Amor à segunda vista

6 - Bela e recatada na sexshop

Olá, meninas! O nome do capítulo já diz tudo. Não tem sexo, mas, porém, todavia, o capítulo se passa em uma sexshop logo há insinuações e linguagens sobre o assunto. Essa foi a pesquisa de campo mais divertida que eu já fiz dentro e fora da internet. Espero que seja bom para vocês ;) (desculpa, não resisti) 

Pouco tempo depois de mudar para São Tomé dos Campos, aprendi que guardar segredos em uma cidade pequena é uma missão impossível. Nem mesmo Tom Cruise, em um dos milhares filmes da famosa franquia de espionagem, conseguiria escapar ileso das línguas afiadas. A brincadeira do telefone sem fio na vida real funciona de um jeito muito democrático, qualquer cidadão ou turista pode participar. Não há regras. Basta espalhar a fofoca e, de preferência, aumentar um ponto. 

Um casal com pouco tempo de namoro já marcou a data de casamento? Ela provavelmente está grávida. 

Uma jovem postou um Story com música da Taylor Swift no Instagram? Com certeza, era uma indireta um ex-namorado.

O filho da vizinha foi visto com uma latinha de cerveja na mão em uma festa? O cara provavelmente terminou a noite em coma alcoólico. 

Sara Martins entrou em uma sexshop? Que garota safada! Tadinha da dona Paulina, a neta virou uma desavergonhada. Deus tenha piedade da alma dela.

Todas as possíveis maneiras de minha reputação ser feita em frangalhos me impedem de entrar na loja um pouco... chamativa. Luzes neon vermelhas piscam sem parar no sugestivo slogan, uma grande boca aberta com um morango no meio. Em vez de um mostruário, há grandes vidros fumês que deixam para a nossa imaginação pensar que tipos de brinquedinhos aquela loja escondia. Delicious SexShop, um empreendimento novo e ousado nesta cidade pequena e careta. 

O dia da inauguração da Delicious foi um show a parte. Balões com formato de boca e coração foram distribuídos para mulheres no meio da rua ao som de uma música da antiga girlband pussycat dolls. A poucos metros da cafeteria, foi impossível não ouvir Don't cha repetidas vezes e ficar com essa bendita música chiclete na cabeça. Não demorou muito para o local atrair atenção e ser alvo de murmúrios maldosos. Porém,  a fofoca também é o melhor forma de propaganda. Desde então, durante semanas, eu diminuo os passos ao passar pela calçada, com a esperança de dar alguma espiadinha e descobrir o que havia de tão misterioso lá dentro. Hoje é a minha chance de ver tudo em primeira mão.

— Quer um convite para entrar? — Apesar do convite bruto, Alain sorri com descontração. Ele provavelmente deve estar adorando me ver constrangida apenas por ter de entrar nesse lugar. 

Após me levar para conhecer um pouco do mundo masculino, ele disse que eu precisava descobrir os prazeres da carne. Ao contrário do que ele deve acreditar, eu não sou virgem, apesar de todas as minhas experiências sexuais terem sido nota cinco, sendo generosa. Nunca tive preliminares decentes, muito menos tive orgasmos três vezes em uma mesma noite iguais às mocinhas de livros eróticos. Quem me dera. Algumas vezes, duvido que o tal sexo que nos faz ir à lua e ver estrelas seja apenas fruto da imaginação de alguma autora.

Sara Martins entrou em um sexshop com Alain Conti? Eles devem estar transando e metidos com alguma orgia BDSM. 

Discretamente, olho para os dois lados, apenas para verificar que nenhum conhecido estar por perto, mesmo sabendo que há olhos escondidos em todas as janelas. Morar nesta cidade é quase um eterno Big Brother, mas sem as provas de resistência e as festas temáticas com artistas convidados.

Empurro a porta de vidro, preparando-me para enfrentar o inferninho - como diz a minha avó. Em vez das chamas e pedidos de socorro, encontro um lugar muito bem decorado. A cor vermelha predomina desde as paredes até o teto, um grande lustre de cristal está no meio do salão. De um lado, há manequins vestidos com algumas fantasias; do outro, há estantes com os mais variados produtos: desde bichinhos de pelúcia até óleos corporais.