18- Safira

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Roberta me levou até a casa de Thais onde a Camila me esperava do lado de fora.

–O que aconteceu? – Perguntei saindo do carro.

–Vem ver. – Disse me puxando para dentro de casa.

Ao entrar vi Arthur chorando abraçado com Judith que também estava chorando.

–Quem morreu? – Sussurrou Roberta entrando no local

Thais ao ver que Roberta tinha vindo comigo passou a encarar-me.

–Eu não faço a mínima ideia. Quando cheguei ele estava na porta chorando esperando a Thais. – Disse Camila ao ver que estávamos confusas.

–E como nós – Thais apontou para si mesma e depois para Camila – Não somos o casal – Deu um ênfase na palavra casal – Mais paciente do mundo. Chamamos a Judith para traduzir o que ele estava tentando falar. – Completou

Me aproximei de Arthur e Judith para tentar entender o que havia acontecido.

–Arth... Me conta o que rolou...

–Ele... Ele... – E voltou a chorar

–Ele quem? – Olhei pra Judith

–O Gabriel. – Respondeu como se eu fosse entender tudo com apenas um nome.

–Ta... O que o Irmão do Arth fez?

–Expulsou ele.

Gabriel e Arthur sempre se deram bem. Quase nunca brigavam. Se ele expulsou Arthur a coisa deve ter sido feia...

–Por que?

–Ele pegou o Arth na cama com um garoto.

Todos nós sabíamos que vez ou outra Arthur pegava algum garoto. Ou pelo menos quase todos nós... Não acreditava que o Irmão dele o pôs pra fora por isso, ele parecia ser tão mente aberta.

–Jess – Arth se jogou no meu colo – Vai me deixar também?

–Para de ser idiota! – Fiz ele dar um sorriso fraco.

–Vou pegar os colchões pra vocês. – Disse Thais indo em direção ao seu quarto – Vai ficar Roberta? – A pergunta foi para Ruby mas Thais olhava diretamente para mim.

–Acho melhor eu ir... Só vim trazer a Jess e saber se Arth estava bem.

Ela deu um tchau para todos e saiu. Eu basicamente joguei o Arth em cima da Judith e corri atrás dela.

–Ruby... – Disse me apoiando na janela do carro.

–Ta tudo bem Jess. Seu amigo precisa de você. – Sem me dar chance de dizer nada ela foi embora e eu voltei para dentro de casa.

Dormimos todos na sala com Arthur. A noite toda só escutávamos Arth chorando e Thatty reclamando do barulho.

Na manhã seguinte eu acordei primeiro que todo mundo e fui fazer café. Me surpreendi ao ver que Camila já estava de pé.

–Bom dia – Disse pegando uma xícara.

–Não acredito que Aquele filho da puta botou o irmão pra fora – Disse indignada

–A gente vai ter que resolver essa merda né?! – Disse mais como um sussurro para mim mesma.

–É a gente vai... – Disse pegando as chaves de casa.

–Posso tomar café antes?

–Não. – Me puxou pelo braço e saímos.

Ao chegar na casa de Arthur, Mila começou a testar varias chaves na fechadura.

–Você pegou as chaves do Arth? – Indignei-me

–Não seja idiota. Eu tenho uma cópia. – Fez uma pausa - Na verdade eu tenho uma cópia da chave de todo mundo. – Conseguiu abrir a porta.

Ao entrar na casa ouvimos a voz de Gabriel.

–Eu estou armado! – Disse ele se aproximando ate ver que éramos nós duas.

–Com um copo? – Perguntou Camila quase rindo da cena.

–O que estão fazendo aqui? Cadê o Arth?

–Como assim cadê o Arth? Você expulsou ele de casa! – Camila já havia alterado o tom de voz

–Expulsei? – Ele realmente parecia não saber do que estávamos falando.

–Por ele estar dormido com um cara... – Tentei explicar

–O que é ridículo porque todos nós sabemos que ele faz isso. E ele não é o único da família né Biel?! – Camila parecia saber de alguma coisa que eu não sabia

–É, eu expulsei ele – Finalmente confessou – Da minha cama! Não de casa. – Completou fazendo com que eu e Camila não tivéssemos onde enfiar a cara – Aquele pestinha tava trepando na minha cama.

–Eu vou matar o Arthur... – Disse Camila

–Eu ajudo.

–Porque eu expulsaria ele de casa por isso? Parem de ser bestas. Ele pode chegar aqui com um travesti que vai continuar sendo meu irmão.

Eu e Camila pedimos desculpas por ter acusado ele daquela forma e depois decidimos voltar para Thais e dar na cara do Arthur por ter me feito perder o café da manhã. Mas eu resolvi mudar meus planos. Mila iria voltar e dar na cara de Arth e eu iria para a casa de Roberta lhe fazer uma surpresa.

Passei no centro da cidade e comprei os chocolates favoritos de Roberta. Eu sei que dar chocolate era clichê mas Roberta adorava ganhar chocolate. Vi um ursinho na loja também mas dar chocolate com ursinhos é mais clichê do que tudo. Então sai só com o chocolate. No meio do caminho vi uma mulher que estava doando cães e me aproximei para brincar com um dos filhotes que basicamente pulou no meu colo e começou a me lamber.

–Qual é o nome dele? – Perguntei em meio as lambidas que estava ganhando.

–É ela – Disse a mulher se levantando – E ainda não tem nome. Nem família...

–A Ruby vai me matar se eu te levar pra casa garota... – Comentei olhando aqueles olhos verdes da cadelinha. – Acho que ela vai matar a nós duas mas eu vou te levar.

Continuei o meu caminho com uma cadelinha num braço e chocolates no outro. Ao chegar na casa de Roberta percebi que havia esquecido as chaves então toquei a campainha.

–Ai meu Deus... – Roberta parecia chocada com o cachorro.

–Desculpa. Eu prometo que levo ela pra minha casa...

–Ela é linda – Disse pegando o filhote no colo.

–Serio? – Me espantei com a reação dela. Eu já estava pronta pra ela surtar por causa da cadela.

–Qual o nome dela? – Perguntou brincando com as orelhinhas

–Não sei... Alguma sugestão?

–Os olhos dela são verdes... – Fez uma observação.

–Jade? – Sugeri lembrando do colar que havia dado a Roberta e que ela sempre usava.

–Não. Jade, me faz lembra você. – Comentou. – Gostamos de pedras certo? – Assenti com a cabeça. – O que acha de safira?

–Safira... Gostei...

–O que é isso? – Fitou uma caixa de chocolate ainda em minhas mãos.

–Surpresa! – Brinquei

–Eu te amo Jessy – Sussurrou ainda sentada no chão brincando com a nova moradora.

–Se vou ouvir isso toda vez que te der chocolates, todo dia apareço com uma caixa – Me sentei ao seu lado.

–Se depender de mim, você vai escutar isso todos os dias em que acordar do meu lado – Disse se aproximando mas acabou beijando Safira que entrou no meio fazendo com que nós caíssemos no riso.

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