"Quase Meia-noite"

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— Obrigado, tenha uma boa noite!

   Hoseok deixou seu último passageiro na frente de seu apartamento antes de seguir seu caminho para casa. Já eram quase meia-noite e Hoseok já havia passado do horário que costumava terminar seu turno como taxista.

   Na rua já não havia tantos carros ou pessoas passando. Resolveu colocar uma música para distrair e espantar o sono que estava forte, até chegar em sua casa, onde ele morava apenas com o seu cachorro.

   Estreitando bem os olhos, ele viu uma moça dando sinal para ele parar. Hoseok só queria ir para casa, por isso ficou em dúvida se parava ou não para a bela moça de vestido branco bem justo ao corpo, salto alto e grandes cabelos soltos.

   Hoseok então achou melhor levá-la para casa, pois já estava tarde e era perigoso para ela. Prometeu a sí mesmo que seria sua última passageira da noite.

— Boa noite — ele disse sorridente.

— Boa noite, obrigado por parar, você foi o único — a bela moça entrou no banco de trás do carro.

— E para onde a senhorita vai?

— Me leva para a South Avenue, número 215, por favor.

— Com prazer.

Hoseok saiu com o carro, em direção ao endereço que lhe foi passado.

— Qual é o seu nome? — perguntou a mulher.

— Me chamo Hoseok, e você?

— Elizabeth.

— Prazer, Elizabeth. Belo nome.

— Fico muito agradecida por ter parado pra mim. De verdade. Muito obrigado, Hoseok.

— Sem problemas.

Hoseok olhou o rosto da moça pelo espelho e sorriu, recebendo um sorriso encabulado de volta.

O caminho se seguiu em silêncio, nenhum dos dois quis iniciar uma conversa. Hoseok pensou que Elizabeth podia estar cansada e sem afim de conversar. Em algumas vezes, ele a olhava pelo espelho e, sem dúvida alguma, achou a mulher bem atraente.

— Chegamos — ele anunciou.

— Hoseok, você pode me esperar aqui por um instante? Eu estou sem dinheiro na bolsa, vou subir para pegar.

— Tudo bem, eu fico aqui.

— E, novamente... obrigado por ter parado e me ajudado a chegar em casa.

Elizabeth saiu do carro e entrou em sua casa. Hoseok ficou observando pela janela do carro como a casa era enorme e parecia bastante antiga, com muitas flores e uma árvore na frente. Tudo estava escuro e, mesmo depois que a mulher entrou, ele notou pela janela que a casa continuava com todas as luzes apagadas.

Então o tempo se passou. Se segurando pra não pegar no sono, Hoseok já estava há quase meia-hora esperando Elizabeth voltar com o dinheiro, mas ela não aparecia. Resolveu ir até a porta de sua casa tocar a campainha.

Após esperar poucos minutos, viu as luzes serem acesas e alguém apareceu para atendê-lo.

— Pois não?

Um senhor já de idade atendeu a porta sonolento.

— Desculpe incomodá-lo a essa hora, mas é que eu estou esperando a moça pegar o dinheiro para pagar a corrida.

— Moça? Acho que o senhor se enganou, eu moro sozinho nesta casa.

— Ela me passou esse endereço e entrou aqui. Desculpe mas eu preciso do dinheiro logo pois já estou atrasado para chegar em casa.

O moço ficou sem reação por alguns segundos.

— Entre, por favor, vamos resolver isso aqui dentro.

Hoseok hesitou no começo mas então seguiu o senhor, que parecia gentil e inofensivo. Ele observou em volta de toda a sala da casa e tinham muitos quadros com fotos antigas e em preto e branco. Em um dos quadros ele reconheceu a moça, a Elizabeth.

— Foi ela! — disse Hoseok — Foi essa moça que eu trouxe para cá. Elizabeth, certo?

— Impossível... — disse o senhor, se sentando na poltrona com uma expressão de tristeza e espanto em seu rosto — Essa é a minha filha, minha querida Elizabeth.

— Onde ela está? Eu realmente preciso ir logo para casa.

— Ela morreu há vinte anos atrás... — ele fazia força para conseguir falar — Elizabeth foi abusada e assassinada enquanto voltava sozinha para casa tarde da noite, ninguém estava lá para ajudá-la, ninguém parou para trazê-la para casa.

O senhor começou a chorar sem parar e Hoseok não sabia o que fazer, ele encarava assustado o quadro de Elizabeth na parede, e podia jurar que começou a ver um líquido vermelho escorrendo pelo olho esquerdo da moça, como uma lágrima de sangue.

Assustado, Hoseok correu da casa do velho homem e voltou para seu táxi. E, sem olhar novamente para a casa, deu partida e foi embora com a respiração ofegante, pensando se tudo o que acabara de acontecer foi mesmo real ou efeitos do sono pesado.

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