PainKiller

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Nos momentos seguintes em que Silva tinha saindo da vista do Panic Switch, Marco e Ivo carregaram Beto até o carro de Franco. A testa de Beto jorrava sangue, mesmo com a compressa que Marco lhe fazia.

Assim Ivo agora estava no Porto Seco, um casarão abandonado que ainda mostrava os seus traços de beleza, a sede da gangue contrabandista que acabara de se envolver ainda que de forma inesperada.

Franco era receoso, não gostava de Ivo e de certa forma a presença dele ali era mantida por um interesse seu, havia uma vantagem contida no rapaz que o faria ser o mais temido chefe daquele lugar, bastava domar o garoto a seu favor, e isso parecia ser fácil demais.

-Ivo! -Franco chama a atenção do rapaz e lhe estende sua adaga- vamos, o que está esperando? Use seu sangue, me mostre do que é capaz!

-Ivo não precisou de mais explicações, sabia o que tinha a fazer. Cortou a palma de sua mão, e despejou o sangue em um cálice de prata que encontrara no cômodo, pois já haviam se instalado no suposto quarto de Beto.

Tentou fazer com que Beto pudesse beber ao menos uma gota, ele a rejeitava, como se temesse ser um veneno, Ivo o forçou a beber até ele quase engasgar. Franco olhava fixo para Ivo, não era a primeira vez que fazia aquilo, certamente que os escritos eram reais e isso o animava, pensou por um segundo em mandar retirar até a última gota de sangue no corpo de Ivo, porém os apelos de Beto o tiraram disso, ele chamava pelo nome de “Elena” e lhe pedia mil perdões.

Então os apelos se tornaram berros quando a testa de Beto começou a tomar forma, ele gemia de dor intensa, e por fim, junto com o sangramento, o inchaço e a fissura desapareceram e Beto se calou num desmaio.

-O que houve? Ele está vivo? - Pergunta Marco, agarrando a mão que Ivo segurava o cálice de sangue. Encontrou uma resistência inesperada do rapaz, pois era mais forte do que havia julgado

-Está, só entrou em choque e desmaiou, dê tempo a ele, só isso- Ivo respondeu friamente, retirando a mão de Marco de si- se você continuar vai sair daqui em pior estado que ele.

-Impressionante! Em nome da mãe imaculada, isso é impressionante... você é um achado Ivo, desça depois, vai procurar umas roupas que caibam em você- expressa Franco acendendo outro cigarro.

-Quem é Elena? -Indaga Ivo, agora estudando o ambiente em que se encontrava, além de uma cama haviam roupas jogadas em diversos tipos de cômodas, garrafas de whisky caros e uma escrivaninha ao lado da cama com alguns rascunhos de cartas.

-Esposa dele, tem dois filhos também, ele vive preocupado com eles, às vezes consigo mandar umas correspondências, infelizmente elas nunca tiveram respostas... Você é um moleque muito enxerido- Franco dizia à sair pela porta puxado por outros problemas além de Beto, contudo, naquele momento seu coração estava dividido, Ivo sem dúvidas era o que dizia e também uma vantagem necessária, isso fazia Franco ignorar uma voz profunda que pedia para mandá-lo fora dali, não gostava dele, nem de seus olhos. Tinha de admitir que os muitos anos naquele antro o tornaram um homem completamente paranoico.

A avó de Ivo entraria em pânico se o visse vestido daquela forma, jeans azul com uma simples camisa branca e usando um calçado com a marca de uma estrela do lado. Era o que servia nele dos que Marco lhe jogou para vestir. Logo estava no pátio onde os homens e as mercadorias se movimentam com diversos pacotes, animais e até pessoas. Ivo percebeu que tudo ali era negociável e que tudo era fornecido por contatos externos.

Todos se reuniram em grandes e pequenos grupos para a refeição, ele se juntou ao grupo onde estava Marco. E claro eles discutiam sobre o incidente no bar e como Silva voltou à ativa depois de quase ter sido dada como morta.

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