"O Quarto Proibido"

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Minha mãe resolveu que era minha obrigação nessas férias ir visitar minha vó, que morava do outro lado da cidade, e passar um dia lá pois já tinha passado bastante tempo desde que eu havia a visto. Eu queria aproveitar ao máximo minhas férias saindo com os amigos, mas aceitei tirar um dia para ver minha vó.

Chegamos em sua casa pela tarde, eu a abracei e ela me recebeu com um sorriso enorme no rosto. Eu estava feliz em vê-la. Me despedi da minha mãe, que viria me buscar pela manhã, e ela foi embora.

— Taehyung, querido, o seu quarto ainda está do mesmo jeitinho de sempre, não mudei nada de lugar — disse minha vó, sorrindo.

— Sério? Eu estava com saudades dele! Até os meus posters de Overwatch ainda estão lá?

— Com certeza! Vai lá enquanto eu vou rapidinho na cozinha.

Corri para o meu quarto, ansioso para ver tudo o que eu tinha deixado. Eu não tinha tantos primos, e minha vó fazia questão de cada um ter o seu próprio quarto na casa dela. Eram no total cinco quartos, seis se contar com o último quarto do corredor, que a vovó sempre nos proibiu de entrar. Eu tinha muita curiosidade em saber o que ela escondia ali que ninguém podia ver, mas sempre que eu a questionava, ela respondia com rispidez ou até mesmo ignorava.

Depois do jantar delicioso que a vovó havia preparado, nós fomos dormir. Dei boa noite à ela e fui para o meu quarto, passei um tempinho olhando e mexendo nas minhas coisas antigas que eu tinha deixado alí.

As horas se passaram e eu ainda não estava com sono, então peguei meu celular e mandei mensagem no grupo que tenho com os meus amigos no WhatsApp.

Eu:
Pessoal? Não consigo dormir
Alguém por aí?

Namjoon:
Só eu, aparentemente
Os outros ainda estão sem sinal lá no acampamento

Yoongi:
Vocês dois não vão acreditar no que aconteceu!!!!!!

Eu:
Estão acampando ainda?

Yoongi:
A gente quase morreu nos trilhos de trem, foi muito bizarro
Depois contamos tudo, acabamos de chegar e agora vamos tomar um banho


Continuei mexendo em qualquer coisa no celular e ouvindo música, esperando os meninos contarem o que aconteceu, se o sono não chegasse primeiro. Poucos minutos se passaram e eu comecei a sentir muita sede, tirei os fones do ouvido e saí do quarto.

Quando estava virando o corredor para descer as escadas e ir para a cozinha, a luz do último quarto ascendeu, o quarto onde era proibido de entrar. Fiquei curioso, é claro, e fui até lá para tentar saber o que minha vó fazia que ninguém podia saber.

Cheguei perto da porta e coloquei o ouvido na madeira, esperando ouvir algo, mas apenas me assustei levemente com o som da porta abrindo repentinamente. Entrei para tentar ver melhor, mas minha vó não estava alí. Tudo o que tinha no quarto era uma espécie de altar, com uma estátua de uma cobra de oito chifres, um livro de capa preta com aparência de antigo e algumas velas acesas. Foi então que percebi que eu não deveria mesmo estar naquele quarto.

Me virei para sair mas fui impedido pela porta batendo. Fiquei desesperado, sem saber o que fazer. Uma ponta de fogo começou a surgir no chão do quarto e de repente tudo estava em chamas, havia fogo para todo os lados. Tentei puxar a maçaneta mas a porta não abria, me sentei no chão e fechei os olhos, logo comecei a chorar. Eu ouvia vozes sussurrando coisas que não eram possíveis de entender, e senti a presença de algo pesado.

Quando o fogo estava chegando até mim, a porta do quarto abriu de repente e minha vó me puxou para fora do quarto. Por um instante eu estava aliviado, mas asism que olhei para a minha vó, vi que ela não estava normal, seus olhos estavam vermelhos como os de uma cobra e seus dentes estavam afiados, ela me olhava como se fosse uma cobra prestes a dar o bote. Corri o mais rápido que pudi e voltei para o meu quarto, tranquei a porta e peguei meu celular para ligar para os meus pais, que infelizmente não estavam atendendo. Deixei várias mensagens mas também não recebi nenhuma resposta deles.

Ouvi batidas na porta, mas não podia abrir pois sabia que não era a minha vó alí e sim uma possessão. Ninguém atendia minhas ligações, passei a noite inteira agonizando de medo na cama embaixo do cobertor, e só saí pela manhã, quando ouvi a voz dos meus pais no andar de baixo. Eles disseram que só receberam minhas mensagens pela manhã.

Nunca contei à eles o que aconteceu, eles provavelmente não acreditariam, então apenas disse que não me sentia bem e que queria ir embora. A vovó estava doce e gentil, como se não se lembrasse de nada que havia acontecido na noite anterior. Eu não quis me despedir dela com um abraço, apenas acenei e corri para o carro.

[...]

Desde aquele dia, só vi minha vó novamente em seu velório, dois anos depois. E acabei descobrindo que tudo aquilo fazia parte de uma ceita que minha família participava e que passava de geração em geração, e o que mais me assustava era saber que alguém teria que ocupar o lugar de minha vó. Só nos restava saber quem seria o escolhido.

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