Capítulo 6 - After

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POV THALIA

As ultimas horas era um borrão, como um sonho, daqueles que você acorda achando que é real, mas não se lembra dos detalhes.

Luke voltou pouco tempo depois com uma sacola de roupas simples e novas. Ele fez seu melhor, eu sabia que sim e por tudo que é mais sagrado, sentia muito por ele estar envolvido.

Me sentei quando ele me entregou a sacola. Uma calça jeans escura e uma blusa preta lisa. Bom. Mas sem roupa intima, o que no momento não importava.

- foi o melhor que encontrei. – disse ele gentil.

Luke estava sendo mais do que gentil.

Concordei com um aceno, coisa que fiz a noite toda já que não confiava na minha voz.

Fui para o banheiro e coloquei a roupa que serviu como uma luva, mas havia algo mais na sacola, um lenço azul escuro. Olhei dele para o espelho e entendi porque Luke o trouxe, meu pescoço estava com marcas roxas de dedos.

Passei a mão por ele e estremeci, os olhos transbordando sem que eu percebesse.

Não sei bem como isso aconteceu, mas então eu estava no chão do banheiro, soluçando e em algum momento Luke entrou e se sentou ao meu lado, me aconchegou em seus braços e peitoral e me deixou chorar.

O que eu fiz, por um longo tempo. O que nunca aconteceu, nem quando minha mãe morreu, já que eu era muito pequena.

Nunca chorei tanto na vida.

Luke foi paciente, ficou ao meu lado, acariciou meu cabelo e sussurrava palavras de conforto.

Depois de algumas horas e acho que já estava amanhecendo, o choro foi sessando.

Com um suspiro em meio ao silencio oco do banheiro e a caricia delicada de Luke no meu braço, perguntei:

- e agora?

Ouço sua respiração funda e com a voz falha ele responde:

- agora voltamos para casa e fingimos que essa noite nunca aconteceu.

Aperto o lenço que ainda está em minhas mãos, eu o encaro, porque é mais fácil do que encarar o Luke.

- não sei se isso é possível. – confesso. – eu... eu o matei Luke.

- eu sei, tudo bem, - ele beija meu cabelo de leve e o gesto quase me desmorona. - ele ia matar você, foi legitima defesa. – completa.

Por fim me viro para ele, nossos olhos se encontrando, os dele refletindo seu cansaço, sua preocupação. Refletindo a mim mesma.

- então porque não chamamos a polícia? Se foi...

- você não entende. – ele me corta firme. – legitima defesa ou não, você o matou e agora você tem uma noção de quem ele era.

Desvio os olhos com pesar.

- ele disse que era um recado de Hades para meu pai. – lembro com a voz falha. – porque Hades faria isso? Ele já tem o lado norte...

- ambição, talvez? Ou só Deus sabe o que seu pai pode ter feito pra ele. – Luke torce os lábios. – sabia que conhecia o nome Ethan Nakamura de algum lugar. Claro, o capanga de Hades, ninguém nunca o viu, ele usava codinomes, disfarçava, mas era como o braço esquerdo de Hades.

- ah Deus... – suspiro sentindo o horror crescendo em mim. – é por isso, não é? Porque não é a polícia o grande problema, mas a gangue do Hades.

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