A Poesia é a Porta da Alma

Lás

Lá eu via o mundo, mas não era o bastante.
Queria você.
Lá eu admirava o filme. Pouco me importava.
Queria admirar você.
Lá eu cheirava as flores. Não ligo.
Queria cheirar você.
Lá eu vivia a vida. Ah!
Queria viver você.
Lá eu sentia a Natureza.
Queria sentir você
"Lás" eu beijava a vida.
Mas queria beijar você.
No hábito vivi. E quando o hábito sumiu,
Eu aos poucos me fui também.
Fiz-me refém do costume. E quando ele
Se foi
Eu também fui aos poucos.
Ou melhor, você se foi. Eu fiquei.
E os momentos se foram.
Para que dar nome ao que sentimos?
Esta foi minha ruína.
Não havia mais sentido em viver neste turbilhão
E eu só pensava: "ama-me", "amo-te".
E foi-se.
O verão acendeu essa paixão,
A primavera fez florescer
E novamente o verão,
Fê-la queimar e murchar
Eternamente