O modelo ideal

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MinHo está trancado dentro do seu ateliê desde que chegou da universidade, na sua canhota a paleta com cores pastéis de rosa e vermelho é segurada com cuidado enquanto usava um pincel n° 4 para fazer alguns detalhes da camisa branca do rapaz da sua pintura.

Seus gatos estão espalhados pelo cômodo um deitado de forma preguiçosa encima dos quadros em brancos bem embalados no canto perto da escrivaninha, outro estava na janela mediana deitado e encarando seu dono enquanto balança o rabo lentamente e o terceiro se encontra sentado no chão ao lado de MinHo.

A camisa branca de pano fino e larga está com inúmeros respingos de tintas derivadas assim como seu rosto também tem, a tinta tinha caído no chão por que Sonnie resolveu brincar com o pote sem tampa, a gata estava com as patinhas pretas e o chão tem várias marcas de seus passos mas o Lee só se preocupou em limpar a tinta derramada do pote.

MinHo só notou a mudança de tempo quando olhou para a janela e viu tudo nublado, soltou um suspiro e colocou o pincel no pote com água pegando agora o de n° 1 para terminar os cabelos negros do baixinho, a curiosidade para saber o nome daquele garoto era gigantesca, até mesmo maior do que a curiosidade de seus gatos.

Choice o gatinho mais novinho da casa saiu de cima dos quadros embalados e andou até seu dono subindo em seu colo e começou a miar esfregando sua cabeça no peito de seu dono, MinHo riu ao sentir os pelos do rabo felpudo tocar em seu nariz e causar cócegas.

– Choice desce, o papai tá trabalhando! -O gato miou alto desta vez e prendeu suas garras na calça do Lee tentando arranhar.– Você não vai rasgar outra calça minha, desce Choice!

O gato ronronou e pulou para o chão, foi até a vasilha de água e tomou um pouquinho antes de sair do ateliê.

MinHo voltou a pintar o quadro até terminar os cabelos, passou o antebraço na testa e suspirou analisando sua obra de arte, MinHo suspirou mais uma vez e pegando seus pincéis usados para lavando-os bem e tirando boa parte das gotículas de tinta presentes em seus braços, jogou água no rosto e esfregou umas três vezes antes de olhar no espelho e ter certeza que toda tinta havia saído.

Minho observou de relance o quadro mais uma vez pensando que nome daria, mas nada bom o suficiente aparecia em sua mente, então apenas bufou irritado consigo e colocou o quadro perto da janela aberta para secar mais rápido, pegou Sonnie e Nikkie no colo saindo do ateliê e trancando a porta como de costume.

Soltou seus gatos no chão e caminhou até a cozinha pegando o saco de ração médio despejando um pouco em cada pote e repôs a água, não tinha mais nada o que fazer na sua própria casa além de dormir, apesar de ter a companhia dos bichanos o apartamento é silencioso e muito grande para apenas um homem.

Sem nada em mente resolveu que iria tomar um banho e sair de casa, seus gatos estão bem alimentados então não teria problema se fechasse todas as janelas e portas da casa deixando os felinos apenas nas suas salas e na cozinha.

Entrou no banheiro e se despiu ligando o chuveiro para tomar seu banho com calma, afinal não tinha pressa para sair nem muito menos marcado algo com alguém, após seu banho demorado enrolou uma toalha na cintura e com a outra secou seus cabelos enegrecidos enquanto caminha até seu quarto próximo ao fim do corredor ao lado da entrada para seu ateliê.

Escolheu uma calça social sob medida de risca giz preta, uma camisa de manga comprida branca sem detalhe algum, colocou alguns acessórios como: anéis e seus brincos apenas em uma orelha, após isso vestiu suas meias e seus sapatos dentro do quarto mesmo, MinHo não aderiu alguns dos costumes da sua cultura e se orgulha por não ser igual todos em alguns aspectos.

Se admirou no espelho por um bom tempo até se tocar que ia sair, então se afastou do espelho grande saindo do seu apartamento levando consigo apenas a chave do carro, celular e a carteira.

Porém a vontade de carregar sua mochila com várias coisas inúteis parecia de bom agrado, quando pensou em voltar o elevador já estava no quinto andar quase chegando no seu andar, então preferiu ficar ali esperando pelo elevador.

(•••)

O Lee sempre quis saber como era o amor de verdade, ele tinha curiosidade, mas nunca conseguiu sentir absolutamente algo por alguém que demonstrava interesse ou quando qualquer pessoa ficasse nua em sua frente, ele não sentia absolutamente nada.

Há tempos o romance, aquele desejo em se sentir amado e ter um relacionamento deixou de existir, apenas o amor próprio e o amor pela arte ainda restava em seu coração. Talvez por isso e outras inúmeras causas, MinHo nunca teve um relacionamento sólido e sério, realmente não sentia nada beijando ou relacionando com alguém.

Era exatamente isso que Lee MinHo sentia quando encarava aquelas dançarinas da boate com desgosto e o olhar vazio, não tinha nem vontade de desenhá-las pois achava um desperdício de papel.

Irritado consigo mesmo, MinHo pediu uma outra dose de whisky, a bebida era forte mas também era a única que ele conseguia engolir sem sair correndo para o banheiro vomitar, odiava bebidas alcoólicas, principalmente cerveja mesmo ela sendo uma bebida leve, porém o whisky tinha um lugar especial entre seus vinhos sem álcool.

Dizem que o amor próprio é tudo que uma pessoa precisa tem que ter, mas o problema é que ninguém vêm ao mundo para morar sozinho num apartamento gigante com três gatos e um ateliê abarratado de quadros, MinHo não exige muito desde que alguém entendesse como ele se sentia, MinHo seria alguém fiel mesmo que não houvesse sentimentos em seu coração, tentaria ser alguém romântico sem ao menos ser, se alguém o aceitasse do jeito que era.

Sua crise existencial parecia ter tido um fim quando notou a entrada de um ser peculiar e único, usando legging preta e uma camisa regata da mesma cor, parecia ser uma vestimenta próprias para dança.

Imediatamente algo gritou em sua mente dizendo: "eu avisei para trazer mochila, agora não tem como desenhar sem os seus materiais, como você é burro Lee MinHo".

O Lee voltou sua atenção ao copo com whisky que não parecia mais tão atrativo como antes.

Lee MinHo estaria muito encrencado se continuasse tratando aquele garoto como seu modelo ideal, parecia que seu mundo artístico vivia girando ao redor dele e aquilo não parecia ser um bom sinal.

Fetiches | Min•sung (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora