Capítulo 14

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Jungkook fitava o portão da sua garagem por um tempo consideravelmente longo, ainda sentindo todo seu corpo formigar em uma onda de reações à inocente memória que rebobinava em sua mente.

Era um mistério para ele de onde tirara coragem para encostar seus lábios em Min Yoongi e, até o momento, Jungkook se convencera de que aquela pessoa não era ele ou tudo não se passara de um simples sonho. Um sonho bom demais, diga-se de passagem. Corou ainda mais com o pensamento e buscou afastar o acontecimento da cabeça enquanto descia do carro e abria a porta traseira para tomar a filha adormecida no banco, em seus braços.

O Jeon certificou-se de ter trancado o automóvel, andou com um cuidado exagerado para não despertar Hyerin, esparramada em seu colo com a cabecinha deitada em seu ombro e a respiração serena contra seu pescoço, e adentrou sua casa com um suspiro de alívio por finalmente estar na segurança da sua residência, longe dos problemas e de um produtor musical que o fazia sentir coisas demais. Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto ao lembrar de Yoongi e foi seguido por suas bochechas ganhando uma forte coloração avermelhada novamente.

Aquele músico o deixaria maluco antes dos trinta.

O sentimento de segurança e tranquilidade se foi quase que imediatamente quando, assim que ligou a luz da sala, seu coração gelou no meio de uma batida rápida demais ao encontrar Kim Taehyung e Jung Hoseok sentados um ao lado do outro de pernas cruzadas no sofá da sua sala. O susto foi tão grande que Jungkook sobressaltou-se e abraçou Hyerin com mais força por conta do movimento brusco, fazendo-a resmungar impaciente durante o sono quase interrompido.

— Ora, ora. — Taehyung começou com um sorriso sem dentes e completamente maligno no rosto bonito.

— Jeon Jungkook, isso por acaso são horas de chegar em casa? — Hoseok completou no mesmo tom do mais novo com a diferença que seu sorriso era mil vezes mais assustador.

O jogador os olhou, desacreditado, e logo depois desejou poder sair correndo para bem longe. Deu mais um passo para trás, como se os amigos possuíssem alguma doença perigosamente contagiosa, e engoliu em seco porque, se os dois estavam ali juntos àquela hora da noite, era porque tinham alguma trama contra o Jeon.

— Olha ele todo suspeito, hyung. — Taehyung provocou com um risinho daqueles que costumava assustar em filmes de terror, ou talvez fosse apenas Jungkook imaginando coisas demais. — O que você andou fazendo de errado, hein?

— Por que você está tão corado, Jungkookie? Tem a ver com aquele moço... Como é mesmo o nome dele, Tae? — Hoseok virou-se em uma falsa inocência para o ator, que deu de ombros e fingiu pensar. O Jung estalou os dedos e voltou-se com um sorriso vitorioso para Jungkook. — Yoongi, isso.

— Por que Min Yoongi atendeu seu telefone e fez você ficar tão vermelhinho? Diz para o hyung.

Jungkook sentia-se sendo cercado por leões e as únicas coisas que tinha para se defender eram sua filha dorminhoca e uma mochila rosa cheia de borboletas e com os bolsos pintados de canetinha permanente.

Aish, a Hyerin vai parar no hospital e vocês me recebem em casa desse jeito? Sério mesmo? — O atleta entrou na defensiva, mesmo que seu rosto corando ainda mais a cada segundo passado e seu tom de voz trêmulo gritasse em negrito, itálico e neon que eles podiam continuar com a provocação.

— Desculpa. — O tom de voz de Taehyung definitivamente não era de alguém que se desculpava. — Como ela está?

Jungkook respirou um pouco mais aliviado por ter conseguido escapar do subjetivo Min Yoongi, mesmo que fosse por alguns minutos.

— O médico trocou a medicação dela e disse que deveríamos ter mais cuidado. Não esquecer de dar o remédio ou deixá-la sem a bombinha, essas coisas — explicou a situação, não conseguindo evitar sentir-se aliviado com o peso que a realidade dessas palavras tirava de suas costas.

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