AuroraA casa decorada de forma elegante com cores neutras onde tudo combinava com harmonia e perfeição de cenários das novelas que a Sra. Meredith assistia.
Me senti deslocada e não melhorou nem um pouco quando conheci os pais de John o Sr. e Sra. Bright, ele era um homem grande, negro, careca e com uma barba escura bem aparada, usava um terno cinza e elegante, havia um anel em seu dedo mindinho e sua gravata e lenço combinavam com sua mulher que usava um vestido cinza tubinho, que marcava sua silhueta fina e esbelta, seu cabelo preso em um coque com uma franja presa a lateral.
— Olá Matthew, é um prazer rever você.
Matthew murmurou algo inaudível mas abriu um sorriso amarelo, eles ignoraram completamente John e se viraram para mim, me olharam de cima a baixo, a mulher torceu o canto da boca.
— Como você se chama?
Respirei fundo, eu estava nervosa e nem sabia o porquê. Ou melhor sabia, eles me davam medo.
— Aurora.
— Aurora de que? Não tem família por um acaso? sabia que meu filho se metia com qualquer pessoa, mas moradores de rua é novidade.
Ela não desfez a cara de desgosto.
— ninguém que importe. Venham, o seu pai já chegou.
Senti Matthew enrijecer ao meu lado, mas ele foi corajoso suficiente para chegar até a sala de jantar, onde uma mesa pra doze pessoas estava muito bem posta com pratos variados e tantos talheres que eu mal saberia por qual começar, acima da mesa havia um candelabro rústico com pequenas gotas, do que eu acreditava ser cristais reais, caindo.
Na ponta à direita estava sentado um homem branco, seus olhos eram tão pretos como o do Matthew porém seus cabelos já estavam cinzas, me peguei pensando se Matthew também teria cabelos cinzas na velhice. Uma movimentação brusca me tirou de meus pensamentos, vi uma garota loira com mechas rosas que deveria ter uns quatorze anos e olhos escuros usando um vestido prata brilhante correr em direção à Matthew, ele a abraçou e a ergueu até os saltos rosa saírem do chão.
— Estava ansiosa para lhe ver. Papa não dizia se você viria realmente ou não.
Ela soltou as palavras mais rápido que uma metralhadora. Ele abriu um sorriso.
— Eu sempre viria por você Chloé. Nem o Papa nem ninguém poderia me impedir.
Essa última parte ele falou baixo o suficiente para que apenas quem estivesse bem perto pudesse ouvir. Ela passou por mim me dando um esbarrão como se eu fosse invisível e ouvi ela chamando John de JJ. Mas o que prendeu meus pés no chão foi o olhar do pai de Matthew. Ele parecia com raiva.
— Olá Papa. Como vai?
Vi a força que Matthew fez para falar com o pai e vi o maxilar dele trincar, o punho cerrar e parecia que ele estava enfiando uma faca em si mesmo. O pai dele não disse nada, nem ao menos olhou para ele. Nos sentamos e o jantar ia começar, a conversa sobre negócios era entediante mas era muito melhor ter continuado nela. Quando a Sra. Bright se virou para mim e falou
— você é uma dessas malucas psicóticas? Por isso está no internato?
Eu senti a comida descer rasgando minha garganta como se o purê de batata tivesse virado vidro. Todos me olharam.
— Aurora não é nada disso.
John se apressou para me defender, mas isso só a deixou irritada
— Bom, veja você. Foi parar lá pois tem sérios problemas emocionais e eu não tenho filho maluco.
— É verdade. Veja Matthew, um viciado e assassino.
— Não fala assim dele papa.
Senti que estávamos caindo em uma armadilha.
— Cale a boca, se você não melhorar vai parar lá também. Está virando uma vadia louca.
Foi o suficiente para Matthew bater com tudo em cima da mesa.
— Pode me ofender o quanto quiser, mas não mexa com ela.
O pai dele riu e jogou o lenço na mesa se levantando. Ele era alto, e estava em forma.
— o que você vai fazer psicopata? Todos vocês são malucos, por isso foram largados lá como lixo.
Foi o suficiente para Matthew partir para cima dele. Foi rápido demais e o pai dele revidou com um soco que acertou em cheio os lábios dele, o sangue escorreu na mesma hora mas ele não parou. Eu gritava para pararem. Mas ninguém me ouvia, ninguém fazia nada. John havia se levantado e me disse algo que não prestei atenção, mas não entendi quando saiu apressado da sala. Eu tentei me arriscar, toquei em Matthew e tentei fazer ele me escutar.
— Se você continuar com isso só vai piorar as coisas para você. Ele vai sair como o certo é você vai parecer realmente um psicopata. Pense na Chloe.
Ele parou olhou para Chloe sentada na cadeira imóvel vendo a cena, olhou para seu pai no chão com a cara toda arrebentada então ele apenas levantou e saiu andando, eu segurei meu vestido e corri atrás dele. Foi difícil alcançar ele, ele andava rápido e eu estava de salto. Mas consegui quando saímos do portão principal e ele parou no meio da rua e soltou um grito alto, um grito de dor. Eu não pensei duas vezes dessa vez, o envolvi num abraço enquanto acariciava os cabelos dele. Ele chorou e me apertou contra si
— Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.
Era tudo o que eu conseguia dizer, ele levantou a cabeça e me beijou. Um beijo desesperado como se eu fosse uma boia para ele voltar à superfície. Vimos faróis e uma buzina tocou. O carro diminuiu e parou. John havia ido buscar o carro e nossas coisas, entramos na parte de trás e deixei que Matthew usasse minha perna de travesseiro, ele passou os braços por minha cintura e ficou ali. Estávamos quebrados, mas voltamos de uma forma completamente pior do que quando saímos.
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Desculpem não ter postado no sábado, prometo que ainda hoje posto um capítulo para compensar o de sábado, eu realmente esqueci (foi minha festa de aniversário) e a Alex está doente!!!
Beijos, Nena!
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O Nosso Destino- Série Desencontros
RomanceAurora Stuart aos três anos viu sua mãe morrer, logo depois uma mulher entrou em sua vida como sua nova madrasta e ela foi mandada para um internato passando anos sem contato com a família. Westfield, um lugar onde as regras não são impostas e a li...