Cap. 7

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- Lu? - Senti um vento gelado onde antes era uma mão quentinha.
- Hum?! - Abri os olhos e vi que não era mais noite. - AI MEU DEUS!
- Relaxa, o sol ainda não nasceu, te acordei para isso mesmo.
Bocejei e me levantei.
- Você dormiu?
- Quem precisa de sono? Fiquei com medo de te atrasar para o trabalho.
- Meu deus, guria. Vou te levar para casa.
- Até aceito, mas não agora, assiste isso e depois vamos. - Olhei para frente e o céu ia perdendo seu azul e dava espaço ao laranja que a luz do sol trazia. - Você pode se atrasar?
- Preciso só ter certeza de que não tem seleção ou reunião. - Peguei o celular e liguei para a Bri.
- Amore?
- Você não está me acordando antes das 6h, fala que é sonho.
- Já te deixo dormir, temos algo muito importante hoje?
- Reunião as 14h, esqueceu?
- Alguma antes das 10h?
- Não. Vai atrasar?
- É, quase isso. Desculpa aí, beijo.
Virei para a Ella:
- A manhã é nossa.
- Uhul! - Ela me abraçou e encaramos aquele céu incrível. Quando a hora começou a correr, saímos de lá, passamos no meu apê, tomamos banho e comecei a me arrumar.
- Ainda não acredito que dormi, me perdoa.
- Ah, relaxa. - A olhei deitada na cama pelo espelho.
- Você deveria ter dormido junto.
- Você ia atrasar e iríamos perder o .... - ouvi um bocejo. - sol.
- É, mas foi loucura você ficar acordada.
- É...
- Te deixo em casa e vou para o trabalho, e liga lá para falar com a galera da seleção. Ok?... Ella?
Olhei o espelho e ela tinha dormido, eu dei uma risada, mas me desesperei na mesma hora. Como eu ia levar ela embora? Porque precisava trancar o apartamento e não ia deixar ela trancada, comecei a andar de um lado para o outro pensando no que fazer.
- Já sei! - Peguei um papel e comecei a rascunhar.
"Ella, desculpa te trancar, mas só pegar a chave. Vou jogar debaixo da porta assim que sair. Quando acordar me manda mensagem para eu saber se deu tudo certo? Desculpa!"
Coloquei no criado-mudo perto do celular, que acendeu notificando uma mensagem de "Amor": "Hoje ainda está de pé? Espero que sim! Já estou com saudade", respirei fundo e fingi que não vi. Saí devagar quando o meu celular tocou.
- Lua? Você está vindo? Preciso de você.
- Estou saindo de casa, sobrevive em 20 minutos?
- Se me pagar um café, sobrevivo de boa.
- Me espera na porta que te salvo haha. - Dei uma corrida até lá torcendo para não ser algo relacionado ao trabalho. - Oi, meu amor.
- Lu... - Bri entrou no carro e me olhou com os olhos marejados. - Eu..
- O que aconteceu?
- CONSEGUI A BOLSA NA FACUL!
- VOCÊ QUASE ME MATA, GAROTA! PARABÉNS, MEU DEUS!
- Eu estou muito feliz!!!
- Eu imagino!!! - Dei a partida no carro até o Starbucks. - Qual vai querer para comemorar?
- Qualquer um com caramelo e chantilly.
- Então você vai me abandonar para fazer medicina em tempo integral? Ótimo, perdi minha melhor amiga para cadáver de faculdade.
- Para de ser dramática! Futuramente vou ser rica e você vai agradecer quando eu te pagar um Starbucks nos Estados Unidos.
- Ui, mas que determinação. Vai lá, te espero no carro, já sabe a senha. - Entreguei o cartão e olhei o celular.
- Esperando alguma mensagem? - Ela riu e saiu.
- É... Torcendo para que não seja a última... - As palavras vagaram no carro vazio. Fechei os olhos antes de olhar a tela acesa. Nada. A manhã passou, 9... 10... horas e nada.

Uma Página PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora