Capítulo 2

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Voltei ... amores da mamãe, tudo bem um pouco atrasada, mas aqui estou eu. Ops, eu não. Aqui está mais um capítulo fresquinho para vocês. Bora conhecer a nossa Linda ? Não esquecem de clicar na estrelinha e indicar para as amigas. Beijos😘

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Linda

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Como que em um dia, as coisas mudam
tanto? Eu tinha um emprego. Tudo bem, não era o melhor do mundo, mas era o único que
eu tinha. Pelo menos até aquele idiota lindo aparecer por lá e acabar com tudo. Esse
emprego era uma droga, mas muito importante. Não dá pra contar com os bicos de
fotógrafa, já que eles só aparecem ocasionalmente. Terminei meu curso de fotografia, mas
antes mesmo de conseguir meu primeiro emprego na área, tive que largar tudo e voltar para
casa. Mas não me arrependo do que fiz, momento algum. Minha mãe ficou muito doente,
e não pode mais trabalhar. Consequentemente, todas as despesas caíram em cima do meu
pai, mas com seu serviço de vigilante, não conseguiu mais cobri-las, muito menos, me manter
em outra cidade até conseguir um emprego.

Então, aqui estou eu, dois anos depois, ainda trabalhando em empregos temporários e fazendo bicos para ajudar no tratamento da minha mãe e nas despesas da casa. Bem estava, até aquele gringo, ridiculamente lindo, aparecer por lá. Tudo bem, que posso ter me excedido um pouco, e piorado as coisas. Porque quando ele pediu desculpas, pareceu realmente sincero. Mas um ponto a meu favor, é que eu não aguentava mais ouvir uma infinidade de piadinhas como aquela, todos os dias. Ele não me chamou de prostituta ou insinuou isso, ponto pra ele. Empatamos agora? Eu já tinha ouvido coisas parecidas tantas vezes, que hoje perdi a paciência, talvez com a pessoa errada, mas sabe que mais? Foda-se. Se bem que quando ele perguntou o que poderia fazer por mim, eu quis gritar na cara dele: um beijo, dessa sua boca gostosa, cairia muito bem. Não fiz, é claro. Pareço corajosa, mas no fundo sou uma covarde.

Ei, espera ai. Não precipite o seu julgamento. O que o cara tinha de lindo, tinha de idiota. Mas nada é tão ruim, que não possa piorar. À noite, quando resolvo espairecer do dia de merda que tive, adivinhem quem estava no bar e acabou com minha noite? Sim, ele mesmo, o idiota do gringo gostoso de uma figa. Pode isso produção? Eu devo ser a pessoa mais azarada que existe na face da terra. É a única explicação que existe pra isso.

Assim que cheguei, segui até o balcão e pedi uma bebida para o Pedro. Eu precisava beber, talvez assim, as coisas parecessem menos pior. Mas quando ouvi aquela voz rouca, quase não acreditei. Lá estava ele, sentado há duas cadeiras da minha, com uma morena a tiracolo. Vestindo camisa social branca, dobrada nas mangas, calça preta justa e all star ele estava lindo. Os cabelos castanhos despenteado mas elegante e barba por fazer, deixaram minha imaginação a mil. Como seria sentir sua aspereza? Pensei rapidamente, antes de jogar o pensamento de lado. Então sem conseguir me segurar, andei na sua direção, irritada. Eu não precisava dele para pagar nada pra mim. Mas claro como o idiota que é, não perdeu a oportunidade de me pôr no lugar. Bem, para resumir, trocamos várias farpas outra vez. Tive vontade de bater nele, mas também de agarrar e beijar aquela boca carnuda, simplesmente linda, mas que me dizia as maiores atrocidades.

Não sei se mencionei, mas o gringo se apresentou. Seu nome é Max, e nossa, como soava sexy na sua voz rouca. O sorriso safado de lado foi outra coisa que me tirou o ar. Ele abusa do charme que tem. Quando insinuou que ia transar com a morena peituda, senti meu rosto esquentar de raiva e inveja dela, mas claro, ele nunca ia saber disso. Ah, e como ele não parava de ser um idiota, resolvi me vingar. Falei que ele era gay, e que resolveu vir para o Brasil para se esconder da família. Ponto pra mim, alguém ainda está contando? Nem sei mais como está o placar. Bem, minha "brincadeirinha" deixou o homem incrivelmente irritado.

Quando achei que tinha vencido, ele me encurralou contra a parede, no corredor do banheiro, me prendendo com seu corpo grande e duro. Por instantes perdi o ar e claro fiquei ridiculamente excitada com a proximidade. Sua voz rouca no meu ouvido fez meu corpo tremer. O idiota logo percebeu e usou isso ao seu favor, me deixando mais irritada, além de louca de tesão. Mesmo contrariada, pedi para que ele me largasse, afinal, eu não o conhecia. Ele respondeu irritado, fazendo meu estômago cair. Empurrei seu corpo pra longe e sai sentindo o peso das palavras que usou.

Agora estou aqui, virando de um lado para o outro, sem conseguir dormir, pensando no que aconteceu. Ainda não tive coragem de contar para os meus pais que fui demitida. Só contei para a Lizzoca mais cedo, e ela disse para ter calma que as coisas vão se acertar. Porém, não estou tão confiante assim. Faz quase um mês que não aparece nada pra fotografar, o dinheiro que consegui da última vez, foi todo para pagar a tomografia que minha mãe precisava.

Quando estou quase pegando no sono, recebo uma mensagem da Lizzoca, convidando para um almoço amanhã. Parece que o gringo otário, que a deixou fugir de NY, abriu os olhos e veio reparar a burrada que fez. Antes tarde do que nunca, penso. Olho para o livro que estou lendo na cabeceira da cama mas deixo de lado, já fiquei quente demais por um dia. Ler Sylvia Day não vai me ajudar em nada a apagar meu fogo.

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Pela primeira vez em anos, acordo sem um despertador buzinando nos meus ouvidos. Ao menos uma coisa boa do desemprego.

— Já é tarde, merda! Essa hora a Lizzoca deve pensar quem nem vou mais — murmuro.

Depois do banho, visto short jeans e regata branca simples, e vou para casa dos meus tios. Entro sem me anunciar, afinal, já sou de casa. Mas eu não estava preparada para ver quem está sentado à mesa, com meus tios e outro homem que não conheço.

— O que esse idiota está fazendo aqui? — pergunto irritada, nem sei pra quem. Não é possível, esse cara só pode estar me perseguindo. Meus tios e o outro homem me olham, sem entender nada.
— Ah! Essa maluca de novo não — ele responde em tom seco.
— Para de me chamar de maluca.

Grito descontrolada, lembrando que ele me fez perder o emprego, depois me deixou louca de tesão e irritada em um nível extremo. E para completar, disse que eu não fazia seu tipo. Argh, que raiva que estou desse gringo.

— Para de me chamar de idiota — suas palavras saem tão ou mais irritadas que as minhas.
— Posso saber o que está acontecendo Max?

O outro gringo, lindo, que deve ser o Paul, pergunta olhando para o Max.

— Longa história, irmão.

Irmão? Era só o que me faltava.

— Eu posso responder, sem problema nenhum — falo olhando para o cara que acabei de conhecer —, esse, esse... Ele me fez perder o emprego.

Estou tão irritada e o inglês tão enferrujado, que não tenho certeza se o gringo me entendeu quando levanta as sobrancelhas. O idiota faz uma careta, espremendo o olhar pra mim, mas então o irmão olha pra ele, como se pedisse uma explicação. Toma otário, te entreguei, sorrio vitoriosa.

— Não foi bem assim, só fiz uma brincadeira, mas essa maluca surtou total — ele tenta se explicar.

Surto outra vez.

— Uma brincadeira? Não acredito que ouvi isso — grito, descontrolada.

Nesse momento, Lizzoca resolve sair de casa, sem lhe dar tempo, pergunto irritada.

— Elizabeth, o que esse idiota está fazendo aqui? — aponto para o gringo lindo, mas tão idiota quanto, do outro lado da mesa.

Mas então, uma sucessão de coisas acontecem ao mesmo tempo. A Liz fica branca, como cera, e só não cai estatelada no chão, por que o tal Paul corre para segura-la. Meus tios, que até agora não entenderam nada do que estava acontecendo, correm preocupados. E para ser justa, o idiota também parece preocupado com minha prima. Fico por uns instantes sem saber o que fazer, até que sou desperta por Paul, reclamando que não sabe onde fica o hospital. Falo pra ele que meu tio leva, mas pelo jeito que ele olha pra ela, duvido que vá desgrudar da minha prima.

Verificando o pulso dela faço a ponte da conversa entre meus tios e o namorado da filha deles, os apreçando para irmos ao hospital.

— Não vão caber todos no carro. Eu levo a louca de moto e você vai com os pais dela.

O idiota que até agora estava quieto fala, me chamando de maluca outra vez.

— Nem pensar que eu vou subir em uma moto com você.

Paul fala, apavorado, que não caberão todos, e que ele não abre mão de acompanhar a namorada.

— O cretino fica. Ele não fará diferença.
— Ei! Pare de me xingar. Mulher louca.
— Parem de discutir os dois, pelo amor de Deus. Temos que levar a Liz para um hospital. Linda, por favor? — pede em suplica, para que eu o siga com o irmão idiota. Diante da situação, não consigo negar. 

Falo para meus tios que vou acompanha-los na moto com o gringo lindo, e eles seguem rumo ao hospital.

— Vamos querida? — ele me chama, sorrindo de lado.
— Para de me chamar assim.
— Prefere maluca, então?
— Você é mesmo um idiota.
— Tente outro, tenho ouvido muito esse ultimamente.

Argh, que ódio desse gringo gostoso de uma figa.

— Eu tenho nome sabia?
— Ah tem? Achei que não, já que perguntei duas vezes e você não respondeu. — Fala, me passando o capacete e andando na direção da moto linda que tinha visto antes de entrar na casa.
Cruzo os braços, ainda irritada, sem sair do lugar.

— Você não vem? — pergunta, quando vê que não saio do lugar.

Continuo parada. Ele pragueja e anda outra vez na minha direção.

— Olha, é a última vez que faço isso. Eu sou Max Backer, e você?

Eu penso se devo responder, mas essa implicância já está passando dos limites, então cedo.

— Linda Flor Alves — seguro sua mão.

Ele tem um aperto firme, a pele quente faz uma eletricidade correr pelo meu corpo.

— Podemos ir agora? — Max estende a mão, para que eu vá na frente.

Quem vê até pensa que é um cavalheiro, ledo engano meus caros. Subindo na moto, suas calças apertadas se esticam ainda mais. Por um momento, tranco meu olhar nas coxas musculosas, e a camisa ajustada ao corpo, que não deixam muito para minha imaginação.

— Vai ficar ai me olhando ou vai subir?  — Ele me pega em flagrante.

Ai que ódio. Tento botar o capacete, mas me atrapalho com o fecho.

— Deixa, eu te ajudar.

Ele estica os braços na minha direção, trancando o fecho debaixo do meu pescoço. 
Quando os dedos dele encostam à minha pele, o resto do meu corpo se arrepia com o toque. Ele olha pra mim quando termina, sorrindo de lado me dando a mão, para me ajudar a subir na moto. Sem saber onde botar as mãos, as deixo nas minhas coxas. Ele liga a moto, mas não sai do lugar.

— Se você não quer ficar pelo caminho, é melhor segurar em mim, querida.

Mas como não me mexo, ele puxa minhas duas mãos da coxa e coloca em volta do seu abdômen duro. A proximidade, faz com que eu sinta seu perfume almiscarado outra vez. Então, ele arranca a moto devagar, mas vai ganhando velocidade, conforme vamos ganhando a estrada. Tenho que gritar por cima do vento e do barulho da moto para indicar o caminho. A cada curva e acelerada da moto, me aperto mais contra seu corpo, com medo de cair. O homem pilota como um louco, mas devo confessar que gostei da adrenalina, e mais ainda de ficar agarrada ao seu corpo. Quando paramos no hospital, saio da moto, ainda meio entorpecida por tudo. Tesão, euforia, um misto de sentimentos que não consigo decifrar.

— Está tudo bem? — pergunta, avaliando minha expressão.
— Você estava querendo nos matar?

Ele sorri se aproximando.

— Você está segura comigo, ao menos enquanto a moto seja o lugar que estamos dividindo.

Seu hálito quente, no meu ouvido, faz meu corpo estremecer.

— O que você quis dizer com isso? — pergunto, meio perdida, dando um passo pra trás, sua proximidade é demais pra mim. Mas não consigo parar de pensar no que nós poderíamos dividir, sem nos matar.

— Nada. Pode baixar a garras — fala, com as mãos erguidas, em sinal de paz.

Deixo sua insinuação de lado e entro no hospital, atrás de informações da Lizzie e descubro que foi atendida imediatamente. O namorado bonitão fica dando crise, por não poder acompanhar a namorada, enquanto o irmão idiota tenta acalma-lo, sem sucesso. Paul anda nervoso, dentro da sala de espera, pra lá e pra cá, sem parar.

Depois de quase uma hora, uma enfermeira diz que só alguém da família pode entrar, repasso a informação para o bonitão. Preocupado, ele assente, mesmo fazendo uma careta e volta a andar impaciente. Algum tempo se passa, até que meus tios voltam, dizendo que Paul e eu podemos entrar. O homem entra em um rompante na sala, dizendo que a Lizzie o assustou, a chamando por um apelido ridículo, que me recuso a repetir. Fico de lado, só os observando, sem interferir até que me notam.

— Ei! Você me assustou, mocinha.

Liz sorri, encolhendo os ombros.

— Só fiquei tonta. Deve ser alguma virose. Vocês são exagerados.
— Você tem dado essa desculpa há dias, achei que o bonitão, ia ter uma crise na sala de espera.
— Falando em bonitão, posso saber o que foi aquilo que aconteceu lá em casa, com o irmão do Paul? — pergunta, mudando de assunto. Não sei onde enfiar a cara, de tanta vergonha.
— Longa história, depois a gente se fala, não quero te aborrecer mais. Agora vou deixar vocês a sós, antes que o gringo me expulse daqui. Só vim saber se você estava realmente bem, até logo.

Dou um beijo nela e volto para a sala de espera. Sentada na mesma cadeira de antes, resolvo dar uma checada no meu celular, quando alguém se senta ao meu lado, e antes de ouvir a voz, sei quem é. Posso sentir o cheiro bom que ele exala.

— Você pode me dizer como minha cunhada está? Estou preocupado, e ninguém aqui fala minha língua.
— Cunhada? — pergunto com a sobrancelha levantada.
— Isso é só uma questão de tempo. Agora, dá para responder minha pergunta, sem ficar me questionando o tempo inteiro?

Que homem irritante. Fico inclinada a não responder, mas cedo porque ele parece realmente preocupado.

— Não sei muito, mas ela já acordou e diz estar melhor agora. Temos que esperar os resultados dos exames.

Ele assente, agradece e continua ali, sentado do meu lado. Ficou impossível prestar atenção no celular, o homem já me desconsertava do outro lado da sala, imagina sentado do meu lado. Seu cheiro parece impregnado nas minhas narinas, então, minutos depois, levanto, me sentindo sufocada com sua presença. Penso em ir a cantina comprar um café, talvez me ajude a calmar os nervos. Mas tenho medo de sair e alguém precisar de mim e não me achar. Começo a andar pra lá e pra cá, igual uma louca, dentro da sala igual Paul minutos antes. Nossos olhares se encontraram várias vezes, e em todas elas, fui eu quem cedi, não conseguindo sustentar seu olhar.

Acabei analisando ainda mais o gringo idiota, e a cada vez que o olhava, achava mais um elogio para o homem sentado há metros de mim. Minutos depois, o Max levanta e sai sem falar nada. Dou um longo suspiro, me sentindo tola por sua presença me perturbar, mas noto que sua ausência me incomoda ainda mais. Argh! Grito internamente. Devo estar louca. Como que um homem, que nem conheço, consegue mexer tanto comigo? Ele volta minutos depois, com quatro cafés, ele entrega primeiro para os meus tios que também voltaram para a sala dando privacidade para o casal e depois estende um pra mim. Agradeço e coloco o nariz dentro do copo de isopor, para mascarar o cheiro do gringo, que agora julgo não tão idiota assim. Só por ele ter me trazido um café? Meu Deus! Tenho que melhorar meus critérios de julgamento, urgente.

Algum tempo depois, Paul nos chama até o quarto da Lizzie. E pela segunda vez no dia, nada me preparou para o que acabei ouvindo. Minha prima está gravida. Acho que nunca vi tanta felicidade. A verdade, é que foi muita emoção, e chororô só, dentro da sala. Para minha surpresa, Max também ficou emocionado e muito feliz, em saber que vai ser tio. Ele também fez várias piadas, parece que o cara vive falando besteiras por ai. Além de tudo, vi uma cumplicidade e parceria muito grande com o irmão. Tenho que ficar dizendo internamente que ele não deixou de ser idiota por isso, mas começo a ter a impressão que posso tê-lo julgado errado. Afff. Cala boca Linda, ele te fez perder o emprego.

— Lizzie, tenho que ir pra casa. Você vai ficar bem? — pergunto mesmo sabendo que minha prima não precisa mais de mim. 

Preciso sair dali, aquele clima família é só deles. Meu mal humor pode contamina-los. E tudo por causa do idiota que está na mesma sala que eu. Lembrar que não sei como vou pagar o aluguel do mês que vem, ajuda a não mudar meu julgamento sobre ele também. 

— O Max vai te levar em casa, não é mesmo? — Lizzie fala em inglês chamando a atenção do gringo.
— Sim, eu deixo a Linda em casa, também já estou de saída — ele responde sem desviar o olhar do meu.

Gosto de como meu nome soa na sua voz.

— Não precisa se incomodar, posso pegar um taxi, sem problema nenhum.

Ele espreme. 

— Não há incomodo algum, vamos? — conclui sem me deixar alternativa.

Nos despedimos de todos e saímos, lado a lado, do hospital em silêncio.

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