UM BRINDE À TRISTEZA

7.

O tempo foi passando e, nós, consequentemente mudamos também. Eu havia parado de falar com o Igor, com a Karine e com uns outros tolos que eu considerava amigo. A vida havia reservado um lugar, um repouso solitário para mim, depois da distância que tive de manter das pessoas, passei a ficar mais tempo sozinho; normalmente passava pensando, escrevendo ou dormindo. Eu poderia ser considerado um coração indigente no meio de tantos corações felizes e tristes por aí, minha vida não possuía nenhum resquício de felicidade momentânea ou algo do tipo, o que havia em mim era carne e osso, apenas.
Depois de um tempo morando com meu tio as coisas começaram a piorar, digo, a correr pro lado contrário. Meu tio voltou a usar drogas, beber e essas merdas que no fim causam um certo alivio. Nós estávamos falidos. Sem dinheiro algum, e, sem felicidade também. Nossa vida corria contra a correnteza da angústia tentando não ceder tão cedo. Deus havia pegado um prego e pregado nas nossas vidas injuriáveis. Eu estava perdido, já havia cedido à angústia, não tinha forças para lutar contra toda aquela merda que passava dentro de casa, deixava o dia passar conforme havia sido escrito. Esses momentos que eu passei foram os piores, eu estava tentando me levantar, seguir uma vida nova e esquecer tudo que havia passado, mas, a vida me deu um direito bem no rosto. Eu não sentia vontade de mudar aquilo, eu apenas seguia vivendo e vendo onde tudo isso daria.
Nesse meio tempo, conheci uma pessoa especial, tal que me ajudou à passar por dentro desse turbilhão de merda que estava acontecendo em minha vida, a voz dela era a melhor coisa que eu podia ter na vida. O seu corpo era perfeito, os olhos castanhos escuros que refletiam a luz do sol todos os dias na minha frente era como um presente divino. Eu me sentia em dívida com algum Deus por ter ela do meu lado. Sua coxa era linda, sua boca e sua boceta eram maravilhosas, nós tivemos momentos incríveis juntos, aprendi coisas maravilhosas e essas merdas clichês.
Nós nos afastamos, cada um seguiu um caminho diferente por motivos banais. Ainda há um resquício de amor em meu coração por ela, mas nada tão grandioso que não possa passar com o tempo, digo, nós não precisamos extremamente de alguém para viver, nós precisamos de alguém que nos faça sentir-se amado, apenas isso. O homem se adapta à grandes mudanças físicas, viver sozinho já não seria uma má ideia.
Meu coração possuí tal nebulosidade que me abraça de uma maneira que nunca vista por mim antes foi. A escuridão que partiu o meu coração em trilhões de pedaços tornou-me forte para aguentar qualquer merda que a vida faça comigo. A tristeza é algo amigável, costumo dizer que a tristeza é melhor que a alegria. Minha visão sobre o mundo é um pouco limitada e subjetivada. Eu simplesmente odeio tudo que há em volta de mim, pessoas.
Se cada humano tivesse a possibilidade de experimentar viver sozinho, fazer da tristeza o único refúgio, nós não seríamos tão espantados quando algo de ruim acontece com nós, por isso, a tristeza te tornará forte, a alegria? um imbecil.
O problema da geração atual é não saber lidar com os problemas de forma certa, consequentemente uma geração fraca e desprovida de força mental, os jovens gritam amargurados dizendo ''SALVEM-ME, ESTOU ME AFOGANDO NUM MAR DE PROBLEMAS'', enquanto poderia fazer desse ''mar'' a sua casa, seu caís e seu refúgio do mundo. Os positivistas são a pior raça humana já encontrada, uns tolos metidos à gênios implantando ilusionismo na mente de pessoas carentes, porra, que mundo é esse?.
Precisamos nos libertar dessa alegria ilusionista que habita nos nossos corações, precisamos sentir a tristeza corroendo e rasgando todo nosso interior. PRECISAMOS SER MAIS FORTES.

O mundo não é uma prisão,
nós que nos prendemos,
desesperadamente,
incansavelmente
À ele.