Cap. 3

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O dia passou voando que até esqueci que talvez eu receberia uma mensagem, que veio no fim do meu dia depois de eu ter arrumado todo o apartamento.
"Espero que não esteja dormindo"
Peguei o celular e fui para a sala, era sexta, sendo assim, não pretendia dormir cedo, liguei a TV e escolhi um vinho na adega, repousei a taça na pia e me servi.
"Na verdade estou e meu espírito que está te respondendo"
"Piadista as 22h de uma sexta"
"Final de semana começou, não dá para perder oportunidade, aliás, precisa acabar a frase que não terminou mais cedo..."
"** que fui interrompida"
"Que seja, vai me contar?"
"Depende..."
"De?..."
"Qual o programa para hoje?"
"Nesse momento, vinho e casa vazia, e o teu?"
"Absolutamente nenhum, se puder sair, a gente podia acabar a conversa, se quiser..."
"Normalmente não sou muito de sair não, tem algum lugar em mente?"
"Tem um pub perto do meu apê, por que não vem aqui?"
"Pode ser então, me dá uma hora..."
Quando cheguei, ela tinha pego uma mesa do lado de fora, a noite estava gelada, então não foi uma boa decisão, mas tudo bem.
Parei o carro por perto e desci, a encarei na mesa e soltei um "e aí?!".
Ela se levantou e me abraçou do mesmo jeito que aquela vez, estava com um chapéu vinho, cachecol e suspensório. Sentamos e ela ofereceu a garrafa de cerveja, neguei e pedi uma ice.
- Você não vai vir no bar só para tomar uma ice...
- Estou de carro...
- Quem disse que eu ia...
Ergui as sobrancelhas e ela cortou a frase.
- Que fim deu sua discussão de meses atrás? - Abri a ice e tomei um gole.
- Óbvio que terminamos naquele dia mesmo, resolvi falar com minha mãe, fui expulsa de casa, mas já tinha me preparado para isso, já tinha dado entrada no apê, só me mudei e é isso aí, estou trabalhando, mas queria ir para a área que eu gosto...
- E daí você achou a empresa...
- Isso aí, não sabia que trabalhava lá.
- Imagino que não... Hm... Eu real me incomodo com frio, se importa de pegar sua cerveja e irmos para o carro?
- Se você não me sequestrar, tudo bem.
Ela já estava alegre e eu não ia deixá-la sozinha no apartamento, era estranho demais levá-la para meu apartamento, mas sabe aquela vontade incontrolável e...
- Tem alguém aí? - Ela estalou o dedo na minha frente e riu. Quando voltei o foco nela a conversa fluiu. Uma... Duas... Quando a segunda garrafa acabou ela pediu para ir embora, eu agradeci, porque estava congelando naquela mesa já.
Quando finalmente entramos no carro, ela encostou no vidro e dormiu, e foi o que serviu para eu realmente decidir levá-la para meu apê.
Passei o caminho pensando em como iria carregar aquele ser até o elevador, mas por sorte ela acordou quando estacionei o carro.
- É sério?
- O quê?
- Tu me trouxe para seu apartamento?
- Desculpa, não ia te deixar sozinha... Se quiser te levo de volta...
- Não... eu... tá tudo bem, já está tudo uma doideira mesmo...
Subimos e ela sentou na ilha da cozinha.
- Só eu que falei a conversa toda, quero saber de você afinal, me sequestrou.
- Epa, tu concordou... Mas tudo bem, você já sabe o básico, o que mais quer saber? - Ela estava andando pelo apartamento.
- O que você faz em tempo livre?
- Eu...
- WOW, você luta?
- ... Luto e toco violino.
- Que loucura, se eu te pegar desprevenida, consegue defender? - Vi sua mão vir em direção a minha costela e segurei.
- Treino para isso. - Dei uma risada e puxei ela para perto. - Quanto por cento ainda está bêbada? - A olhei de cima a baixo até seu olhar repousar no meu.
- Menos que 50, pode ter certeza, mas não estou sóbria o suficiente para controlar impulsos.
- Que seriam? - Ela chegou mais perto e tirou meu cabelo do rosto, tirei seu chapéu e não consegui me controlar. Dessa vez só precisava de mais um passo para nossos corpos se encontrarem, e adiantei essa parte num último puxão. Senti sua mão gelada na minha nuca e quando ia protestar para fazê-la rir, seu beijo me calou. Passado um tempo eu juro que já não sabia onde estava, até ela afastar.
- Desculpa, eu disse que não estava sóbria o bastante para evitar... - Interrompi retribuindo o beijo, que dessa vez não nos parou. Fomos andando até meu quarto e a deitei na cama, os beijos não pararam e quando senti suas mãos percorrerem minhas costas por dentro da camiseta, ela parou.
- Preciso de um banho.
- No corredor, sua direita.
Me joguei na cama e observei ela caminhar até lá, passei a mão no rosto e suspirei, olhei para meu relógio no criado mudo. 1:27.

Uma Página PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora