Verônica S. Miller
Dia 1 – Cativeiro
Olho atônita para o corpo de Sônia, já sem vida. Estou trêmula e sinto meus batimentos
cardíacos acelerados. Charles está calado e apenas me observa.
Ajoelho-me diante dela e, mesmo horrorizada, consigo sussurrar:
— O que foi que você fez, Charles?
— Não foi o que eu fiz, Verônica. Será o que eu irei fazer com aquele desgraçado, caso não me
obedeça. A vida de Adrian está em suas mãos — ele diz numa calma assustadora. — Que isso lhe
sirva de aviso — ele diz e sai em direção à porta.
O pânico toma conta de mim.
— Aonde vai, Charles. Não pode me deixar aqui — grito inutilmente. Ele me olha e apenas
assente, fechando a porta de madeira, trancando-me no quarto.
— Charles, seu desgraçado! Não pode me deixar aqui! Você não pode fazer isso, Charles. Por
favor! Charleeeees — grito dando socos na porta. — Não pode me deixar com ela morta aqui
sozinha, Charleeeees!
Não consigo processar a situação direito. Tudo isso parece surreal. As lágrimas ainda rolam
silenciosamente em meu rosto. Jogo as costas contra a porta e vou descendo lentamente, até que me
choco contra o chão. “Isto não está acontecendo comigo. Meu Deus, por favor. Me livre desse
monstro”.
A cada minuto em que a olho estirada no chão, morta e ensanguentada, mais meu pânico se torna
palpável.
Será impossível permanecer nesse cômodo com ela aqui.
Fecho os olhos e tento manter a calma.
Penso em Adrian, em como ele deve estar nesse momento. Será que ele sabe onde estou? E se
ele pensar que o deixei? E se ele nunca me encontrar aqui? E minha mãe? Como ela irá ficar sem
mim?
A ideia de ficar esquecida aqui, para sempre, me apavora. Tenho esperanças de que Adrian me
encontrará. Ele me ama. Não irá desistir de mim e do filho.
Vou engatinhando até o corpo estirado no chão. Por mais que esteja morrendo de raiva do que
fez comigo, por me trair dessa forma, eu não desejei nem por um momento que isso acontecesse.
Estar perto de um corpo sem vida é realmente muito assustador, principalmente sabendo que me
fará companhia por toda a noite.
Eu choro sem parar. Flexiono minhas pernas e meus joelhos batem contra meu peito. Assustada,
envolvo-as com minhas mãos, abraçando-as como se isso fosse me deixar mais protegida.
A bílis me vem à garganta e não consigo conter a ânsia e a vontade de vomitar. Quando vejo,
estou em meio a minha própria poça de vômito.
O cheiro me deixa enojada, nauseada. Não sei quanto disso é pelo medo ou pelo bebê.
Os arrepios percorrem meu corpo. De alguma forma, eu posso sentir o sangue pulsando em
minhas veias rapidamente e meu cérebro trabalhar numa velocidade atordoante. Ouço apenas o som
das batidas frenéticas do meu coração. Era como se tivesse acabado de correr uma maratona e
parasse para sugar o ar em meus pulmões, tentando restabelecer a respiração.
Penso em todas as formas de sair desse lugar, mas nenhuma delas realmente daria certo.
Charles é esperto e inteligente. E, se eu quiser sair desse maldito pesadelo ilesa, terei que me
desdobrar e encontrar o seu ponto fraco.
E eu encontrarei.
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Eternamente Minha
Chick-LitOlho atônita para o corpo de Sônia, já sem vida. Estou trêmula e sinto meus batimentos cardíacos acelerados. Charles está calado e apenas me observa. Ajoelho-me diante dela e, mesmo horrorizada, consigo sussurrar: - O que foi que você fez, Charles? ...