capítulo 31

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Verônica S. Miller
O dia amanhece já cheio de expectativas. Daqui dois dias, minha mãe irá ser operada para a
retirada do tumor e eu estou muito esperançosa. Conversei com o neurocirurgião e ele me garantiu
que, apesar dos riscos de toda cirurgia, temos boas chances de que seja um sucesso.
Adrian foi visitar a mãe que aguarda o julgamento em liberdade. Pelo que sei, ela está
provisoriamente na casa de Alana, o que era de se esperar, já que as duas são farinha do mesmo
saco. Ainda não entendi o que ele foi fazer lá, mas disse que precisava de explicações. Que
precisava entender o porquê de ter sido tão cruel sem qualquer motivo.
Quanto à Miller’s, meu querido esposo ciumento me proibiu de ir até lá enquanto a campanha de
Jason Maxwell estivesse sendo gravada. Ele queria evitar a todo custo que Jason roubasse meu
coração com aquele lindo par de olhos azuis e seu jeito galanteador de sempre. Eu concordei, claro,
mas achei tudo engraçado por Adrian ainda se sentir ameaçado depois de ter a certeza de que ele é e
sempre será minha vida, meu porto seguro.
— Querida, vai almoçar? — Maria pergunta enquanto divago olhando através da janela.
— Claro. Adrian disse que não viria, pois as coisas na agência estão caóticas. Será que você
poderia servir nosso almoço no jardim? Minha mãe, especialmente hoje, está muito animada e não
cansa de dizer o quanto se sente bem ali. — Aponto através da enorme janela de vidro que dá para o
jardim, onde minha mãe, que está na cadeira de rodas, ri como uma criança das piadas dos
enfermeiros. Pelo seu semblante, posso ver como está feliz.
— Sim, querida. Você está feliz com ela aqui, não?
— Muito — continuo observando-a e sinto meus olhos arderem.
— Vai dar tudo certo.
— Ela ainda tem seus lapsos momentâneos, Maria. Embora esteja bem melhor, ela não é mais a
mesma.
— Tudo vai ficar bem, tenha fé. Vocês percorreram um caminho tão árduo. Merecem serem
felizes. — Ela me abraçou. — Adrian tem sorte por ter uma esposa tão dedicada e carinhosa como
você.
— Fui eu que tive sorte. Ele apareceu em minha vida no momento em que mais precisava de
amor, carinho, diminuindo as tristezas que haviam dentro de mim.
— Vocês fizeram bem um ao outro. Pode acreditar. — Ela sorri. — Vou servir o almoço.
Eu caminho até o jardim em direção à minha mãe.
— Pode nos deixar a sós, por favor — digo para os enfermeiros que se dispersam. — O almoço
está sendo servido na sala de jantar, fiquem à vontade.
— Obrigado, senhora Miller — um deles diz.
Minha mãe me olha. Com sua aparência alegre e sua pele corada pelo sol, ela erradia felicidade.
— Pedi para a Maria servir o nosso almoço aqui, no jardim — digo e dou um beijo em sua testa.
— Você viu como o dia está lindo, senhora Miller. — Ela ri. Sabe que detesto quando ela não
me chama de filha.
— Vi, mamãe. E especialmente hoje que a senhora está tão radiante.
— Adrian não vem para ficar conosco? Eu adoro quando ele começa a contar aquelas histórias
malucas no final de tarde e jogamos xadrez. — Ela segura minha mão e a acaricia com carinho.
— Hoje, ele chegará tarde. Mas eu posso acompanhá-la no xadrez, porque sou uma péssima
contadora de histórias.
— Eu aceito. — Ela sorri.
***
A noite cai.
Da varanda do meu quarto, consigo ver as viaturas fazendo a ronda e os dois seguranças
contratado por Adrian. Eles sempre ficavam toda a madrugada e revezavam com outros dois às seis
da manhã. Mesmo com todos eles ali, eu não me sinto segura.
— O que faz aí? — Sou surpreendida por Adrian, que me abraça por trás e dá um beijo em meu
pescoço.
— Não vi você chegar — digo, virando-me para ele.
— Como está nosso bebê? — Ele acaricia meu ventre.
— Melhor impossível. Como foi o encontro com sua mãe?
— Difícil — ele diz. — O que foi, querida? Está com uma cara.
Adrian sai da varanda e começa a se despir sem quebrar a conexão comigo.
— Não sei. Estou com um mau pressentimento — digo com aquela sensação de aperto no
coração.
— Não seja boba, meu amor. Estamos seguros aqui — Ele coloca sua roupa no cabide e se senta
na cama, de cueca. — Venha aqui. — Ele estende as mãos para mim e eu vou até ele. — Você fica
linda com essa carinha preocupada, mas eu prefiro quando estou por cima de você e vendo-a sorrir e
gemer enquanto te possuo — ele diz todo galanteador, me fazendo rir.
— Você está cada dia mais assanhado, senhor Miller.
— Talvez porque eu tenha uma mulher igualmente assanhada, que fica me esperando chegar do
trabalho vestida apenas num robe que transparece toda sua nudez. — Ele me beija calorosamente e
retira meu robe delicadamente.
— Você não vai tomar um banho?
Ele me pega no colo e me joga na cama, colando seu corpo ao meu e sussurra, mordiscando
minha orelha:
— Desta vez, o banho pode esperar. — E me beija com paixão e urgência. Suas mãos fortes e
firmes acariciam meu corpo acendendo o desejo em mim.
Ele deita na cama e me puxa para cima dele. Com as mãos, acaricia meus seios e leva sua boca
até eles, chupando-os com vontade, arrancando suspiros e gemidos incontroláveis. Ele se afasta e
pega em meus cabelos, em minha nuca e me faz olhá-lo. Em seguida, sorri e diz num tom brincalhão:
— Eu sou todo seu. Pode fazer o que quiser comigo.
E eu faço tudo o que tenho vontade, começando por vários beijos em sua boca gostosa e
terminando empoleirada em seu pau, gemendo de prazer e tendo uns dos melhores orgasmos da minha
vida.
***
Sentados à mesa do jantar, Terry e Jonas se divertem contando sobre os preparativos do
noivado.
— Já pensaram na data do casamento? — Adrian pergunta comendo sua salada.
— Queremos marcar para daqui uns três meses. Sua irmã ainda está indo aos encontros e não
quero atrapalhar nenhum dia sequer — ele diz se referindo à sua dependência química. Embora Terry
tenha dado apenas um deslize, pelo que fiquei sabendo, Adrian e Jonas ainda pisavam em ovos com
ela.
— E aonde vão morar? — perguntei curiosa.
— Em algum lugar bem longe dos dois coelhinhos. — Terry ri e Adrian a repreende por falar
sobre nós.
— Ainda quero entender como você aguenta a minha irmã. — Ele ri.
— Ela tem suas qualidades — Jonas brinca e Terry faz beicinho.
— Se a minha cunhadinha te aguenta, maninho, qualquer um pode me aguentar. Sou bem mais
simpática do que você. E não sou babaca! — ela brinca, jogando um pedaço de pão nele, como se
fosse uma criança birrenta, fazendo todos nós rirmos.
— Bom, eu vou até o quarto da minha mãe. Se me dão licença — digo e me despeço dando um
beijo em meu marido.
— Te encontro no quarto — Adrian diz.
— Olha aí, está vendo? Dois coelhos. — Todos rimos.
***
Após ver como minha mãe estava, sigo para o meu quarto. Estou cansada e essa sensação de que
algo ruim está prestes a acontecer me deixa agitada.
Vou até meu closet, coloco minha camisola e me deito na cama. Estico minha mão até o criado-
mudo e pego o celular de Adrian. Eu coloco os fones de ouvido e plugo no aparelho. Ligo na estação
de rádio e a música Ruas de Outono, da Ana Carolina, me deixa mais calma, fazendo com que a
sensação de perigo se dissipe. A música toca minha alma, pois a sinto em cada palavra.
... Eu voltei por entre as flores da estrada
Pra dizer que sem você não há mais nada
Quero ter você bem mais que perto
Com você eu sinto o céu aberto
Daria pra escrever um livro
Se eu fosse contar
Tudo que passei antes de te encontrar
Pego sua mão e peço pra me escutar
Seu olhar me diz que você quer me acompanhar...
Eu abro os olhos, e meu lindo marido está parado na porta, apenas me observando. Ajeito-me na
cama e sorrio para ele, tirando os fones.
— Estou te achando cansada. Quer dormir um pouco?
— Estava esperando por você. — Ele vem até mim e me beija. — Já volto. Vou me trocar —
ele diz e entra no banheiro, mas volta minutos depois.
Ele se deita ao meu lado e me puxa para ele, colando nossos corpos, fazendo eu sentir todo o
calor de seus braços e seu amor.
— Ficarei assim coladinho em você até que pegue no sono. Bons sonhos — ele diz e me beija.
— Eu amo você — digo e o abraço forte, ainda com aquela sensação de que algo está errado.
Depois de um tempo, durmo tranquilamente, sendo acarinhada por ele.

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