E como prometido, estava lá... Encostei o carro e dei uma buzinada baixa. E ela veio com aquele estilo arrumadinha como sempre, o sobretudo azul marinho cobria o jeans rasgado no joelho, ela cruzou os braços no vidro:
- Para onde vamos?
- Se você entrar, vai descobrir... Mas antes de falar, preciso te dar uma notícia.
- Quem morreu? - Ela entrou no carro e se virou para mim.
- Einstein, Michael Jackson...
- Hahaha, agora sério, o que precisa falar?
- Você passou na entrevista.
- É O QUÊ?
- Parabéns, donzela. - Dei a partida no carro.
- E para onde vamos?
- Se eu contar estraga a surpresa...
- Nem uma dica?
- Gosta de estrelas?
- Óbvio.
- É isso então...
- É brincadeira isso...
Liguei o rádio e dei play nas minhas preferidas do Spotify, por coincidência a primeira que tocou foi do James Arthur.
- Você realmente gosta dele, né?! - Ela desviou o corpo do cinto e tirou o sobretudo.
- Desculpa, pode mudar se quiser. Haha.
- Eu gosto da voz dele, espero acabar essa. - Parei no farol e a encarei, senti sua mão fria passar pela minha coxa. - Essa camiseta fica ótima em você. - Ela falou um pouco baixo enquanto cortava o James no refrão de Suicide.
Puta merda, senti um arrepio pelo corpo todo com aquele elogio, corei e percebi a luz verde do semáforo no meu rosto. "E você é linda de qualquer jeito" a resposta se perdeu na minha cabeça e continuei em silêncio. Estacionei numa área alta da cidade e dei a volta para abrir o porta-malas, tirei o lençol e o vinho, estendi no chão e a convidei para sentar comigo.
- Você é incrível, que visão fantástica!
- Não mais que você. - Sussurrei e a encarei.
- Obrigada por animar a minha segunda-feira. - Ela me puxou para perto e me rendi a deitar em sua perna. Ouvi o barulho típico da rolha saindo da garrafa de vidro e olhei para aquele céu maravilhoso a nossa frente.
- Quer falar sobre seu dia? - Perguntei enquanto minha mão invadia sua camiseta para espalhar carinho.
- Foi cansativo, mas nada que essa noite não possa curar, e o seu?
- Segunda, né? O meu... Foi tranquilo, nada demais. - Estiquei a mão para pegar a garrafa de sua mão. Senti um cafuné e protestei. - Assim vai ser difícil eu não dormir.
- Dorme, daqui a pouco eu te acordo. - Senti seus lábios nos meus, aquele gosto típico de uva se espalhou em nosso beijo. Acabamos deitando e me apoiei em seu braço. O cafuné voltou e dessa vez meu corpo cedeu e acabei dormindo.

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Uma Página Perdida
Romance"[...] Caminhei o corredor com nervosismo e com meu copo de café na mão, analisei a sala com pessoas organizadas em círculo e meu olhar congelou em uma pessoa específica. - aquele cabelo escuro, que agora estava curto, e só ela tinha aquela cor de o...