Capítulo 6

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oooOOoooOOooo

Mas o momento passou. Duas pessoas tão absolutamente sensatas como este casal jamais se deixariam levar por uma explosão de sensações estranhas.

Hermione estava imóvel, com os olhos fechados e a boca entreaberta, não se atreveu a mexer um músculo. Longos segundos se passaram até que compreenderam que tinham que se mexer para evitar uma situação incômoda. Bem, mais incômoda.

Foi ele quem reconheceu primeiro:

- Agora a senhorita pode continuar sozinha.

Ela suspirou ruidosamente para limpar a mente e continuar trabalhando. Claro, obteve uma perfeita Augeo Vitallis

Mas não era a poção que a obcecava.

Tratou de se manter ocupada todo o resto do dia para não pensar, e foi deitar tarde com a idéia de que se estivesse cansada dormiria imediatamente sem pensar em nada, mas estava errada.

Logo se viu em sua cama, em meio a escuridão com as cortinas fechadas e o olhar cravado no dossel. Lembrando cada segundo. Cada movimento. Cada sensação. Sua mão esquerda rastejou até a cintura para abraçar-se a si mesma, instintivamente, imitando a forma que havia sido abraçada. Queria voltar a sentir essa corrente elétrica percorrendo por ela por completo, essa sensação de abandono, de entrega total.

Podia negar tudo se quisesse, mas sabia que não seria verdadeiro: sentia-se terrivelmente atraída por um homem que era mais velho que ela dezenove anos, tinha sido seu professor e agora era seu paciente, além de ser uma das pessoas mais odiadas do mundo mágico, um ex-Comensal. No entanto não podia deixar de se sentir como uma mariposa atraída pelo fogo: um perigo mortal, mas incapaz de resistir. Graças a Merlin ia se casar logo e isso ia mantê-la a salvo de cair em tentação. Embora... Rony era maravilhoso, mas não causava essas reações tão viscerais quando a abraçava ou fazia amor com ela. Ele sempre estava muito ansioso, e mesmo que se esforçasse para agradá-la, nunca tinha conseguido abalar seu mundo nem arrancar-lhe um grito de êxtase. Mas seria um bom esposo, dizia a si mesma, tratando de se convencer de que estava tomando a decisão certa. Não podia basear uma relação - muito menos um matrimônio - apenas em sexo. Havia coisas mais importantes, como amizade e eles eram amigos desde a infância. Conheciam-se muito bem, isso garantiria uma excelente convivência. Talvez o sexo melhorasse com o tempo.

Severus não estava muito diferente. Depois do elfo doméstico ajudá-lo a deitar, ficou deitado na cama com os olhos fechados, mas em vez de sonhar vieram imagens daquela tarde. Talvez tivesse ficado tempo demais sem uma mulher e seu corpo estava pedindo um pouco de ação. Dizia a si mesmo que isso devia ser uma reação instintiva à proximidade de uma mulher jovem. Mas também sabia que havia algo a mais atrás de tudo isso. Por que gostava tanto vê-la sorrir? Por que queria fazê-la sentir-se tão feliz? Bastou ver seu rosto no momento em que recebeu o presente que ao lhe dar suas valiosas notas pessoais. Por quê? Por que de repente passou a adorar o aroma de jasmim? Por que pensou que ela "não iria notá-lo"?

Recriminou-se por sua estupidez. Não era mais um garoto e mesmo assim estava comentendo os mesmos erros da sua juventude. A última vez que havia perseguido uma grifinória comprometida tinha cometido um profundo erro e passou quase vinte anos tentando consertar seus erros e o coração ferido. Nem de brincadeira ia cometer o mesmo erro. E desta vez era menos provável do que antes, porque era dezenove anos mais velho do que ela, estava confinado em uma cadeira de rodas, tinha tornado-se um aborto e... se já tinha sido pouco agraciado na juventude, os anos não tinham feito nada para ajudar a melhorar seu aspecto. Recusava-se a se converter em um pretendente patético e velho de uma jovem, perderia a pouca dignidade que restava quando ela o desprezasse. Por sorte tinha detectado a fraqueza a tempo e poderia manipulá-la com um pouco de força de vontade.

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