Capítulo 14 - Alone

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POV THALIA

Assim que entro no meu quarto o grito e o soluço se misturam em minha garganta.

Solto-os com tudo o que tenho, a raiva, o nojo, grudados em minha pele, minha alma.

Eu o odeio, odeio tanto que mal consigo suportar.

Sem conseguir me controlar grito de novo derrubando tudo que vejo pela frente. O ódio instalado em mim. Acho que quebro metade dos meus perfumes e o espelho, mas não ligo.

Engasgando vou até o banheiro e ligo o chuveiro, no quente, para tirar tudo.

Tiro minha roupa a rasgando, não quero mais usar nada daquilo nunca mais na vida. Entro em baixo da água escaldante e esfrego o sabonete com a bucha sobre minha pele, onde quer que ele tenha tocado, esfrego firme.

Mas a sensação não vai embora. Aquela maldita sensação está impregnada em meu ser e eu a odeio, e o odeio, e me odeio e por um momento odeio até o Luke por me colocar nessa situação.

Mas a culpa nunca foi dele. É minha, única e toda minha.

Thought I found a way
Thought I found a way out (found)
But you never go away (never go away)
So I guess I gotta stay now

Pensei ter encontrado um caminho
Pensei ter encontrado um caminho de saída, sim (encontrado)
Mas você nunca vai embora (nunca vai embora)
Então eu acho que tenho que ficar agora

Caio no chão do banheiro, dentro do box, a água ainda caindo em mim misturando as lagrimas a ela, levando muito pouco da minha sujeira.

Ouço alguém bater na porta, mas não respondo. Acho que é a Sally, e depois de um tempo insistindo grito para ela ir embora.

Sem escolha, ela vai. E eu continuo ali, nem sei por quanto tempo.

A dor, ela não é física e todas aquelas coisas voltam a minha mente. Uma por uma. Travis antes e Travis agora, o sangue de Ethan jorrando em mim, seus engasgos. Parte da minha mente imagina Travis no lugar dele e isso me assusta.

Oh, I hope some day I'll make it out of here
Even if it takes all night or a hundred years
Need a place to hide, but I can't find one near
Wanna feel alive, outside I can't fight my fear

Oh, espero que algum dia eu consiga sair daqui
Mesmo que demore a noite toda ou cem anos
Preciso de um lugar para me esconder, mas não consigo encontrar nenhum por perto
Quero me sentir vivo, lá fora não consigo enfrentar meu medo

A porta do meu quarto abre, mas não ouço ninguém dizer nada, apenas passos. Até que Luke aparece na soleira da porta do banheiro.

Seus olhos fixam em mim e algo se passa neles, mas não consigo entender o que ele faz ali e não me importo, nem me importo com minha nudez diante dele, nem nada.

Ele chama meu nome, mas não respondo. Ele se aproxima pegando uma toalha no canto e abrindo o box antes de estender o braço e fechar o chuveiro.

Sua leveza me deixa impressionada. Mas mal o olho, não quero encara-lo. Retorno a chorar e me xingo por isso.

Luke para na minha frente, os olhos procurando os meus e chama meu nome de novo. O modo como meu nome soa diferente vindo dele me faz chorar mais.

Ele coloca a toalha ao meu redor delicadamente, mas me contraio ao toque.

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