Codinome Beija-flor

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-Hoje irei morrer!  Sei que é difícil para mim e para você; minha cara neta. Estamos morrendo a cada dia mais cedo de doenças ao invés de velhice, os Mantas Negra estão perdendo a graça de seu sangue e se libertando de suas maldições de geração por geração.

Os Adu tiveram unhas menores a cada geração, os Karamazov já não enfeitiçam tanto com sua voz, oh, os Dicesar, aqueles malditos, não tem mais a força de dez homens, e eles ainda foram roubados. Sade…(tosse seca) Sade, chegue mais perto, ainda não posso te ver melhor, quero olhar nos seus olhos.

A velha e decrépita Tarja tosse seco outra vez, isso ecoa de forma vazia no seu quarto luxuoso em um prédio tão antigo quanto aquele lugar, trezentos anos para ser exato.

Sade então se aproxima, ela
veste o seu manto dos indignos, traje símbolo dos Mantas Negra, uma grande manta como sugere, cobrindo totalmente suas mãos, pescoço e pés, com um longo capuz que lhe cobre o rosto e sempre uma máscara escondendo suas verdadeiras faces, algumas moldadas a preferência do usuário, a de Sade era a de uma máscara no estilo grego com um sorriso expressivo, porém seu rosto original é revelado pelo pedido de sua avó e a face redonda de uma jovem em seus dourados vinte anos surge de forma embaçada na visão da velha.

Sem problemas, a lembrança da menina se mantém em sua memória: um rosto angelical, marcado por olhos de mel, lábios pequenos e sua pele bronzeada, aquela que criou como neta, que viu surgir das ruas com tamanha força e cresceu a superando, por isso Tarja lhe entregou herança e nome e com o segredo do Mantas Negras, Tarja doou os seus dons e maldições para Sade ser sua sucessora, o segredo tinha o codinome beija-flor, assim usado para se referir a passagem de um dom ou força, ou talvez, a retirada deles.

A roupa de baixo de Sade, extremamente apertada, emitia um som estranho enquanto ela se movia, era como um traje que lhe cobria até a ponta dos dedos e negro como o seu manto, isso fazia de Sade uma sombra inerte a não ser pelo som do couro elastecido, como todos os Adu deveriam ser e ter.

-Existem deveres que você deve cumprir menina. Temo que a sua falta de ideias a deixe perdida, mas eu ordeno, faça o que tem que fazer em nome dos Adu. Três missões eu tenho que te dar, e só depois!...  Apenas depois!... Quero que fique livre disso, de tudo isso, encontre um sentido para a sua vida, acredite, eu irei triste com a lembrança do olhar vazio e sem propósito de minha neta. Mas três coisas em meu nome você irá fazer:
Reconstrua nossa delegação;
Dê cidadania aos nossos residentes;
E mate Silvana ou Silva Cano Alto, ela é um monstro sem poderes que venceu um monstro com poder e o tomou, e ela pode fazer isso com o resto de nós, e se o fizer, será o fim dos Mantas Negras e de nossa Masmorra!

Sade não disse palavra, apenas afirmou com a cabeça e se dignou a retirar-se e deixar sua avó descansar em silêncio.
O último grande Adu morreu doze horas depois.

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A reunião pós luto anunciou a chegada do novo delegado da quarta. Depois de anos apenas seis famílias ficaram no comando da masmorra, e somente uma continuou extremamente rica com a situação: os Villa Lobos, Alejandro era o chefe atual deles e seus novos métodos trouxeram o contrabando com toda força, o tráfico ficou mais forte e tornou-se mais lucrativo que a prisão de novos residentes, isso envergonha os outros quatro membros, os deixando obsoletos e imóveis, e agora, uma garota adotada assumia a quarta delegação, nada poderia ser mais ultrajante a não ser pelas exigências dela na reunião presente.

-Pronuncie todos em uníssono o juramento solene dos Mantas Negras- Anuncia Karamazov o mais velho dos Mantas Negras dessa geração- aqueles que criaram e que controlam a Masmorra da Serpente.

E todos os seguem com o verso:
“Já fomos condenados
Condenaremos a todos eles
Já fomos amaldiçoados
Amaldiçoaremos a todos eles
Nos foi tirada a Liberdade
Os prenderemos em grilhões
Não temos divindade ou humanidade
Eles muito menos
Nossos mantos escondem quem somos
Os indignos não nos verão
Julgados em vida serão”

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