A princesa não pode dormir por toda a noite. Nunca desejou a morte de ninguém, ainda mais em seu nome. Mas não imaginou que as ambições de Jeremy o tornariam tão leviano a ponto de se oferecer para morrer. Quais eram as chances deles descobrirem as respostas dos enigmas, se ela própria os escolheu por não saber as respostas? E agora ainda tinha que lidar com o tal de Kai, com quem dançou no baile na noite anterior. De onde surgira aquele louco? Se perguntou se não haviam outras princesas desejosas de se casarem para que aqueles príncipes inoportunos pudessem deixá-la em paz.
Infelizmente sabia que Valachia era superestimada e que os reinos vizinhos desejavam estreitar os laços, e nenhum contrato seria tão vantajoso quanto casar com a herdeira do reino.
Para Bonnie, Jeremy e Kai eram dois interesseiros, capazes de dar sua vida por um reino. Ela sempre soube que Jeremy era desmedidamente ambicioso, era o caçula de quarto outros irmãos, provavelmente jamais assumiria o trono de Suden, então embarcava em aventuras a torta e a direita, e buscava sempre uma princesa para se casar. Mas ela não sabia nada sobre Kai, Vivant era muito distante, ela sequer conhecia o longínquo reino, mas julgou que talvez estivessem passando por uma crise, e por isso o caça dotes estava atrás de se casar com ela.
Apenas isso justificaria sua arriscada postura perante um desafio de morte.
Ainda assim, o olhar e o sorriso de Kai não lhe saiam da cabeça. Ele era tão belo, o mais belo que ela já vira em toda sua vida, e quando dançaram ele não lhe causou medo, pelo contrário, se sentiu segura estando nos braços de um completo estranho, e ainda pior um homem.
Virou-se na cama buscando por seu sono, mas não pode dormir. Só conseguia pensar se Kai seria capaz de cumprir o desafio e desvendar os três enigmas.
Damon soube que o príncipe desafiante havia ficado na cidade, ao invés de voltar para a fazenda onde estava hospedado, mandou que alguns guardas vigiassem a fazenda e também o príncipe. Ao cair da noite, dois guardas o avisaram que o jovem príncipe estava em uma das tabernas mais populares entre os plebeus.
Damon vestiu uma capa, que cobria seu fino traje fidalgo e foi atrás do seu oponente. Assim que chegou se sentou em um canto, e ninguém lhe deu grande importância, já Kai era como uma celebridade em meio a plebe, todos pagavam bebidas a ele, e riam com suas histórias de aventuras que viverá. As moças ao seu redor suspiravam com sua beleza e coragem.
⁃ Beba mais jovem príncipe, é pecado morrer sóbrio! Disse o distinto ferreiro oferecendo a Kai uma caneca de cerveja. Todos riram e Kai bebeu depois de brindar com os novos amigos.
⁃ Príncipe de Vivant, posso lhe oferecer a última dança de sua vida? Disse uma jovem que o puxou pela mão até o meio do abarrotado salão. Kai riu e se permitiu levar, rapidamente surgiram alguns instrumentos e eles se colocaram à dançar enquanto toda a gente cantava e se animava com palmas. Quando a música acabou, Kai fez uma reverência a bela donzela que foi seu par e subiu em uma cadeira, então todos silenciaram para ouvi-lo.
⁃ Lamento imensamente desaponta-lós, queridos amigos. Mas eu não morrerei amanhã. Kai disse pegando uma outra caneca de cerveja que lhe ofertaram.
Os plebeus se regojizaram com tamanha confiança do príncipe e comemoraram acreditando em sua palavra. Voltaram a cantar e dançar por mais algumas horas, quando finalmente Kai concluiu que já havia bebido demais, então foi em direção à pensão onde já havia reservado um quarto.
Damon o seguiu, e embora o príncipe estivesse amortecido pelo efeito do álcool, ele tinha sentidos muito aguçados e percebeu alguém se esgueirando atrás dele.
⁃ Posso ajudá-lo nobre amigo? Kai falou enrolando um pouco.
⁃ Talvez possa. Damon disse se aproximando. Ele analisou Kai, o rapaz vestia as mesas roupas da tarde, e apesar de bebado mantinha a postura orgulhosa e irritante. Os olhos um pouco anuviados não perderam o brilho mesmo assim. - Desejo saber o que quer para desistir do desafio da princesa! Damon falou diretamente.
