capítulo 21

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Emma**

Tento mover meu corpo mas não consigo, mesmo um movimento mínimo traz uma dor intensa. O som de ambulâncias fica cada vez mais alto, isso está me deixando louca. Tento me lembrar do que aconteceu e a única coisa que lembro é de estar no carro a caminho de algum hotel com o ...

— Aí minha nossa!? — olho para acento do motorista e me assusto com a imagem que vejo, um rosto ensanguentado — William!? — grito tentando o acordar, seu olhar vazio me dá calafrios.

— Cala a droga da boca Emma, quem levou o tiro fui eu— ele diz batendo no smoking tentando tirar os cacos de vidro.

Fico em silêncio depois das palavras agressivas dele, " quem levou um tiro fui eu" e daí? Acabei de sofrer um acidente de carro porque o idiota do meu marido bilionário não comprou a droga de um carro blindado. O painel está repleto de cacos de vidro que deixaram pequenos ferimentos em meus braços e face, ao que parece a lataria do carro está tão amassada que... Droga eu tô presa aqui, mesmo fazendo força para tentar remover ou ,sei lá, simplesmente mexer a perna não dá.

— Não vai me dizer que tá brava porque gritei com você — eu o encaro e ele revira os olhos — Desce do carro — que tipo de homem pediria pra sua mulher sair do carro quando tem o risco de alguém estar esperando pra atirar — Desça da porra do carro Emma.

— Eu to presa seu cretino! Como ainda tá vivo depois de levar um tiro no peito? — ele fica em silêncio tentando tirar a gravata borboleta mas desiste — Por acaso você está usando colete? — ele confirma com a cabeça e logo em seguida tenta alcançar o celular — Deixa que eu pego.

— Não precisa — ele se inclina e pega o celular perto do painel fazendo uma careta de dor, me esforçando pra não dizer bem feito, impulsivamente levo minhas mãos ao local onde a bala penetrou, um simples toque e William de repente segura meu pulso com força e me encara, em seguida afasta minha mão de forma rude.

— Emma você está sendo um pouco irritante, poderia por favor se preocupar apenas consigo mesma? — eu conheço esse olhar e essa voz, foram os mesmo daquele dia há oito meses atrás, minha nossa, até a dor é a mesma — Droga, eu vou achar esse desgraçado e — ele para de repente e me encara, acariciando minha bochecha — Você está com o rosto sujo de sangue, isso não é nem um pouco elegante sra Leigh — ele sorri e eu tento imitar o gesto.

— Tire sua mão dos meus machucados, tá fazendo doer ainda mais — ele obedece e volta a ficar em silêncio.

Olho em volta, barulho de sirenes está mais alto agora e suas luzes já podem ser vistas. Olho novamente para Will e ele esta falando com alguém como se nada tivesse acontecido. Um bombeiro e dois socorristas se aproximam do carro e me perguntam se estou nem, tento não ser grosseira dizendo que esse não é uma pergunta das mais inteligentes, cara eu tô pressa nesse carro. Respiro calmamente antes de dar a resposta.

— Não muito bem, mas meu marido levou... — quando me viro para o banco do motorista vejo a porta aberta e Will do lado de fora em pé falando com alguém no celular, ele parece nervoso — Esquece, só me tirem daqui.

Após terem colocado o colar cervical e me retirado do carro fui levada direto para uma ambulância, ao som do William aos berros com um socorrista. Resultado, ele caiu de cara no chão, como eu sei disso? Simples, um socorrista me falou. Tento rir mas minha cabeça parece estar prestes a explodir.

— Calma, seu marido já está sendo atendido, nós vamos cuidar bem de vocês — um homem me diz enquanto fecha as portas da ambulância — Consegue me entender não é Emma?

— Sim... — evitar falar ajuda a diminuir a dor e o desconforto causado pelo colar cervical, o homem continua falando e falando, sinceramente não estou escutando mais nada, só quero dormir. Sinto minhas pálpebras pesadas e começo a ficar sonolenta, o balançar da ambulância faz com que me sinta leve e flutuante.

Entre quatro paredesOnde histórias criam vida. Descubra agora