Capítulo II

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Por Fábio

       O janta foi quieto, apesar de meu avô me encarar a todo momento, tentando observar alguma mudança de minha expressão, ele sabia que a resposta era não, eu não nasci para aquilo, eu sou somente um enfermeiro que trabalha em um hospital, que quer construir uma vida com meu filho e me dedicar somente a meu trabalho simples com meus pacientes, com aquele ambiente branco, o cheiro de álcool 70, os bipes das máquinas cardíacas e de medicamentos, as injeções, tudo menos o que ele me propõe.

       - Papai - falou meu pequeno.

       - Oi - falei voltando a lhe dar a colher na boca - o que foi pequeno?

        - Bi - falou ele olha pra o meu avô e baixando o olhar, ele sempre chama o senhor George Mont - Biga.

        - Ele brigou com você? - falei já sabendo a resposta, meu avô vompete com o pequeno até na fofoca - Pode deixar papai vai conversar com ele.

        - Tigo - minha vontade era de rir, mas ele falava com uma seriedade, que deixa eu traduzir, ele queria que eu colocasse o meu avô de castigo kkkkkk.

        - Tá bom vou colocar - e ele apontou para televisão como se dissesse pra deixar meu avô sem televisão, o garoto era esperto para ter 2 anos e 3 meses, o castigo de sem televisão era pra deixar o Bisavô dele sem jornal ora que ele pudesse assistir os desenhos, eu dei um pequeno sorriso e sorri pra ele em confirmação, e ele começou a encarar meu avô com desafio, esses dois.

       - Por quê me olha assim pestinha? - falou o senhor George.

        - Vô, por favor - falei repreendendo ele, e meu pequeno deu a língua pra ele - e você pare com isso ou quem vai ficar sem televisão é você, ele fez um bico.

        - Eli - apontou pro outro lado da mesa como se dissesse que o senhor Mont havia começado - Tigo papai.

         - Quem vai ficar de castigo é você sua peste - falou meu avô em desafio.

        - Agora são os dois quem vão ficar de castigo, sem mais um pouco agora vamos comer - quando terminei de dar o jantar do pequeno comecei o meu.

        - Quando terminar vá para o escritório não se esqueça - falou ele, e eu revirei os olhos - não revirei os olhos pra mim.

       - Tudo bem, mas o senhor sabe a resposta.

       - Mas você irá mudar.

       - Por quê insiste tanto?

       - E por quê nega tanto?

       - Tudo bem agora deixe-me jantar em paz antes que eu perca a fome.

       Depois do jantar eu ainda fui assistir com meu filho na televisão, mas logo ele caiu no sono subir as escadas para o deixa no quarto, ainda pensei em me deitar, mas se eu não fosse ao encontro meu avô no escritório, ele com certeza viria quarto e de castigo acordaria meu filho batendo insistentemente na porta.

         - Entre - falou meu avô com a voz estranha dentro da sala - agora vamos aos negócios.

         - Já sabe minha resposta senhor Mont, não sei porque ainda insiste.

        - Porque vó tem meu sangue e é sua obrigação assumir meu lugar.

        - Mas o senhor ainda é novo - falei tentando ao menos adiar.

        - Sou novo mas não imortal, agora sente-se.

        - Tudo bem fale logo estou cansado.

Quanto vale um coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora