capítulo 2

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Charles Hertman
Dia 2 – Cativeiro
Eu não havia dormido a noite toda. Ainda podia sentir o cheiro do medo de Sônia, impregnado
em minhas narinas, implorando por sua vida maldita.
Posso fechar os olhos e ver o rosto contorcido de medo e pavor com que Verônica me olhou. Eu
reconhecia aquele tipo de olhar. Era o mesmo que vi no rosto de minha última submissa, a qual não
consegui salvar em meio às chamas violentas.
Levanto-me e coloco meu terno para ir trabalhar. Preciso disfarçar ao máximo para não ser
descoberto. Apesar de ter certeza de que Adrian irá associar o seu sumiço a mim, ele terá que
conseguir provas, as quais serão muito difíceis de conseguir, tendo em vista que sou muito mais
inteligente e experiente na arte de apagar vestígios.
Não há nada que ligue Verônica a mim.
Absolutamente, nada.
Dou o nó em minha gravata e me olho no espelho. Retiro meu celular do bolso do paletó e ligo
para Paschoal.
Ele atende instantaneamente. A eficiência dele me orgulha.
— Quero que vá até a cabana e retire o corpo de lá. Certifique-se de que Verônica esteja bem e
a alimente.
— Sim, senhor — ele diz com sua voz fria e sem nenhum pingo de sentimento.
Eu desligo e dou um sorriso triunfante.
Aposto que agora ela pensará antes de agir. Agora que teve uma pequena amostra do que sou
capaz, ela irá se curvar e me obedecer.
Sento-me na cama para colocar meus sapatos italianos.
Fico por alguns instantes olhando um ponto isolado na parede, inerte, apenas pensando como
será daqui pra frente. Balanço a cabeça saindo de meu transe e vou até minha cômoda. Ao abri-la,
retiro de dentro uma pequena coleira preta de couro, cravejada em diamantes e minhas iniciais
deixando-me orgulhoso: CH.
As iniciais de meu nome estampam a coleira que, em breve, estará em torno de seu lindo e
magnífico pescoço. Eu olho para ela, contemplando-a por sua beleza rústica e a levo até meu rosto
inalando o cheiro do couro.
Enfim, o dia de ter uma relação de total entrega de poder, está próximo e a ideia de ter uma
mulher, submissa e escrava, para que eu possa dominá-la em todos os sentidos, me excita ao extremo.
Coloco-a de volta dentro da gaveta e um prazer estranho percorre minha alma.
Abro as outras gavetas e separo alguns brinquedos para essa noite. Eu irei usá-los, estreá-los
com ela. Verônica sentirá o meu poder e se submeterá a mim como eu quiser. Mas, antes, farei com
que me implore por isso.
— Senhor! Senhor Charles! — Paschoal irrompe meu quarto carregando Verônica em seus
braços brutos.
Sua cabeça pendurada e o corpo totalmente amolecido, como se estivesse sem vida, me
alarmam.
Ele para de frente a mim e eu pisco várias vezes para me dar conta da situação.
— Que porra é essa, Paschoal? — pergunto com minha voz dominante.
— Ela estava caída, senhor. Chegamos para tirar o corpo da outra mulher e ela estava caída em uma poça de vômito.
Eu empalideço e me reteso no lugar. A ideia de que ela esteja morta passa como um relâmpago
em minha mente e meu coração parece levar uma fisgada.
— Dê-me ela aqui — digo retirando-a de seus braços rudes e a deposito em minha cama.
Pressiono meus dedos contra as veias em seu pescoço e constato: ela está viva. Mas, para me
certificar de que estava realmente respirando, abaixo meu rosto até seu peito e coloco meu ouvido
contra ele. Quase choro de alívio ao ouvir as batidas de seu coração.
Olho para ele e ordeno:
— Saia!
Ele sai no mesmo instante e fecha a porta atrás de si.
Não quero que ele veja o quão desesperado estou. O quanto ela me afeta.
Olho para ela, suja e com um cheiro terrível. Sorrio com as mãos na boca.
Graças a Deus ela está viva!
Sento-me ao seu lado na cama e as molas do colchão rangem suavemente.
— Verônica! — Tento acordá-la. — Verônica, por favor, está me ouvindo? Verônica?
O desespero volta a bater.
— Merda! — praguejo e corro até o banheiro.
Com agilidade, abro as torneiras da banheira e deixo-a encher. Jogo sais de banho e sabonete
líquido.
Volto para o quarto e retiro meu paletó para não sujá-lo.
Ela permanece deitada do mesmo jeito.
Aproximo-me e retiro sua roupa deixando-a completamente nua. Embolo as roupas umas nas
outras e deixo no canto do quarto para que me lembre de jogá-las no lixo.
Pego-a em meu colo e a levo até o banheiro. Ela é tão leve e quase não faço esforço para
transportá-la.
A banheira já está quase repleta de água e espuma. Coloco sobre a água e a seguro firme em
suas costas. Seu corpo agora está totalmente submerso e vulnerável, mas ainda não há sinais de expressão em seu rosto.
Sem esperar, começo a banhá-la. Estico meu braço em direção à pequena esponja macia e a
deslizo por todo o seu corpo curvilíneo, lentamente.
Eu estava ali, ajoelhado diante da banheira, limpando-a. As mangas de minha camisa estão
totalmente molhadas, e me dei conta de que essa era a primeira vez que me ajoelho diante de uma
mulher. Então, ajeito minha postura.
Charles Hertman jamais se ajoelha para ninguém. Principalmente para uma mulher. Eu era o
dominante. Era a mim que as pessoas tinham que se ajoelhar, e não o contrário.
Agora eu estava no controle.
Sem esperar, sinto ela se mexer; foi um movimento lento, mas que me fez sorrir.
— Verônica! — sussurro esperançoso.
Lentamente, ela abre os olhos, pisca várias vezes para se acostumar com a claridade do lugar e
os fecha outra vez.
Eu sorrio.
Solto a esponja sobre a água e levo minha mão até seu rosto e a acaricio suavemente.
Ela parece estar em algum tipo de transe.
Com os olhos fechados, separa lentamente os lábios. Tenta balbuciar algo, mas se contém. Ela
os separa de novo e eu os sigo. Eles se abrem e mesmo não saindo nenhum som de seus lábios, eu
posso ler a única palavra que sai deles: ADRIAN.
Ela chama por ele e não por mim, que sou seu Mestre! Fico furioso por isso, mas sei que ela está
delirando.
Sua respiração lenta e dolorosa, seu peito subindo e descendo tão lentamente, me entristecem.
Inclino-me sobre a banheira e procuro seus lábios com os meus. Assim que eles a toca, ela os
recebe com um sorriso. Então, eu a beijo. Seus lábios separam-se devagar e sinto sua língua
percorrer a minha. Doce. Extremamente doce.
Segurando-a com firmeza, coloco minhas mãos na lateral de seu rosto e a acaricio.
Eu aprofundo ainda mais o beijo e, então, ela abre os olhos.
Eu desejei que não os tivesse aberto.
O que vejo neles é repulsa, pavor, medo, pânico, nojo... Vejo tudo, menos amor ou uma simples
gota de desejo.
— Ahhhhhhhhh!
Ela grita e me empurra. A sorte é que sempre estou preparado.
Enquanto ela se debate, gritando como uma louca, fazendo toda a água da banheira respingar
para fora, eu intensifico meu aperto sobre ela.
— Me solte, seu monstro! — ela grita.
— Verônica... — Lanço a ela um olhar reprovador para sua conduta rude e violenta.
— Tire suas mãos de mim! TIRA SUAS MÃOS DE MIM! — ela grita ainda mais alto e se
debate tentando me acertar.
Sua resistência me excita e, em poucos segundos, ela me tem duro.
— Merda! — praguejo.
Ela não para de gritar e fico possesso com isso.
Para dar a ela um vislumbre do que lhe acontecerá se continuar com essa porra desse show
maldito e descontrolado, eu afundo sua cabeça na água até que sinto-a encostar no fundo da banheira.
Eu a mantenho ali, segurando-a com minha mão direita, num aperto forte sobre sua garganta.
Rapidamente, sinto suas mãos delicadas em torno de meu antebraço.
Ela se sacode, se debate...
Olho para ela no fundo da banheira com os olhos arregalados e assustados. Ela grita algo, mas
não consigo entender. Apenas sigo com meus olhos, as bolhas que se formam ao falar e que sobem
sobre a água. Seus cabelos pretos flutuam e aos poucos, ela para de lutar.
Então, a puxo de volta. Ela suga uma enorme quantidade de ar e tosse desesperadamente.
Ela sabe. Ela sabe muito bem que, se continuar a resistir, será pior.
Então, ela se retrai e recua para longe de mim, no cantinho da banheira, feito uma gatinha
assustada.
Ela sabe que será punida e vejo o terror e o medo em seus olhos.
— Por favor — ela se encolhe ainda mais e chora.
— Minha doce menina — sussurro e tento alcançá-la com as mãos.
— Por favor, Senhor. Não me machuque. Eu imploro — ela realmente implora e ouço seus
soluços de desespero.
— Jamais. Jamais irei machucá-la, minha menina. Você é minha agora. Só quero protegê-la e
cuidar de você.
Ela me olha confusa.
— Eu não irei machucá-la, querida. Mas você precisa cooperar.
Ela parece pensar no que digo.
— Me desculpe. E-eu estava fora de mim. — Sua voz saiu fraca e vacilante.
— Eu sei que sim. — Dou a ela um sorriso acolhedor. — Você estava desmaiada ou dormindo,
não sei. Você realmente me assustou e eu achei que estivesse morta. Estava completamente imunda.
Então, apenas achei que um banho seria bom.
Ela me analisa por alguns segundos.
— Me deixe ir embora, Charles. Por favor — ela implora e aperta os olhos fechando-os.
Eu me enfureço.
— Qual é o seu problema, Verônica? — grito e vejo-a dar um pulo, assustada. — Não ouviu
nada do que eu disse? Nada? — pergunto impaciente. — Venha, preciso terminar de te limpar.
— Não! Por favor, Charles. Por que está fazendo isso comigo?
— Agora, Verônica! Estou mandando, e sabe o que vai acontecer se me desobedecer? — rosno.
Relutante, ela se aproxima.
— Deite-se. Ainda não terminei de limpá-la.
Ela faz o que eu digo.
Coloco uma quantidade generosa de sabonete líquido em minha mão e começo a ensaboá-la.
Passo a mão por seus seios firmes e redondos, seus braços, barriga, pernas, pés... por todo seu
corpo magnífico.
Volto a colocar o líquido em minha mão e ordeno:
— Abra suas pernas pra mim.
— Me deixe fazer isso, por favor. Por favor, Senhor — ela choraminga.
— Eu sou seu dono, Verônica. Terá que se acostumar comigo te mimando. Pretendo eu mesmo
banhá-la todos os dias. Então, apenas faça o que uma boa submissa deve fazer: obedeça! — digo com
meu tom frio e habitual.
Ela fecha os olhos e as lágrimas escorrem por eles.
Minha satisfação aumenta quando a vejo separar lentamente suas pernas, me dando total acesso
para tocá-la.
Minha mão percorre seu abdômen lentamente e, assim que escorrega para seu sexo, eu a espalmo
sobre sua boceta. Ela solta um grunhido e tenta me bloquear com sua mão.
Olho para ela e digo numa calma assustadora:
— Você sempre escolhe o pior caminho. Se não me deixar terminar, vou te tirar daqui e levá-la
para a minha cama. Vou vendar você, amarrar seus pulsos e tornozelos. Vou te amordaçar e te surrar
até que fique com minhas marcas em sua bunda. Marcas de todas as cores que possa imaginar. E lhe
garanto... que não será muito divertido. Pelo menos, não para você.
Na mesma hora, ela solta minha mão e abre as pernas para que eu continue.
Eu a limpo, mas não a toco de outra forma. Quando termino, lavo seus cabelos e os enxaguo.
— Pronto! — digo. Levanto-me e pego a toalha no suporte. — Levante-se!
Ela me obedece com seus braços caídos ao lado de seu corpo, sua cabeça baixa e seus olhos
fixos no chão, totalmente submetida às minhas vontades.
Sem pressa, seco todo seu corpo e depois seus cabelos recém-tingidos. Era um alívio vê-la
morena outra vez.
Ainda no banheiro, pego uma escova e desembaraço seus cabelos gentilmente. Quando termino,
carrego-a em meus braços, nua, até o quarto e a deito em minha cama.
— Não saia daqui. Vou buscar algo para você vestir — ordeno e saio rapidamente para o quarto
ao lado.
Momentos depois, volto com um robe preto de seda e coloco nela.
— Vou ter que sair para trabalhar. Vou deixá-la aqui em meu quarto. Não quero chegar à noite e
ver tudo destruído, Verônica. Seja uma boa menina. Vou ficar feliz em recompensá-la, se fizer tudo
direitinho. — Sorrio para ela e deposito um beijo em sua têmpora. — Não faça nenhuma besteira. À
noite, quando eu chegar, vou cuidar de você. Entendeu? — Quando ela não responde, eu pergunto
novamente, mais ríspido. — Entendeu?
— Sim. — Sua voz sai trêmula.
— É assim que se dirige ao seu dono? Será que vou ter que te ensinar tudo de novo?
— Desculpe-me, Senhor. Por favor, me desculpe — ela diz evitando meu olhar.
— Está bem. Vou chegar após as sete. Quero que descanse. Tenho planos para nós esta noite.
Eu me viro para sair do quarto. Porém, no meio do caminho, sinto que falta algo. Volto até ela,
que me olha confusa, sentada na cama. Seguro atrás de sua nuca e a puxo até que seu rosto fique
colado com o meu.
— Eu quero meu beijo. O seu Senhor merece um beijo, não?
Ela vacila.
— Não?
— Sim. Merece, Senhor.
— Estou esperando.
Ela se aproxima e toca minha boca com seus lábios.
Não era o beijo que esperava, mas para o começar estava bom.
— Eu te amo, Verônica — digo e vejo todo tipo de sentimento brotar em seu olhar. Seus lindos
olhos castanhos estão em pânico. Ela realmente sabe o que eu quero que diga, mas ela diz as três
palavras e me deixa aborrecido. Tudo bem, eu sou paciente e vou esperar. Vou arrancar as palavras
da boca dela antes mesmo que ela perceba.
Ela irá me amar. Ah, se irá.
Eu a solto e saio do quarto, trancando-o. Coloco a chave no bolso e saio para ir trabalhar. Passo
por Paschoal e digo:
— Dê algo para ela comer, mas não muito. Quero-a fraca e frágil. Dê algo apenas para que ela
não morra de fome. Ela é inteligente e não vai desistir de lutar. Se estiver forte pra isso, vai dificultar as coisas pra mim. Entendeu?
— Sim.
— E o corpo da vagabunda?
— O outro disse que tomava conta disso enquanto trazia-a para cá. A essa hora, ele deve estar
jogando-a num rio bem longe daqui. Não precisa se preocupar, senhor Charles.
Olho para ele e digo:
— Assim espero. Assim espero.

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