Bound to You - Stemily

Already gone - part I

Só lembrando que trata-se de uma obra ficcional, então alguns personagens nem sempre vão agir de forma sensata.

BOA LEITURA!

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No capítulo anterior:

E foi assim que minha noite terminou. Joguei meu celular o mais longe que consegui e me atirei nos braços da Fanta em prantos. Ela olhou pra mim na esperança que eu lhe contasse o que tinha acontecido, mas as únicas coisas que saíram dos meus lábios foram soluços e ela entendeu que no momento eu só precisava chorar nos braços da minha amiga. Ela conseguiu me empurrar até o sofá e continuei chorando com a cabeça em seu colo. Chorando não pelo fato dele não ter vindo, mas sim sobre o que estava implícito em sua atitude. Eu fui uma distração, um mero brinquedo, um alvo fácil...Não era segredo pra ninguém que convivesse um pouco com ele que seu relacionamento não andava bem, mas eu fui a tola que acreditou em meras palavras e em um pouco de charme. Ele viu em mim a possibilidade de uma válvula de escape momentânea, e eu?! Simplesmente me joguei no abismo.

A dor, a escuridão, os sentimentos desesperados, sentimentos esses que muitas vezes os encobrimos. Acreditamos que momentos de tormentas e desespero demonstram o quanto somos fracos e não como nos fortalecemos a partir deles. É fácil julgar quando se vê de fora, é fácil criar uma felicidade ilusória para que as pessoas não se preocupem ou não nos atormentem. A máscara estabelecida diariamente em nossa face, o sorriso plantado em nossos rostos nem sempre imprimem o que realmente sentimos.
O sorriso que nasceu em meu rosto todas as vezes que a Fanta perguntou se eu estava bem e os movimentos que eu fazia em concordância claramente divergiam do que meu olhar exprimia. Além das lágrimas que escorriam pelo meu rosto quem se concentrasse em meus olhos via algo mais profundo, dor, decepção, talvez até um pouco de raiva. Não é como se minha vida tivesse acabado com a mensagem dele, mas é como se uma parte dela tivesse morrido. Aquela parte da luzinha que te faz sorrir por besteiras ou achar que tudo está mais "colorido", a parte que acredita no amor simplesmente se tornou opaca. A dor é algo real e a sentimos de diferentes formas. E comum você ouvir de alguém que você conhece que "depois da tempestade vem a bonança", até minha mãe me diz isso as vezes, mas faço as minhas palavras as de José Luís Nunes Martins, li sobre sua filosofia da última vez que fui a biblioteca e um parágrafo em especial me chamou a atenção.

Quem está a sofrer, sente profundamente cada pinga de chuva que lhe molha e estraga o presente e os sonhos... e que depois de um pingo de chuva vem, quase sempre, outro e outro... e só um pingo será o último...

É fácil acreditar que logo tudo vai voltar a fica bem quando você não está vivendo de fato no naufrágio de um barco em meio a uma tempestade de sentimentos.
Quando o dia amanheceu eu ainda estava deitada no sofá com a cabeça no colo do Fanta e quando ambas acordamos em nenhum momento ela reclamou pela posição em que dormiu, apenas me abraçou forte e repetiu de forma audível a frase que ficou implícita na noite anterior dizendo que estaria ali sempre que eu precisasse e que esperaria o momento em que eu estivesse pronta para falar. Ela até pensou em faltar no trabalho para ficar comigo durante esse meu último dia de folga na Wagga Bubba, mas eu neguei veementemente. Não é como se eu fosse deixar ela dar uma desculpa esdrúxula para seu chefe colocando sua linda cabecinha em xeque.

Faz mais o menos uma hora que ela saiu e eu ainda estou vegetando no sofá, não é como se eu tivesse vontade de fazer alguma outra coisa que não seja chorar, e por Deus!! Meu dia hoje está aparentemente programado para ser agitado com esse lance de mudança de apartamento e empacotar todas as minhas coisas que convenhamos, não são poucas. Muitas pessoas nesse momento jogariam na minha cara que é exagero da minha parte e que estou só fazendo drama, mas meu lado emocional nunca foi dos melhores e mesmo não parecendo é fácil me abalar, principalmente quando é sobre algo que nunca tinha sentido.