também acho que seria bem mais...como se fala? Legal?

- Meninas são mais atenciosas. - sorriu Pepper ao responder.

"Mordeu a isca" pensava Tony "Será que é maldade? Eu deveria falar para ela?". Mas ao fazer as perguntas, Tony viu que a esposa se animava um pouco mais. "Aguenta querida, só mais um pouco", talvez aquilo seria o animo dela no momento.

- E bem mais bonita. Já pensou se ela fosse alta? Quem sabe fosse um pouco loira igual a você.

- A cor do cabelo não seria tão importante assim. Mas alta não, seria bem mais fofa se não fosse tão " comprida"

- Hmm e se ela parecesse com aquelas modelos adolescentes? - Tony jogava mais idéias na conversa.

- É, seria bem bonita mas querido estamos falando, ou melhor, imaginando a adoção ou a criação da criança? Num orfanato não podemos 'montar uma filha como se fosse uma boneca'.

- Sei disso Pep, é só que...eu quis imaginar sabe. A ideia me pareceu interessante...

Pepper suspirou. Sabia que não podia impedir Tony de pensar no que ele quisesse, mas se aquilo passasse dos limites ela teria que dar um basta.

- Vamos Tony o dia vai ser longo hoje.

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O dia realmente foi longo, cheio de reuniões chatas, patrocinadores frescos e pessoas irritantes. Os dois estavam aliviados por estarem em casa. Pepper se preparou para ir dormir enquanto Tony tinha seus próprios planos.

Disse para Pepper que ficaria acordado por causa de um novo projeto, lhe desejou uma boa noite com um beijo e esperou que ela dormisse. Precisaria de bastante concentração para fazer o que queria.

- Sexta-Feira, - disse Tony adentrando o laboratório - quero que bloqueie qualquer entrada de qualquer pessoa que não seja eu a partir de agora. Nem Pepper Potts pode saber o que estou fazendo aqui, preciso de total sigilo.

Tony se assentou numa mesa que tinha tirado de seu escritório e começou a desenhar. Não era bom com artes mas daria seu jeito. Criou seus primeiros esboços usando suas armaduras como base e...

Céus...

"Que horror..." pensava ele ao olhar o esboço e ver mais um homem do que uma mulher. Rasgou o papel e refez o desenho.

Dois, três, sete, doze... A quantidade de papéis só aumentava. Um lixo que havia improvisado já estava mais que transbordando. Precisava ao menos ter o desenho em mãos, só precisava isso para começar.

Nada dava certo.

Tony fazia, refazia, nada saia digno de ser guardado ou reaproveitado. Estava ficando frustrado.

Assistiu a vários vídeos de desfiles de modelos adolescentes, de séries, de filmes, tudo de maneira resumida. Juntava as informações que obteve de Pepper e não consegui pensar em nada. "Por quê??".

Então Tony percebeu que estava se preocupando demais com a opinião dos outros, "Estou criando a menina por nós, não pelos outros", então se atentou apenas no que ele e Pepper, no máximo, queriam.

- Uma moça...bonita...uma moça...surreal...

Então Tony deixou que seus dedos movessem livre e levemente no papel... "Minha filha..." dizia para si enquanto criava as bases de sua filha.

Durou mais ou menos umas duas horas para terminar o desenho e seus detalhes. Tony se levantou e ergueu o desenho. Ele o afastava e depois o aproximava da sua visão. Não tinha outra palavra a dizer a não ser:

- É ela. Nossa filha... Minha menina... Está linda...

Aos olhos de Tony o rosto dela na folha parecia resplandecer como uma princesa intocável. Um sonho quase inalcançável. Mas que logo sairia do papel e se tornaria verdade.

Levaria sete meses, chutando por cima, para construí-la mas todo o tempo e esforço do mundo serviria... Valeria a pena... Correria para alcançar esse prazo e até para antecipá-lo caso fosse possível.

- Vem logo querida... Seus pais a esperam...

Tony conversava com o pedaço de papel como se fosse uma pessoa de verdade. Colocou o desenho sobre a mesa e desabou de sono sobre ela. Já era quase nove da manhã, e tinha que trabalhar no dia seguinte.

"Antes mesmo de nascer você já me esgota." pensava sorrindo.

Foi virado trabalhar naquela manhã, mas nunca estivera tão feliz em se sentir cansado.

Pepper o observava, preocupada, mas era o Tony, ele era assim, devoto aos seus projetos, as suas criações.