Me apaixonando pela vida

1.

Eu acordei assustada, achei que tudo não

passava de um sonho, olhei e toquei meus

pulsos, as marcas tinham desaparecido,

observei o quarto onde eu estava e me

assustei, perto da porta havia uma figura

alta, revestida com uma capa preta. A figura

se aproximou com delicadeza, sentou-se à

beira da cama e disse, em tom calmo e voz

delicada:

_Bem-vinda, te busquei ontem ao cair da

noite, você estava cansada, um pouco

triste, então te coloquei nessa cama. -

Então perguntei, com voz trêmula:

_ Quem é você?

Onde eu estou? Aqui é o céu? - então após

uma risada suave.

Respondeu-me:
_ Eu sou a morte, não se assuste, não sou

tão ruim quanto dizem por aí. Sou apenas

um ceifador, e carrego comigo a essência

de cada alma ceifada. - Ela se levantou,

caminhou até a janela e continuou:

_ Aqui não é céu, aqui não tem um nome,

mas gosto de chamar de " vale dos

suicidas", onde o mundo das almas e o

mundo mortal se encontram, o passado e o

presente, são evidentes e assim você pode

observar o futuro. Mas não pode interferir

nele. O que foi feito, já não pode ser

alterado.

_ Quer dizer que eu posso observar meus

pais? Irmão? Amigos? Perguntei ainda meio

confusa.

_ Sim. Você pode ouvi-los, vê-los, mas não

pode interferir no que vai acontecer. Eles

por sua vez, não podem a ouvir, nem ver, e

tudo que vão sentir de você é saudade.

Disse a morte com tom forte. Então

perguntei, após um longo suspiro:
_Porque não fui pro céu? Ou pro inferno?

Porque vim parar aqui?

A morte caminhou em minha direção, e

disse:

_ Você interrompeu o ciclo natural da sua

vida. E por isso, não pode ir para o céu,

ainda. Muito menos para o inferno, pois não

pode ser condenada sem julgamento. Então

veio parar aqui, e aqui ficará, até que o

tempo que você deveria ter vivido se

complete. Ela se virou e após alguns

momentos disse. O tempo por aqui é